terça-feira, 28 de dezembro de 2010

PERU DE NATAL

PERU DE NATAL

Certa vez, um gordo peru fazia rodas no terreiro da casa, quando de repente surge um pavão que também fazia o mesmo a mostrar sua exuberante plumagem. Pego de surpresa, o peru ficou meio sem jeito de abordá-lo visto que, por não conhecê-lo, não achava prudente conversar com estranhos. Mas quando viu que a majestosa ave fazia rodeio numa coreografia que daria inveja a qualquer bailarino do Balet Bolshoi, indignou-se e resolveu abordá-lo da seguinte maneira:
- Senhor pavão, não nota V.Sa. que está invadindo o meu terreiro sem nenhuma cerimônia para ofuscar meu brilho?
- Não senhor peru, pois se não me engano, este terreiro também é meu já que temos um dono em comum. Depois, que eu saiba, você não é dono de nada, mas antes é propriedade de alguém, assim como eu!
- Mas eu nunca vi você antes!
- Provavelmente porque és desligado, se prestaste mais atenção no que se passa nesta casa, certamente já me terias notado; pois há muito tempo neste pedaço, sempre faço minhas rodas, desde que me entendo por bicho. Bicho bonito, é claro!
- Ah! Estou vendo que além de intrometido você também é narciso!
- Como não poderia ser se a mãe natureza caprichou na minha estética e me transformou numa das aves mais bonitas deste planeta? Não tenho culpa nem responsabilidade pela minha beleza, além do que, se o Criador assim me fez, deve lá Ele ter seus propósitos.
- É...! Vejo também que você é muito pedante e sabe muito bem justificar sua inconveniência.
- Não acho que você deva se incomodar com a minha presença neste terreiro, pois além de enfeitá-lo, sou também desta casa e se aqui estou certamente não é por responsabilidade exclusivamente minha. Você também é bonito e com suas rodas ajuda-me alegrar o ambiente. Aqui juntos, representamos a diversidade da rica fauna que povoa estas paragens.
- Paragens? Que paragens? Isto aqui não passa de um terreirinho sujo, por onde fazemos cocô a vontade sem que ninguém apareça para limpar. Se você olhar para os seus pés agora, aposto que estão encalacrados de caca sem que você sequer tenha notado.
- Oh! Meu pessimista galináceo, isto faz parte do jogo, portanto não se preocupe com ínfimos detalhes enquanto grandes questões da sua vida você nunca prestou atenção.
Cada vez mais irritado pergunta o peru:
- Afinal de contas do que você está falando agora, se não sabe nada da minha vida?
- Ah! Peru, você com as suas colocações chega a me dá pena, sem querer fazer trocadilho, pois já tenho penas bastante!
- Vamos fale o que sabe de mim, se é que sabe de alguma coisa e deixe de lero-lero!
- Tá peru. Não queria, mas você me obrigou a fazê-lo: por acaso sabes em que época do ano estamos?
- Época do ano? Que importância isto tem agora para o nosso papo?
- Bom, para o meu papo não tem importância, mas para o seu certamente terá! Pense um pouco, não seja precipitado, nem displicente, que você perceberá o perigo que é inerente a você e sua família nesta época do ano!
O peru pensou, pensou, fez várias vezes seu glu-glu-glu, rodou pra lá e pra cá, mas não chegou a nenhuma conclusão. Voltou-se então para o pavão e mandou:
- Aí Pavão misterioso, pensei, pensei, rodei e nada me parece diferente de nada. Qual é afinal?
- É...! Peru com esse seu jeito de ser compreendo os desígnios de Deus para você e toda sua raça.
- Êpa – Raça não! Corta essa e me classifica como espécie. Alias sei muito bem a que família pertenço como você mesmo falou antes sou um galináceo. E tem mais, se não me engano somos parentes bem próximos, visto que você é também galiforme fasianídeo. Gostou? Não sou tão burro assim com você tenta me convencer!
- Ok peru você venceu, vamos ao que interessa: Você notou o que o seu dono vem te fazendo nos últimos dois meses?
- Sim notei, ele vem me dando comida no bico, uma espécie de pirão grosso recheado com grãos de milho. Acho até que estou ganhando bastante peso por conta disto!
- Pois é, você tem uma ideia do porquê?
- Não, sequer faço ideia!
-Sabe em que mês estamos?
- Espera! Estamos em dezembro e se não me engano bem próximo do natal.
- Bom, agora você está um pouco mais próximo de sua dura realidade.
- Dura realidade?
- Sim!
- E daí?
- Bicho de pena, você foi a ave escolhida para ser comida pelos homens na ceia de natal em comemoração ao nascimento de Cristo.
- Cristo?
- Sim. O filho de Deus, aquele que foi mandado a terra pelo Seu Pai para absorver o pecado de todos os homens e em fim salvá-los.
- Como você sabe tudo isso sendo apenas uma ave?
- Sim, sou apenas uma ave mais também sou filho de Deus.
- Tem certeza que você é filho de Deus, com esta forma totalmente diferente da dos homens, pra mim você não passa de um resquício de dinossauro!
- Claro, Ele fez apenas o homem a sua semelhança, e depois criou todas as formas de seres vivos, portanto somos todos suas criaturas.
- E as plantas, esses graõzinhos que nós comemos, as mioquinhas, e outros bichinhos?
- Tudo e todos somos de Deus.
- Sou então filho Dele?
- Claro!
- E mesmo assim sou escolhido para o sacrifício da ceia em homenagem ao nascimento do Seu Filho?
- Isso mesmo.
- Você me acha meio tapado, não acha?
- Bem... Digamos meio desligado!
- Mas não acha meio incoerente que Ele me sacrifique, eu seu próprio filho, para comemorar a vinda do meu irmão?
- Bom, de repente até parece incoerente, mas acho que você está pegando pesado, além do que não temos capacidade para julgar os desígnios de Deus!
- Ah! Então você acha justo que Ele me escolha para tal fim?
- Não... não é bem assim, apenas não tenho como julgar Suas determinações!
- Mas eu também não tenho como julgá-Lo, mas não acho justo a minha escolha, afinal de contas, vou ser sacrificado, depenado, assado, deglutido por uma legião de esfomeados, por muitos que se aproveitam da ocasião e comem até as minha tripas e dentro da barrigas deles vou ser reduzido a excremento!
- Bom, isto é fato! Mas não precisa você ficar tão preocupado assim, afinal, todos morremos um dia.
- Você quer dizer então que a maneira de morrer não tem importância?
- Bem, no fundo acho que sim, mas também não tenho certeza.
- Bom já que é assim, me parece que você compreende melhor que eu os desígnios de Deus, vamos trocar de lugar!
- Não, que é isso? Se assim fizéssemos estaríamos contrariando os desígnios de Deus. Nunca! Isto é blasfêmia, jamais compactuaria com tamanha ignomínia! Nem Pensar.
- Já sei, Deus nos deu a capacidade de compreender seus desígnios, mas desde que eles não nos afete. Sei que neste natal chegou minha vez, vou ser embriagado na véspera, sacrificado no dia, e assado num forno de 280 graus, até minha carne ficar dourada e suculenta, para que os homens cometam um dos sete pecados capitais – a GULA - e cometem mesmo, provando que o Cristo não conseguiu livrar o homem do pecado, por mais amor e boa vontade que tenha pregado aqui na terra. A noite enfeitarei a mesa, serei arrumado, enfeitado num baixela, com groselhas, uvas e avencas, para preservar minha estética que jamais será igual a da sua calda multicolorida aberta em leque, mas antes, em posição ginecológica com um pêssego enfiado no meu orifício anal para tapar a escuridão que todos trazemos por dentro das entranhas! Um feliz natal para você pavão e que Deus te erre sempre na hora da comemoração ao nascimento do Seu filho. Amén!

