sexta-feira, 10 de agosto de 2012

DISTANTE

Você está longe, mal vejo teu vulto, mesmo assim, às vezes, me sinto viúvo de luto! Acabrunhado me recolho, me devolvo aos meus pensamentos. São tantas as impossibilidades que sequer te vejo! Mas quando vejo estás muito distante. Escorregastes entre meus dedos e me deixaste com meu medo! De existir lado a lado sobre os olhares impiedosos dos circunstantes, por isso foste ficando cada vez mais distante! Do beijo, do carinho do afeto e de tudo que de bom havia nos trejeitos. De certa forma escolhi um lado o lado mais perfeito! O lado do direito pelo que nos vejam! Tudo foi embora, mas ficou teu jeito de nunca dizer não ao meu devaneio! José Antonio da Silva - Cabo Frio - 08/12/2011.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

DE COMO UMA CAGADA FORA DE HORA TRANSFORMA O CAGÃO NUM CAGADO E MUITAS OUTRAS RAZÕES QUE AQUI DEVEM SER DITAS

A medicina , antigo ofício praticado pelo homem há a cerca de 5000 mil anos, pelo que se conhece, podendo no entanto, ser tão velho quanto a existência do próprio, busca na melhor das intenções prevenir, fazer diagnóstico e tratar das doenças que afligem a humanidade. Como tal é um ofício ligado a solidariedade humana. Nunca em momento algum busca colocar o paciente em situação vexatória, muito pelo contrário. Na sua essência visa o bem estar do ser humano, a cura de suas doenças, o alívio do seu sofrimento. Já dos seus métodos, no entanto não se pode garantir que todas as vezes tragam bem-estar para o paciente. Certa vez um certo amigo meu que estava sentindo muita dor na coluna lombar procurou um médico para uma consulta. Uma vez diante do profissional contou sua história e em seguida submeteu-se a anamnese seguida do exame físico, que lhe doeu mais de metro devido as manobras executadas pelo doutor em busca de orientação diagnóstica. Terminado o exame decidiu o doutor solicitar uma exame de RX do segmento afetado prevenindo-o de que teria que antes fazer uma limpeza intestinal através da ingestão de um laxativo a ser tomado na noite anterior ao exame que deveria se marcado para as oito horas do dia seguinte. Diante da orientação perguntou o meu amigo: -Doutor por que tenho que tomar laxativo? -O senhor terá que tomá-lo porque precisa limpar o intestino das fezes e dos gases, caso contrário estes elementos poderão mascarar uma eventual imagem que porventura possa está presente na estrutura óssea. -Entendeu ? Perguntou o doutor. - Sim, respondeu meu amigo, mas doutor eu tenho medo de tomar esse remédio porque já tomei uma vez e me dei mal. tenho medo que possa acontecer o pior desta feita. -Não se preocupe amigo o remédio na dose prescrita atuará apenas na proporção desejada, de modo que o senhor ao acordar deverá sentir vontade de ir ao banheiro onde evacuará ficando pronto para realização do exame. -Doutor o senhor me desculpe, longe de mim querer duvidar da vossa orientação, mas será que não tem outra maneira menos invasiva de limpar meu intestino? -Não senhor, infelizmente não.Não se preocupe! Tudo isto falava o doutor enquanto preparava a requisição do exame. Uma vez pronta assinalou: Pronto senhor Lúcio pegue esta requisição e dirija-se ao setor de RX. Lá a recepcionista lhe dará a devida instrução de como usar o laxativo e chegar preparado para o exame. Fique tranquilo que tudo vai correr bem, afinal trata-se apenas de um simples exame de RX da coluna lombar, aliais convém salientar que trata-se do mais simples exame de imagem. Não mais achando Lúcio animo para ponderação, diante da firmeza com que o doutor o tranquilizou dirigiu-se a recepção onde prontamente foi atendido e instruído pela recepcionista. Saiu em direção à drogaria onde comprou o laxativo, mas voltou pera casa falando com os seus botões e com uma pulga atrás da orelha assim pensando; isso vai dá merda, porque da última vez não deu certo, tomei esta bosta mas não consegui cagar em casa, antes de ir para clínica. Já me caguei uma vez e tenho certeza que vou me cagar de novo! E assim foi pelo caminho até chegar à casa sobremaneira contrariado. Ao chegar chamou a mulher dizendo: - Dulce se prepara que amanha vai ter merda . -Merda ? Que é isso marido? Que agonia é essa? -É que fui pro médico por causa desta dor lombar, ele me pediu um RX mas antes de fazê-lo