domingo, 28 de agosto de 2011

A MORTE DO AMADO


Quando morre o amado, após muitos anos de convivência, o amante perde a capacidade de amar novamente. Nem todos no entanto, passam por este momento difícil e lamurioso, fato que nos faz crer que a incapacidade que se apresenta nestes amados é na realidade a dificuldade de conhecer a si mesmos.


Até reconhecer novamente sua capacidade de amar ou não, o amante que perdeu o amado se lamenta, chora, se consome. Abstraindo um pouco nesta questão tem-se que, na realidade o amante não ama o amado em si, mas antes ama a si próprio, pois que não fazendo idéia desta condição, pensa amar verdadeiramente o amado, às vezes de corpo e alma. O fato é que para que nos amemos é preciso projetar este amor sobre nosso semelhante, para que o amor reflita em nós. Se assim não fosse jamais seriamos amantes após a morte de nosso amado. Esta é a impressão que se tem imediatamente à morte do amado.


Nesse caminho, o amante pode também ser amado, desde que o amado também o ame, isto é, desde que o amor tenha correspondência como contrapartida. Há no entanto o caso em que o amante ama sozinho, ou seja quando o amado não o ama. Neste caso o amado pouco ou quase nada sofre com a morte do amante, ao passo que se morre o amado o amante sofre pelos dois.


O amante busca o amor muito mais para se completar que para completar o amado, mas nesta via é surpreendido pela acomodação da permanência longa dividindo os percalços da vida, de modo que acaba por alimentar o interesse numa união definitiva e sem prazo para terminar, ocasião que encerra esta questão à revelia de sua própria consciência e acha que o seu amado é tudo ou nada.


Quando morre o amado, o amante descobre que se desconhece, passando a achar que o mundo acabou, não percebe sua própria natureza capaz de tornar-se amante de outro amado e viver as mesmas emoções que viveu com o amado morto.




Muitas vezes o amado desejava morrer porque não suportava mais a presença do amante, sempre a cobrar-lhe sem nada lhe dar em troca, razão porque às vezes desejava terminar a relação em busca da felicidade. De modo geral o ego do amante é hipertrofiado em seu favor, o que é muito danoso para o seu amado.


Amamos na realidade a nós mesmos através do amor refletido a partir do amado. Abstraindo-se, descobre-se que a natureza humana não permite que nos doemos de corpo e alma ao amado, visto que, o amado não é prioritário em relação ao amante, ou seja na hora de morrer que morra o amado. Isto não impede que ao longo da história encontremos casos extremos em que o amante reage à morte do amante, matando-se é quando estamos diante do ato extremo da loucura, talvez a forma mais bela do amor, mas pura, mais próxima do EROS, celeste, claro. Portanto se você amante perdeu seu amado, antes de chorar reflita sobre a virtude de conhecer a si mesmo, afinal de contas, o morto poderia ser você...


Por José Antonio da Silva, sem nenhuma pretensão...


Cabo Frio - 28/08/2011.


sábado, 6 de agosto de 2011

SEM VOCÊ

SEM VOCÊ

Sem você fico perdido
não sei o que faço,
se como as unhas,
ou se fumo um cigarro
se chamo alguém
para um afago,
se zombo da sorte
ou se cuspo de lado!
Se busco a esbórnia
Para esquecer
o tamanho
do tempo longe de você.
Fico intranquilo, desassossegado,
Com enorme vazio
No meu peito calado, rasgado
Sofrido de tantos percalços.

José Antonio da Silva
Cabo Frio – 22/05/2011.

VAZIO

VAZIO

Onde andará…Nesta noite de sábado?
Está tão fria.
Certamente entre uma e outra estória
desfruta de um bar entre
muitas baforadas e um bom papo,
tomando um gole de alcóol,
rodeado de amigos alienados
consciente de que a noite é seu legado.
Sequer imagina os corações acelerados,
na disritimia dos desconsolados.
Curte a companhia dos desgarrados
insensivel ao que sente os solitários.
Nada sobra para quem curte um devaneio
em forma de mulher,
senão a lembrança do inusitado.

José Antonio da Silva
Cabo Frio – 30/05/2011.