Por José Antonio da Silva. Um filho de Deus.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

AS TÊTAS DA JULIETA

AS TÊTAS DA JULIETA
- Julieta foi uma colega de faculdade, quando me lembro dela sinto saudades e muito boas lembranças. Durante meu tempo de universidade fiz muitas amizades, era amigo de quase todos os colegas de turma, mas, nenhuma foi como a minha amizade pela Julieta. Primeiro, pelo inusitado ou seja, pelo fato de ser tão amigo de uma colega, quando o normal neste caso é ter um colega como um grande amigo dos tempos da faculdade. A dita cuja era um preta sextavada, reforçada e reboculosa, mulher daquelas que dá água na boca de mosquito.
- Muito disfarçada e faceira, a nêga, era irreverente e lasciva. Dona de um corpo invejável Julieta de tinha têtas fartas, capaz de alimentar muitos amores. Apesar de toda sua sensualidade nunca me vi com ela na cama, gostava mesmo de sua companhia, de ser seu amigo mais íntimo, digno de ser depositário de seus segredos e intimidades. Às vezes nos pegávamos falando de tudo, de longos papos sobre sexo, transas, coisas eróticas, mas nem assim jamais avancei o sinal para o lado da minha diva da negritude. Éramos como irmãos, modificados claros, porque falavamos de coisas que irmãos não falam entre si.
-Julieta não tinha namorado, em que pese a sua lascividade, seu sorriso despejava mel e suscitava desejo. Seus dentes alvos e regulares produziam para mim o sorriso das deusas gregas, com uma diferença, era algo mais bonito porque a alvura dos dentes contrastava com o vermelho dos lábios e o negro da pele. O fato dela não ter namorado me deixava à vontade, às vezes me sentia seu dono, no bom sentido claro, pois estava sempre disponível para mim. Melhor ainda estávamos sempre disponíveis um para o outro.
-Com tanto apego e proximidade, pois não havia dia em que não estivéssemos juntos, na sala de aula cadeira lado a lado, nas festas na mesma mesa, na praia na mesma barraca, e na hora de comer ou beber, um servia ao outro. Havia zelo e carinho na nossa relação. Eu amava Julieta, tinha certeza que ela me amava, mas na realidade não éramos um do outro. Estavamos sempre no status de grandes amigos.
-Naquela época, apesar de andar colado na Julieta eu andava por baixo em relação aos meus amigos, não pegava ninguém, enquanto eles pegavam todas, era contumaz emprestar meu carro para os meus colegas saírem com as meninas, enquanto eu ficava a chupar o dedo, mas sempre ao lado da Julieta. Chegava a sofrer com a minha situação de boca virgem. Ficava cabisbaixo e às vezes triste, até que uma dia, Julieta percebeu minha timidez e logo tratou de tomar suas providências. Após uma espécie de triagem, que constou de um interrogatório nada comum para uma amiga, me perguntou:
-Peter que há com você? Por que nunca te vejo pegar uma garota? Você não transa ou é gay? Fiquei pasmo! Quase vomitei de vergonha e mesmo diante de toda intimidade de que dividíamos busquei enfiar a cara no próprio pescoço, assim como faz a tartaruga, aliais a bem da verdade foi o que me senti naquele momento, uma tartaruga e das mais lentas possíveis, daquelas que perdem até mesmo para uma lesma.
- O tempo passava e eu não conseguia compreender meu dilema, não entendia porque não pegava ninguém. Comecei a achar que estava apaixonado pela Julieta mas, não sabia, nem tampouco ela.