tenho que tomar um laxativo pra limpar o intestino, como da outra vez não deu certo, sei que agora vai dá merda de novo, só espero que a coisa não seja pior , acho até que se eu não cagar amanhã cedo vou leva um pinico, porque em caso de emergência me safo. O dia seguinte amanheceu como outro qualquer, como devia Lúcio havia tomado o laxativo, mas à noite não foi incomodado pelo seu efeito, ou seja, nenhuma vontade de cagar teve. Levantou-se tomou café e logo depois foi ao banheiro mas sem nenhuma vontade. Pegou o jornal dos esportes seu preferido e tranquilamente começou folhear buscando as noticias do seu glorioso mengão! Depois de uns 15 minutos e de se espremer mais de metro vendo que nada aconteceu, levantou-se, calmamente lavou a bunda, desdenhou do pinico , pediu graças a Deus e se mandou para a clínica de RX. Nada mais, nada menos que cinco minutos de espera foram suficientes para que Lúcio começasse a sentir peristaltismo intenso e logo veio a esperada vontade de cagar. A primeira cólica foi tão intensa que ele quase não conseguiu segurar, correu mais que depressa ao banheiro e para sua surpresa notou que não havia papel higiênico. Voltou correndo desesperado, fazendo das tripas coração,e com o maior aperto que um ser humano pode imprimir ao seu próprio cu. Segundo conta, o aperto foi tão grande que seria capaz de torar um prego que eventualmente ali fosse introduzido. Enquanto se espremia, se contorcia e esperava a recepcionista que para a ocasião demorava chegar com o papel, quase não mais aguentado a pressão gritou; valha-me nossa senhora, moça pelo amor de Deus chegue logo com este papel que já comecei me borrar por favor deixe de moído. Por estas alturas a pressão era incalculável. igual aquela que se sente a vinte e cinco metros de profundidade no fundo do mar quando se mergulha sem equipamento de respiração. Ao ver a secretária que chegava meio que esbaforida, de chofre lhe tomou o papel da mão e saiu correndo para o banheiro, mas aí a desgraça já tinha começado, ao sentar no vaso sentiu que uma porção do nefasto conteúdo do seu intestino já era, quanto ao restante saiu em forma de pressão de caldeira de usina de modo que, com som de explosão a merda espanou por toda suas costas, sujando as paredes e atingindo o teto. Saiu tudo de uma vez, o alívio foi total, teve até sensação de orgasmo para em seguida voltar a sua consciência e notar que não havia lugar em seu corpo que não estivesse literalmente coberto de merda, o cheio era tão forte que por um momento se sentiu extasiado, quando notou que seu drama era maior do que o que ele podia ver porque muitas outras razões estavam por trás da principal. E agora? Como sairia daquela triste e humilhante empresa, todo cagado e com um cheiro insuportável? Para quem apelaria? Como poderia suportar alguém da clínica o vendo naquele deplorável estado? Chamar sua mulher era sua última saída. Mas como fazê-lo se sua mulher nunca o vira naquele estado? O que pensará ela de mim depois que vir que sou um cagão, que sequer fui capaz de reprimir minhas próprias entranhas? Mas não tinha jeito, só uma pessoa de muita intimidade o poderia ver naquela desdita! O que Fazer, mãe não tinha mais, esta sim, poderia compreender o sinistro, ela que tantas vezes me limpou cagado! Mas não teve jeito, a tecnologia seria sua salvação, pegou a celular e telefonou para sua mulher assim falando: - Amor sou eu, estou aqui na clínica de Rx e preciso urgentemente de você, por favor traga-me roupas limpas, toalha, sabonete e desodorante, mas traga pra mais de metro porque minha situação é por demais humilhante! Do outro lado da linha, já preocupada perguntou a mulher: - Amor o que está acontecendo? E ele - nem queira saber, se lembra do que te falei ontem sobre aquela coisa de tomar laxativo para fazer RX? Pois é tomei e dancei, estou no banheiro todo cagado e fedendo mais que um gambá e cada vez mais consciente de que parte da gente é feita de merda! E bota merda nisto! Por Deus venha logo se quiser me encontrar vivo, pois o cheiro é tão forte que se não sou um homem ou um cagalhão, com certeza , sou pelo menos um grande cagão! Moral da História, de boas intenções o mundo está cheio, quando ao resto, um giro pode se transformar num girau! Cabo Frio - 01/08/2012. JOSE ANTONIO DA SILVA.