-Um belo dia sai com a Julieta para me testar, disposto a tentar descobrir o que eu na verdade sentia por ela. Parece coisa feita, em dado momento Julieta me interpela da seguinte maneira: - Peter quer saber de uma coisa? – Respondi: manda e ela: tenho pensado muito em você, nossa fiquei lívido, - Como assim, perguntei – ela então falou, o fato de você não pegar ninguém me preocupa tanto que resolvi te levar na zona. – Eu o quê? – Ela na zona, no baixo meretrício, não só vou te levar como arranjar uma puta pra te comer! Entendeu? Afinal de contas eu sou ou não sou tua amiga? - Ponto final. Naquela hora, meu pinto se encolheu mais que pescoço de tartaruga, se escondeu, desapareceu, foi parar na próstata, senti até a dor quando ele chegou lá!
- Qual não foi minha decepção, de repente a mulher de quem pensei que poderia descobrir um verdadeiro e enrustido amor mostrava-se agora prestes a se tornar minha cafetina. Meu mundo caiu, mas eu não podia cair com ele e para mostrar que isto não aconteceria topei ir para zona com a Julieta.
- A partir daí sempre que queria pegar, Julieta me levava para zona, e me indicava quem pegar e melhor me esperava até eu me fartar e voltar para os seus braços. No carro, deitava a cabeça no seu colo e curtia a tristeza de depois, se como com ela tivesse transado. Assim ficamos por muito tempo, até que uma dia, o curso acabou e por força das circunstâncias nos separamos. Eu pra cá, ela pra lá.
-Nunca esqueci de Julieta, nem tampouco descobri se a amava ou não de verdade até que um dia, durante um encontro de turma, ficamos a sós na piscina, conversa vai, conversa vem, quando de repente me encontro pegando nos peitos da Julieta, que por sua vez não esboçou qualquer reação.
- A vida é assim, nem sempre conseguimos convier com o nosso verdadeiro amor.
José Antonio da Silva – Cabo Frio – 02/12/2010.
CONDIÇÃO HUMANA UNIVERSAL SEGUNDO SCHOPENHAUER: " desejar, saciar-se,entediar-se e desejar outra vez."

CIDADE VIVA

CIDADE VIVA

Seu coração pulsa, como num
Corpo enche suas artérias
De sangue multicor. Seus glóbulos
São complexos, nem brancos
Nem vermelhos mas de todas as cores.
Fazem barulho de bolhas turbulentas
Que se agitam em múltiplas direções.
O som é estridente, incomoda, é diferente,
Cada um por si não há tempo de um por
Todos nem de todos por um. Cada qual
Busca sua turma, se vira ou é esmagado.
A cidade vive sua vida e a vida de todos,
A cidade é vitima que faz vitimas. Não dorme,
Não acorda é perene, é explorada e também
Explora.
Uns vão outros voltam, dá-se o oposto a todo
Momento. O oposto da glória, da miséria, da fome,
Que come seus cidadãos pelo que são e não são!
A cidade é forte, é vida é morte!
A cidade é uma saga, uma doença social feito uma praga!
É a sorte ou o azar, onde se pode ou não pode – a cidade
É forte, tem porte de coisa grande!
É mega, é pedra é fome!
Tem muitos horizontes, mas nos consome.
A cidade é indiferente.

José Antonio da Silva,
Rio de Janeiro – 03/09/2010.

domingo, 21 de novembro de 2010

EU SENSÍVEL

EU SENSÍVEL

Ando muito sensibilizado.
Só não digo que estou a
flor da pele, porque já
disseram antes. Mas peço licença
ao poeta para dizer que estou
sim, a flor da pele.
De vez em quando algo agudo
Fura-me o coração.
Sinto um frio na barriga e uma
Enorme nostalgia, de instantes
Distantes que me transportaram
Muitas vezes para euforia.
Algumas lembranças são fundamentais,
Para que se continue na vida até o
Esquecimento total e definitivo.
Enquanto isso a dor é meu castigo,
Pelo que fiz ou deixei de fazer.
Não que a dor seja mortal, mas
Incomoda porque toca fundo,
Um âmago sofrido.
Não sei por que ficar assim, se
Nunca quis o que quis, nem tampouco
Aceito o que fiz.
Pura ilusão de momentos felizes
Que nunca vivi.
Sei que o que vivi não foi por amor,
Mas pelo acaso que o destino me
Reservou.
O destino é incontrolável, é robótico,
E programático.
Enquanto eu sou apenas um objeto
Do sentimento!

José Antonio da Silva,
Rio de Janeiro de 2009.
(Último dia de um ano que não acabou...)

Uma visão de Schopenhauer sobre o sexo

"...Depois do amor à vida, o sexo é a maior é a mais ativa força e ocupa quase todas as vontades e pensamentos da porção mais jovem da humanidade.Ele é a meta final de quase todos os esforços humanos. Exerce uma influência desfavorável nos assuntos mais importantes, interrompe a toda hora as ocupações mais sérias e às vezes inquieta por algum tempo as maiores mentes humanas. O sexo é realmente o alvo invisível de toda ação e conduta e surge em toda parte,apesar dos panos que são jogados em cima dele. Motivo de guerra e objeto de paz, fonte inesgotável da razão, chave de todas as insinuações e sentido de todas as pistas misteriosas,de todas as ofertas silenciosas e olhares roubados, é nele que pensam os jovens, e com frequência os velhos também; no que pensam os impudicos todas as horas e a fantasia recorrente e constante dos pudicos, mesmo contra a vontade deles."

sábado, 20 de novembro de 2010

Schopenhauer


- Quando eu tinha trinta anos, estava cansado e aborrecido por ter de considerar iguais a mim pessoas que nada tinham a ver comigo. Como um gato que, quando pequeno, brinca com bolinhas de papel porque acha que são vivas e parecem com ele, assim me sinto em relação aos bípedes.

domingo, 3 de outubro de 2010

FAVELA

FAVELA
A favela de hoje não é mais aquela
Onde a moça da janela
Manda beijos e joga flor!
A favela de hoje não é mais a
Da roda de samba, do encontro de bambas,
Mas a favela da dor!
A favela dos tiros, dos gritos de horror!
Onde o guri não tem vez – morre antes de crescer,
Nem tem tempo de ser o guri que o Chico cantou!
A favela de hoje não tem mais Cartola com o seu
Eufemismo que nos encanta, não tem mais
Nelson com o seu cavaquinho. Mas tem o bope subindo
De mansinho pra ninguém escutar – malandro não usa
Mais beca – terno de linho branco com gravata vermelha
E chapéu panamá, sapato Fox duas cores nem flor na lapela.
Favela de hoje é Guerra no ar. Viver na favela sequer dá
Para respirar. A singela beleza da simplicidade já não há mais por lá!
São barracos toscos de alvenaria que olham para o céu, ou olham para o mar!
Não são mais de zinco onde a lua furava o zinco e salpicava o chão de estrelas!
Na favela de hoje há helicópteros sobrevoando em vez de pássaros que fogem assustados- ao ouvirem o açoite das balas cortando os céus a matarem homens
Que correm desesperados para se salvar a plena luz do dia protagonizando cenas
Que fazem inveja a qualquer Hollywood.
Favela de hoje é droga – é fumaça no ar!

José Antonio da silva – Cabo Frio – 04/10/2010.

MULHER ETERNA MUSA

MULHER ETERNA MUSA
Sempre que imagino a beleza
Me espelho em ti mulher,
Porque vejo em tuas curvas
A força da vida e a possibilidade
Do prazer- Mulher tua pele é tênue
É perfumada e exala o ópio do desejo!
Teus olhos multicores destilam amor,
De mãe, de amante, de namorada
Ou de eterna companheira – teu colo
É indispensável e teu néctar me faz
Morrer e viver – viver em teus braços,
Roubar teus abraços e neles teu cheiro de flor!
Mulher douçura, mulher ternura, hás de me
Absorver para em teus braços morrer de amor!
Preciso tocar-te para viver – teu contato abre
Meus olhos e vejo a vida melhor – me sustento em
Tua força de ser forte e destemida porque pensas
Na frente, mais com a razão que com o coração,
Porque a vida sem razão é como uma barco a deriva,
Espera o tempo passar, para ver onde vai atracar!
Porto seguro do amor, és sustentáculo na dor
No dia-a-dia, no dissabor, mas nunca desistes,
És o oráculo de Deus e a expressão do amor!

Jose Antonio da Silva- Cabo Frio – 04/10/2010.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

NOSTÁLGICO

NOSTÁLGICO

O dia vai, o dia vem,
O tempo passa pelos
Mesmos lugares, eu
Sem algo – para amar!
Deito a pensar na nostalgia,
Que causa, tudo que é passado,
Vem a lembrança do que era.
A música invade o espaço,
A voz do cantor é gutural,
Um jazz se espraia na brisa do mar.
Paro – penso por onde andará
O amor, em que ares respira,
Em que mares mergulha ou foi
Navegar.
Volto de grande distância, do fundo
Do poço para superfície para me
Reencontrar!
Redescubro a realidade nua e crua
Que a vida impõe aos fracos
De sentimento, não vejo sequer
Um alento para me transformar!
A noite cai, de cima do morro
A luz se faz na cidade maravilhosa,
O som recrudesce é carinhoso, sobre
A baia e a silueta cobre, da beleza,
A baia se mostra transpassada pelo
Traço arquitetônico que leva as
Pessoas de um lado para o outro de suas águas.
No palco surge a mulher com um vestido cortina,
Manda música no ar e uma balada se ouve soar.
Cada um canta uma canção que fala da vida,
A noite continua e se aproxima da madrugada,
Da Urca ao pão de açúcar vê-se o Rio iluminado,
Sob a silueta do céu enfeitado de estrelas a
Contemplar as águas da Guanabara maltratada!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 19/08/2010.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