terça-feira, 24 de julho de 2012

COLAPSO

COLAPSO Gorjeam os pássaros seus últimos acordes, talvez a última primavera, onde as flores exalam seus últimos odores! Quantos horrores ! Tsunamis, terremotos, tempestades, tornados, o mundo sendo visto do outro lado! Somos mais de sete bilhões, o mundo não está preparado- valha-nos Deus! Os rios estão podres, como os homens podres estão. Não há mais solução, senão esperar a grande explosão! A chuva cai à cântaro inundando e matando, tudo que vive parece o fim anunciado! O grande final, o juízo professado desde o início dos povos está próximo, espera apenas que o petróleo queime seus ossos,e não deixe sequer registro fóssil. Não há mais mamutes na América do Sul nem bisões nas planícies americanas. São poucas a baleias nos mares do Sul, mas, são demais os automóveis nas estradas de norte a sul! Estão poluídos os ares dos brigadeiros do polo norte ao polo sul, Estão sufocados os pulmões da terra pelo monóxido venenoso, sequer podem respirar! Destruíram a mata ciliar, os rios começaram secar. Queremos água, onde achar? Os navios poluem o mar, o esgoto humano poluí o mar, o alimento começa a escassear porque Malthus tinha razão. O mundo cresceu em vão e não saiu do lugar, vítima do homem que não entendeu que:" Nenhuma população cresce indefinidamente." O homem comete canibalismo,homicídio, genocídio! Por que? - Sempre formam grupos competitivos para transmitir seus genes. -Para que? -Para destruir o mundo. Que propósito tem Deus para o homem malvado? Que por si mesmo morra enganado? Quando entenderá o homem o fato que da vida de múltiplas espécies, depende a sua? Talvez... Não haja vez para recuar. Predador natural exacerba, a extinção natural! Acrescenta a morte num desfecho fatal do que será o mundo proximamente - Uma incógnita? -Sim uma incógnita! Não há mais onça, puma nem gavião dourado, na ilha Barro Colorado,quase não há mais elefantes nem rinocerontes nas placas africanas, porque os chifres e marfins são mais importantes! Já são escassas as espécies oceânicas. Enquanto armas nucleares são abundantes e drogas entorpecentes matam aos montes. O homem se corrompe facilmente e se consome repentinamente em busca de se locupletar levando consigo o meio ambiente! O mar tem limites apesar do seu tamanho, mas o homem não tem, vai até se acabar! O homem está levando mundo ao colapso, a sociedade humana vai mudar! Jose Antonio da Silva Cabo Frio - 10/11/2011.

quinta-feira, 1 de março de 2012

UMA NOITE SEM LUAR

UMA NOITE SEM LUAR

Olhar perdido, idade tenra,
não sabe quem é,
não entende a estética do mundo,
a forma do homem, das árvores,
das plantas – enquanto a sombra
das folhas do coqueiro se projeta
sobre sua cabeça.
Não sabe onde está, não conhece
o propósito de Deus para consigo,
enquanto isto, a saia da moça esvoaça
sob a força do vento, exalando
o perfume do último banho.
O pequenino guri corre sem direção,
não obedece o comando dos pais,
seu cérebro não computa ordens.
A luz artificial ilumina a praia,
jovens fazem cooper na areia,
enquanto muitos jogam vôlei.
Numa noite sem lua o mar se esconde
dos olhos dos passantes, mas não
dos ouvidos, suas ondas ecoam num
vai-e-vem incansável, a energia dom
mundo o move, mas não move o garoto.
Solitário e disperso procura se achar.
Permanece alheio à passagem do deficiente
físico que passa zunindo em sua cadeira
de rodas – Parece inerte sem um olhar
que olhe o povo, que veja a rua que
olhe o lugar, é assim que ele está,
perdido no tempo e no espaço sem eira
nem beira a lhe perturbar.
Que se passa em sua mente?
Será que tem alma?
Será que é gente?
Enquanto a noite passa, o vento sopra
o mar acalma, enquanto mais um, morre de câncer!
O mendigo acende uma piola e toma um gole de cachaça,
para enganar a fome.
O governador assina o último decreto do dia,
contra o interesse público claro...
O prefeito some deixa a cidade daquele jeito,
que não tem jeito, o jeito é agüentar.
o homem não pensa, quando pensa mata.
Quanto a ele não sabe sequer onde está.
Sequer vê os hemos passarem com seus
Brincos sintilantes, sobre patins rosas.
Da lata de lixo o pedinte recolhe sua refeição,`
à frente suntuosos restaurante onde
pessoas se fartam de comida abundante...,
mas, ele não vê, está longe de tudo, de todos do mundo.
Está perdido, mas, quem não está?