AS ELEIÇÕES ESTÃO CHEGANDO

AS ELEIÇÕES ESTÃO CHEGANDO

Faltam menos de dois meses para as eleições de 2010. Há uma candidata egressa das pastas governamentais, logicamente, apoiada pelo governo; mais ainda, pelo presidente da república, de forma especial. O presidente assumiu a responsabilidade pela indicação da candidata, fundamentalmente, acreditando no seu poder de eleger seu sucessor, visto o seu alarmante índice de popularidade jamais visto neste país de aquém mar.
O presidente aposta no sucesso de sua política de governo e quer, portanto, continuá-lo através de um sucessor que tenha sua chancela. Aposta, mais ainda, no seu carisma – coisas da política. Mais uma vez, até por uma questão cultural, todas as mazelas do país lhes são jogadas às costas, como se ali estivesse por conta de sua própria força. Felizmente, não é bem assim. Pelo que sabemos, o presidente, nas duas vezes que chegou ao poder, o fez por disputas de eleições consideradas justas e democráticas, portanto, isentas de pressões de quaisquer naturezas.
Sabemos que em toda democracia que se preza há oposição e que esta oposição é feita por pessoas capazes de formar opinião, tanto que são, em sua maioria, candidatas a cargos eletivos na política partidária. Digo assim porque não costumamos ver pessoas comuns fazerem oposição ao governo, nem mesmo nas facções organizadas de nossa sociedade. Na realidade, a maioria destas pessoas critica o governo e almeja uma fatia no poder, não por uma questão ideológica como, por exemplo, uma filosofia de governo democrático, mas antes criticam em defesa de seus interesses ou de interesses grupais.
Não falo assim em defesa deste governo que aí está, mas para mostrar que ele está colocado democraticamente pela sociedade de acordo com os seus padrões éticos e políticos. Por que assim penso? Porque sei que, com o nível de politização que tem a sociedade brasileira, é impossível ter um governo diferente do que temos conseguido eleger nos anos pós-golpe militar. Qualquer presidente ou partido que chegar ao poder fará o mesmo que tantos outros já fizeram. Pelo que vimos nestes últimos vinte e cinco anos, nenhum presidente chegou ao palácio da alvorada com um plano de governo que tenha uma idéia, uma filosofia, e, se alguém o teve, nem divulgou para sociedade nem tampouco conseguiu implementar durante o seu mandato.
O que vimos, ao longo dos anos, foram tentativas de resoluções para atender as demandas. Para não sermos injustos, não devemos esquecer que, no governo do PSDB, algumas políticas de base tiveram início - mais devido ao esforço do seu mentor, detentor de um enorme intelecto no conhecimento geral e na arte da política, que da classe política. No meio da celeuma em que vivemos, temos que registrar a manipulação dos governos pelas classes que detém os meios de produção, sem a ajuda das quais ninguém consegue se eleger neste país, muito menos os dirigentes maiores que representam prefeitos, governadores de estados e presidente da república. Esta influência nefasta é forte a ponto de vermos uma candidata, que está em último lugar nas pesquisas e que sabidamente terminará as eleições no mesmo lugar, dizer que não gastará mais de noventa milhões de reais na campanha, donde se pergunta: de onde virá tanto dinheiro? Quais interesses defenderá esta candidata? Ou será que está acima de qualquer suspeita? Quanto gastará o que for eleito e que interesses defenderá?
Diante desta dura realidade, perguntamos: quando será que teremos um governo com uma filosofia de trabalho adequada às nossas demandas e que possa implementá-la de cabo a rabo? Quando será que vamos ter um governo que aplique massiçamente na educação - como fez a Coréia do Sul, cujos indicadores sócio-econômicos em 1961 eram piores que os do Brasil e, hoje, é uma potência econômica e social - para nos tirar do ostracismo político?
No tempo em que vivemos, vemos a tecnologia encurtar tempo e espaço, tanto que, para isso, temos a Coréia do Sul como testemunha e exemplo de sensibilidade social dos seus dirigentes políticos. Não precisamos esperar mais mil gerações para evoluirmos como sociedade. Está provado; a Coréia evoluiu em menos de meio século. Se pensarmos bem, já temos uma economia baseada em nossos recursos naturais, em sua maioria, capaz de nos libertar economicamente e, em conseqüência, cultural e socialmente. E finalmente, quando será que a nossa infante democracia deixará de ser um embrião patológico para tornar-se um adulto saudável que liberte o nosso povo? Pensem nisso, pois, no momento, aqueles que formam opinião e aqueles que detêm os meios de produção são responsáveis pelos governos que elegem ou ajudam eleger!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 15/08/2010.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