José Antonio da Silva – João Pessoa, 18/02/2011.
Visão do espiritismo sobre milagres.

“...O espiritismo repudia toda pretensão às coisas miraculosas. Os fatos reputados como milagrosos ocorridos antes do advento do espiritismo e que ainda ocorrem, a maior parte encontra explicacão nas novas leis que este veio a revelar. Esses fatos são compreendidos na ordem dos fenômenos espíritas, como naturais, não havendo neles, portanto, nada de sobrenatural. Assim, o espiritismo se refere a fatos autênticos, não aos que com a denominação de milagres, são produtos de trampolinice com fins de explorar a credulidade das pessoas. Há ainda fatos lendários que originariamente tiveram um fundo de verdade, mas que a superstição ampliou até o absurdo. Sobre tais fatos o espiritismos fornece luz que aparta o erro da verdade”. Quantos a milagres propriamente dito, como nada Lhe é impossível, só Deus pode fazê-los. Mas Fa-los-á? Derrogará suas próprias leis? Não cabe ao homem julgar os atos da Divindade, mais concluir que em Sua soberania, Deus nada fará de inútil.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ORAÇÃO AO EGO

ORAÇÃO AO EGO

Senhor meu ego ,vós que às vezes
ocupa o lugar de Deus em minha alma,
atentai para o que fazes de mim.
Atentai que nestas horas me afastas da razão,
e me expões - estimulas meu coração a cometer
sandices que às vezes me leva ao pecado.
Olhai por mim e contenhais os meus desejos
espúrios , não me deixeis cair em tentação.
Me livrai da tentação da carne e me aproxima do espírito
única verdade eterna - aplacai a fúria dos meus instintos.
façais-me praticar a lealdade, a fidelidade e a preservação
dos meus princípios para atingir os bons propósitos.
Não permitais que use minha ignorância para magoar,
os que me amam, nem os que não me amam
E finalmente compreendeis que vossa força é maior que
a minha infinita fraqueza, que podes destruir minha moralidade,
Não ponhas em xeque minha dignidade nem me exponhas as
vicissitudes da vida e conduzi-me ao encontro de Deus- Amém!

José Antonio da Silva - Cabo Frio - 20/08/2011.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

VOZES D'AFRICA COMTEMPORÂNEA-RELEITURA

VOZES D’AFRICA CONTEMPORÂNEA- RELEITURA.

Deus! ó Deus!
por que não respondes
até hoje o meu grito
que há dois mil anos,
corre embalde o infinito?
Como já disse o poeta em
seus versos sofridos, escritos,
pela pena dos horrores
vividos em meio ao seio de terra.
Por não ouvires, estou quase
no fim em completa exaustão!
Em alguma estrela escondido,
embuçado nos céus, Permaneces!
alheio aos meus apelos, Desconheces,
o que fazem, de mim.
Mesmo amarrada ao meu deserto,
não é o sol candente que me deste,
o meu abutre; mas, antes,
as minhas irmãs, belas e ditosas
cujas as suas sombras voluptuosas,
cobrem-me de miséria e sofrimento.
Sobre mim campeia a fome, a aids,
a violência, que destrói meu povo em profusão
sob indiferentes olhares de quem goza das
benesses extraídas do meu chão!
Levarás mais dois mil anos para ouvir meu grito?
No meu areal, já não morre apenas o estafado
cavalo do beduíno, mas o meu povo
que sangra em vez das garupas, mas não pelo
chicote de Simoun, mas, pelo chicote do mundo.
Não mais, foi a terra de Suez, a corrente que
ligaste aos meus pés, mas, a nefasta corrente
do mundo que me puxa para baixo, me pisa,
me bate, me rouba, me sufoca, me rejeita,
me humilha, me abate, com avidez e fúria,
como se pagasse por todos
os pecados da humanidade.
Na realidade meu pecado é a negritude!
que Vós mesmo ma deste!
Não imaginava que me Usarias para teu deleite,
Teu descaso , Tua indiferença!
Não tenho as sombras voluptuosas como a irmã
Ásia, nem tenho haréns, ou se quer Sultão,
mas tenho fome, febre, inanição, falta de tudo que
de mim retiram me condenando a estagnação.
A Europa, enfeitei-a toda, com minhas pérolas,
meu ouro, e diamantes, jóias preciosas das
minhas entranhas, das minhas
serras dos meus horizontes.
E minhas peles dos animais silvestres,
Impiedosamente transformados em vestes?
Não tenho mais os elefantes brancos,
nem os brilhantes das plagas do Hindustão!
Mas tenho a seca que me queima o chão.
Não tenho o Ganges, nem o Himalaia,
nem tenho outro rio que me beija a praia,
muito menos corais ou brisa do Misora
que inflame o céu para que eu durma,
Em algum templo pagodes colossais.
Deus Brama, não é meu Deus,
meu Deus sois vós.
Mesmo embuçado em alguma estrela,
clamo por Ti, meu poderoso algoz!
Quando para mim Resolveres olhar,
Lembra que a América ainda
nutre do meu sangue, me libertou
da servidão humana, para que
eu morra pela liberdade, que
na verdade não pude ainda, alcançar,
pois que me livrou da escravidão
para me jogar na vil servidão!
Servidão das ruas, dos becos, dos guetos, do patrão!
Perdida e abandonada,não marcho mais em vão,
estou parada, anêmica, desnutrida, sem sangue
sem alma, sou pele e osso, sou lama, sou fome!
Por onde estou sou África
minha areia ardente, já não bebe o meu pranto,
se choro.... Nele me sufoco agonizante.
E sucumbo à minha tristeza infinita com a minha tez!
Não tenho a sombra da floresta, mas antes a da negritude,
que ofusca minha beleza, escondendo a natureza,
que a todos deu origem, como berço da genética,
das raças Hominídae, Homus Sapiens, variados,
pretos, brancos, amarelos todos frutos do meu ventre!
Se abrigo te peço, Senhor, não é mais de sobre
as pirâmides do EGITO,
mas é de Serra Leoa, com a força do meu grito,
ou é de Ruanda, Ruanda, onde a morte é coisa à toa!
Senhor ! Tende piedade, antes que a morte me roa!
Nem sei mais se o Saara me pertence ou se lá
albornoz faz diferença, ou se há petróleo embuçado
sobre o solo do deserto amortalhado pelo areal,
que não mais volve pelo siroco feroz. Certamente
esperam haver a ganância do ouro negro, onde muito
há de haver, para que eu seja sugada do néctar
mortal dos nossos dias para promover a esbórnia universal!
Meu deserto agora é meu calvário, pois já não há mais
água para o oficio do sudário, nem cardo medra em meu solo
nem boceja a esfinge colossal de pedra.
Só o poeta viu meus dias como são,
só lamento e sofrimento!
Não há mais cegonhas em Tebas
para ver meu horizonte sem fim!
Meu horizonte hoje é finito, e está perto,
não é mais um horizonte sem fim,
antes um horizonte negro,
negro de tudo que é ruim.
Mesmo sendo a África de Mandela,
Ninguém mais morre por ela,
mas, apenas se morre nela!
Não há mais caravana errante,
mas longos comboios delirantes,
que fuzilam, ai sim, errantes africanos
em busca do abrigo que não há!
E o pobre camelo monótono e arquejante
é apenas mais um dos habitantes,
cuja espécie vive em franca extinção.
Já não mais importa sua ação de
levar em suas costas , muita vez o povo
e a nação! Seu futuro é a substituição.
Sei que ainda não Te basta minha dor,
porque sei que em teu peito há
vingança e rancor. Não Te pergunto
o que fiz, porque crime nenhum
sei que não cometi, nem contra Ti, nem contra
ninguém, sei que Tu sabes muito bem!
Fitando o morno céu, vivo eu a te espreitar,
na esperança que me vejas, antes que eu morra!
Meus cabelos não ululam são
rígidos, me caracterizam.
Sim o anátema cruel é vivo sobre
o meu povo, não apenas ulula
sobre os meus cabelos.
A fome atinge mais a minha gente
que as plagas, não apenas o nômada!
E se a ciência fugiu do Egito, foi mais pela
sua negligência que pela minha anuência
pois nunca tive ciência ou sequer acesso!
Sim, sempre fui e sou pasto universal e
meus filhos as alimárias do mundo,
O sangue de Cristo até hoje não lavou a
minha fronte, mas, lava-a, o do meu povo.
Que anêmico cambaleia em busca de abrigo,
enquanto menos, eu posso lhe dá.
Em mim não se amestra falcão, mas, o homem!
Em mim não há José para vender os vis irmãos,
mas antes, estes aqui se vendem
em busca da sobrevivência, a cada dia menos provável.
Para mim pensam sempre numa ajuda, mas
nunca em algo capaz me dar liberdade,
de me reconhecerem no seio da humanidade!
De mim Senhor que Te importa meu grito de basta?
Ou Te pedir perdão pelo que
não fiz, se há dois mil anos o
meu grito embalde corre o infinito
para que Tu Ouças?
Mas não ouves, não queres,
não ouvirás jamais, pois me fizeste,
negra para que eu
Sinta o lado negro da humanidade,
manifestar-se na perversidade!
És responsável pelo que me fazem, me
És presente pela tua ausência,
Dormes tranqüilo
Sobre os Teus Poderes, da oniciência,
da onipresença e da onipotência!
Senhor! ó Senhor, pela menos uma
Vez, tende piedade de mim!...Sou África!