MONÓLOGO

MONÓLOGO

Às vezes abro a janela
para ver onde estou.
Descubro – estou só.
Ouço um som nostálgico,
penso num poema, e
também no poeta.
A letra é bonita, canta a vida
que a gente leva, ou a que
nos leva! Que a gente chora
ou rir!
Mas é longa a espera, pela
morte ou por ela!
Enquanto o som ecoa,
a vida transcorre à toa,
às vezes ruim outras numa boa.
Na rua não vejo o que quero
olho de lado vejo a forma,
vejo o jeito e o gesto,
mas, não vejo o resto do que
quero ver, não vejo o rosto
que procuro. Pressinto algo obscuro!
Talvez ninguém, talvez você, sequer
alguém para me compreender.
Entro no clima, me toco pulo
a janela entro no escuro
só para ver se a vejo!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 03/08/2010.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

ÁFRICA DO SUL DEPOIS DA COPA

ÁFRICA DO SUL DEPOIS DA COPA
O dia doze de julho amanheceu e a África do Sul despertou de um sonho que durou trinta dias. Ao despertar certamente voltou à África. A copa acabou e para os africanos sobrou a dura realidade da volta ao seu status quo. Acabou a euforia que por um momento mostrou aos africanos o que eles não tem no dia-a-dia. Parte de tudo que ali fizeram custou seu próprio suor. A festa acabou levando a esperança de dias melhores para aquele povo verdadeiramente sofrido. A fome do consumismo ocidental é maior que a fome que campeia a África. E agora que fará a África do Sul com tantos estádios de futebol e tão poucas casas para o seu povo morar? Quantos milhões de dólares foram desviados das reais necessidades daquele povo para satisfazer o ego dos dominadores com os seus espetáculos homéricos e ostentatórios? Fala-se que do custo da copa, 97% foi financiado com dinheiro público. Aos olhos do mundo o espetáculo da copa parece bonito e grandioso, mas que beneficio real e duradouro trará aos africanos do sul além de subempregos transitórios e uma leve sensação de que a áfrica agora é livre e soberana e poderá caminhar com os seus próprios pés? O povo viu o espetáculo e o anunciou através dos som estridente das vuvuzelas , que no fundo nada mais era que um protesto inconsciente do tipo panelaço. Falando assim, até parece que não gosto de futebol – gosto sim, mas, seria a Àfrica do Sul o local éticamente adequado para a realização de tamanho evento, nababesco evento, diante de sua dura realidade sócio-econômica? A partir de agora quando haverá um próximo jogo no milionário SOCCER CITY? Que tradição futebolística tem a África do Sul para possuir tantos templos do futebol que a partir de agora serão o símbolo da ociosidade? Um enorme buraco negro por onde vazou bilhões de dólares, parte dele oriundo de recursos do próprio solo africano, dali subtraindo sabe lá Deus como. Creio no esporte como elemento de integração dos povos, mas não creio que o futebol via FIFA, tenha força suficiente para promover uma transformação sócio-econômica do tamanho da que necessita a África do Sul. Não vejo o futebol da FIFA como esporte, mas antes como uma profissão propalada pelos quatro cantos do mundo, tanto que tem com o torcedor uma relação antes de consumo, quando devia ser de amor pela camisa. O futebol da FIFA tem interesses comerciais, compromisso com as multinacionais do esporte, e com a grande imprensa, enquanto desintegra o capital do povo, na realidade seu trabalho. Está longe de ser um esporte praticado em função do social ou da integração dos povos. Sobremaneira de um povo onde a maioria não tem o que comer nem onde morar? Quem a FIFA pensa que é para empurrar uma Copa do Mundo de Futebol num país da África ainda que seja a África do Sul? A copa do mundo é um grande evento, deve ser realizado, mas nunca em países em condições sócio-econômica deficitária. Tal evento dever ser realizado nos berços do consumismo ocidental, onde pelo menos já existe a prática de um modelo sócio-econômico menos injusto. Induzir um povo ignorante de suas próprias necessidades a aceitar a realização de um evento da altura da copa em detrimento do que poder-se-ia fazer no setor social com tanto dinheiro, é no mínimo anti-ético para não dizer vergonhoso. Onde fica a ética e a dignidade destes dirigentes? Será que irão divulgar um balanço positivo para o povo africano do sul decorrente da realização da copa? Quem ganhou mais dinheiro, as multinacionais do esporte ou a África do Sul? É ético fazer copa do mundo num mundo de extrema pobreza? Por que a Fifa não organiza a copa do mundo onde já existe uma infra-estrutura permanente e que não foi paga pelo sacrifício do povo? Porque a FIFA acha que sua ação é de libertação econômica de povos pobres, quando na realidade, nesta circunstâncias, não passa de uma simples esmola. Aliás, o mundo ocidental é contumaz em dá esmolas para África, após sugar seu néctar. Quem disse que depois deste evento a vida do povo melhorá em termos gerais? Quem colocou na cabeça da FIFA que a copa do mundo realizada em países pobres muda sua triste realidade? Quem deu esta função ao esporte? Será que a partir de agora, depois da copa os indicadores sócio-econômicos da África do sul sofrerão sequer uma pequena mudança para melhor? Será que seu povo deixará de ser vitima de 500 mil estupros por ano? Será que diminuirá os 55 mil homicídios anuais? E em que se transformarão os barracos de Soweto? Aqueles sim; são barracos de verdade, não os do Rio de Janeiro, que em comparação parecem mais palacetes! Se for em nome da integração dos povos trata-se de uma grande balela, visto que após a copa cada um volta as suas casas e nunca mais falará do local onde ocorreu a última copa. Não sou contra o futebol enquanto esporte, mas sou contra o futebol profissional, onde de esporte passa a ser uma profissão velada e encharcada de maus profissionais, entre eles os indevidamente chamados atletas. Anti—profissionais que se locupletam, com a anuência dos cartolas às custas dos clubes e das entidades federativas e dos empresários dos jogadores. Estes últimos que se locupletam inventando craques e inflacionando o mercado de futebol, que no fundo mais parece um mercado de escravos. Profissionais que se aproveitam da fraqueza do torcedor para enganá-lo, muitas vezes frustrando suas esperanças e sua alegria. Não podemos negar que a Copa do Mundo é um evento bonito, mais daí até integrar povos vai uma longa distância. Pode integrar sim povos já social e financeiramente integrados, visto que o capital é universal. Quando penso em realizar copa do mundo, penso no Brasil de 2014 e em seguida nas olimpíadas de 2016, o que farão deste País. Mas, já vimos o filme chamado PAM 2007. Brasil, que Deus te proteja, porque vem chumbo grosso!
Até lá!!..
José Antonio da Silva – Cabo Frio, 12/07/2010.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