José Antonio da Silva – Cabo Frio, 26 de outubro de 2008.
( Castro Alves).

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

MADRUGADA INSONE

MADRUGADA INSONE

Não tem mais noite escura,
não tem mais ternura para
embalar meu sono. Só o resquício
do ano que passou a meia noite
e me deixou sem dormir.
Sem contar um resfriado para
me atazanar. Comi o frango assado
e um bacalhau enjoado que me deixou
empanzinado!
Até hoje não entendi o que comemorar
na passagem do ano. Tudo continua
na mesma.
O homem procura motivos para
permanecer vivo.
Cai uma chuva insistente e meu
nariz incompetente não me deixa
respirar!
A farofa estava ótima, não podia faltar.
Mas confesso que farofa entope!
Jamais compreendi estes momentos
em que se troca o horário da refeição
para comemorar o ano que passou.
Contamos o tempo para nele nos
localizarmos - ele desgasta nossa existência,
em tudo que fazemos fica um pouco de nós!
O dia aparece úmido, expulsa todos do mar.
Uns passam falando alto, outros gritam, alguns
bêbados, outros sóbrios, mas todos perdidos,
todos molhados, querem se mostrar,
vêem da praia onde foram louvar Iemanjá.
Voltam sem perspectiva no ar.
Flores brancas na água, patuás no pescoço
vale tudo para obter as bençãos da deusa do mar!
O dia fica claro, os carros começam a passar,
enquanto a madrugada se vai como a de um
dia qualquer, por acaso domingo, procuro
a diferença, mas não há!

José Antonio da Silva - Cabo Frio 01/01/2012.

domingo, 1 de janeiro de 2012

AUSÊNCIA

AUSÊNSIA

"Há sempre algo ausente que me atormenta" - ( Camille Claudel) - Quem não sente tal sensação em dados momentos da vida? Sentir-se momentaneamente assim creio que seja normal, mas sentir-se sempre assim, como coloca a autora da frase, parece patológico, dado o desfecho que teve a vida da grande escultora. Morreu louca. É preciso portanto controlarmos nossos momentos de ausência de algo, se é que isto é possível. Quando sentimos que algo nos falta, alteramos nossa psique e começamos a ver as coisas de forma incompleta. A motivação para viver é questionável se não conseguimos de imediato tapar o buraco que parece existir em nossa alma. Mesmo assim suportamos quase tudo que nos falta, menos o amor. Este sim quando ausente coloca em cheque os nossos valores morais e sentimentais. Há uma iminente vontade de morrer!

José Antonio da Silva.