SILÊNCIO

SILÊNCIO

Nada melhor que o silêncio
Para apagar as marcas de um tempo,
marcado pela dor e sofrimento.
A dor faz parte do amor, é na
realidade sua essência, posto que,
de outro modo caracteriza-se a indiferença!
Amar é sofrer, já diz o poeta, que muito,
usa deste termo brega, lugar comum,
mas que na verdade pega!
O tempo leva, o tempo traz, e o silêncio
ajuda sua ação voraz de apagar da alma
o que ficou para trás. Mas nem sempre
o tempo satisfaz, em muitos casos, a espera
é grande e a dor é forte, chega a ser demais!
Mas há o tempo da graça, o tempo da desgraça,
onde só o silêncio restitui a paz.
Por que falar se tudo já foi dito, se tudo já foi visto,
e nada mais desfaz? O que está feito, está bem feito,
e só o tempo, com a força do silêncio exporá a
verdade da vida das pessoas.
Preciso da verdade para me conter,
e da força do silêncio para me convencer
do que penso, vejo e vivo.
Às vezes tenho dúvidas.

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 21/07/2010.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

LAPSO DE TEMPO

LAPSO DE TEMPO
Não percebo o tempo,
nem sequer o vento
para me soprar.
Não percebo nada para
me motivar, nem sequer
o sopro da brisa do mar.
Estou à sua frente, é só mergulhar,
mas não mergulho nele, que é
de água e de sal, mergulho no vácuo
do meu pensamento, abstrato e indiferente,
ao que penso e ao que sinto, porque não sinto!
No escuro da noite acendo a luz, mesmo assim
nada vejo, apago a luz, logo vejo, a escuridão,
a insatisfação e a incompreensão de tudo que desejo!
É um lapso de tempo em que não me vejo,
em que não me sinto, só me desconheço.
Claramente não sei o que quero, nem se quero.
Cadê o sono, onde está o sossego, há um mal-estar
que não tem começo como se a vida fosse muito longa,
onde o espírito se cansa da matéria que se resigna
a purificá-lo!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 19/07/2010.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

BAIA DA GUANABARA SOBRE TODOS OS ASPECTOS...

BAIA DA GUANABARA SOBRE TODOS OS ASPECTOS...
Deus gotejava sobre as cabeças dos transeuntes uma chuva finíssima. Na realidade pulverizava mais que gotejava. Uma típica manhã de outono era um colírio para os olhos de quem passava pelas pistas de caminhada do aterro do flamengo. Um céu cor de chumbo fazia passar por entre os nimbos a luz do sol prateando a cor da água da baia em pleno dia. Para o lado das terras de Arariboia a silueta dos morros era delimitada pela bruma formada pelos raios solares em contato com a água das nuvens. Na direção do fundo da baia traços geométricos da ponte Rio-Niteroi apareciam de leve entre a bruma. Do aeroporto Santos Dumont enormes aviões levantavam vôos como verdadeiros pássaros mecânicos dando o colorido especial ao quadro! De repente um jovem caminhante me chama atenção, não mais havia um centímetro quadrado de pele para se fazer outra tatuagem, por menor que fosse. As tatuagens cobriam cabeça, tronco e membros. As pessoas caminhavam celeremente, cada uma em seu ritmo, parecendo não perceberem tanta beleza ao redor da baia, em que pese as múltiplas agressões ambientais de que vem sendo vitima há muito tempo. Algo distraído fui atropelado por uma matilha conduzida por uma linda senhorita que a meu ver era tenaz defensora da família mamalia. Num lapso de tempo um dos cães para de repente provocando uma parada instantanea dos demais que caíram num efeito dominó. Mesmo assim o cãozinho não deixou de satisfazer sua necessidade fisiológica, despejando na pista um presente de grego do tamanho de um cuscuz! Displicentemente a moça fez vista grossa e cio! Do lado de cá da baia lembrei dos tupinambás e logo me veio a imagem da selva nativa, do jardim natural que é a mata atlântica, logo vi o braço de Deus nestas terras e vi aflorar meu sentimento panteísta. Sempre que vejo a beleza atribuo a Deus sua essência. Sendo onipotente só Deus pode ser a essência de tudo que percebe os nossos sentidos. Mesmo sem a exuberância da mata completa que já existiu no espaço onde caminhava, senti sua forma no campo das idéias. Olhando para barra vislumbrei traços tênues da fortaleza de Santa Cruz, resquício do inicio da nossa civilização. Dali os portugueses mandaram muitos franceses para o lado de lá! Depois o pão de açúcar embasado pelo morro da Urca davam suporte solidário ao bondinho que subia e descia mostrando aos seus passageiros toda beleza da Guanabara. Em dado momento senti a força da natureza na luta contra sua degradação, mesmo insistindo em destruí-la o homem insensível não consegue, no fundo não conhece o pulo do gato para destruí-la! A terra reage e faz brotar a vida, a vida da beleza e do encantamento. A terra devolve ao homem o que ele toma dela! O homem maior parasita do mundo se abisma com a reação da terra. Por que? Será a terra o próprio deus? Se for por que não restringe a ação de sua cria? Bom – não sei porque quero falar de beleza e acabo falando de Deus, talvez porque seja Deus toda beleza que existe em nós, em si e no Universo!
José Antonio da silva – Rio da Janeiro -24/04/2010.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

MENINA DE RUA

MENINA DE RUA

Vi a menina era uma graça,
Olhava a rua, olhava a praça,
A cara não era boa, estava suja,
Estava aflita de desgraça!
Ninguém via a menina senão
A praça que era inerte e não
Via nada! Assim como a praça,
Eram todos inertes, ninguém
Via a graça, que era a menina!
De tão bonita seu rosto mostrava,
A marca do desamor que por
Ironia era dos humanos!
A menina me olhava de soslaio
Me pedia calada que lhe desse algo,
Para matar a fome da necessidade
Talvez a fome física que a atormentava.
Vivia a ética do estômago que é voraz,
Que transforma o homem no que não é capaz.
O Brasil faz um gol a massa goza atordoada,
Esquece a sua própria desgraça e também
Suas crianças, pueris abandonadas!
Desnudas de quase tudo, de quase roupa,
Que era rasgada, e a galera extasiada,
Mais um gol e a menina não tinha nada!
Mas, a moçada rugia embriagada, pelo
Ópio do povo o futebol, onde cada gol
Custa uma bordoada na cabeça dos quase nada!
Vi a menina na encruzilhada apenas uma das
Muitas abandonadas!
Quanto mais vejo meninas tresmalhadas, mais
Sinto o reio do vaqueiro na lombada!
Ai como dói ver crianças desprezadas.

José Antonio da Silva – Cabo Frio, 30/06/2010.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

SOCIEDADE NA SARJETA

"A sociedade que deixa suas crianças na sarjeta vive igualmente nela."

quarta-feira, 16 de junho de 2010

SARJETA

SARJETA

Eu vi a criança era púbere, era pobre,
Era inocente.Eu via a vala, ela escoava,
era a sarjeta que a levava!
Para onde? Para o fim,
ainda no começo – da vida,
que não é vida é morte.
Morte da sociedade que deixa,
seus filhos, no escoadouro da miséria!
Marca da indiferença humana, do
desprezo de quem tem pelos que
nada tem. Não tem comida, não tem morada,
só tem a rua como sua casa! Sua cama é a calçada.
A rua é fria, a rua é calada, a rua não tem nada.
Sobre seu ombro um bebê inerte,
uma boneca, sua única festa.
Eu vi a criança que não falava, que não pedia,
Que não chorava, apenas se curvava e escondia a cara,
que não se mostrava, porque tinha vergonha
de não ser amada.
Em sua cabeça talvez a droga comesse seu estômago,
Que não tinha nada, somente a fome que a devorava!
Vi no começo, o fim da dignidade humana!
Eu vi o povo na vala e a sociedade na sarjeta!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 16/06/2010.

domingo, 13 de junho de 2010

REENCARNAÇÃO À LUZ DO EVANGELHO

"Quando desciam da montanha depois da transfiguração, Jesus lhes ordenou, dizendo: Não faleis a ninguém o que acabastes de ver,até que o filho de homem tenha ressuscitado dentre os mortos. Perguntaram-lhe então seus discipulos: Por que dizem os escribas ser necessário que Elias venha primeiro? E Jesus lhes respondeu: É verdade que Elias há de vir e que retabelecerá todas as coisas. Mas, eu vos declaro que Elias já veio,e não o reconheceram; antes fizeram com ele tudo que quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer nas mãos deles. Então os discipulos compreenderam que era de João Batista que Ele lhes falava. ( São Mateus, 17:9 a 13.)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

VIDA PARADA

VIDA PARADA
Acho que parei no tempo
em que a vida me sorria,
me sinalizava um tempo eterno,
quando a juventude
Me endeusava, eu me achava
o Próprio, quando não tinha
certeza Sê-lo! – Que pretensão...
Todos os sonhos me pareciam tangíveis,
eu não sentia a fisiologia do meu corpo,
tal era meu estado de higidez! –
Era o tempo dos amores, dos desejos, do
estético - a eternidade me atingira.
Era soberbo e absoluto, só via a vida,
não sabia da morte embora sempre me rondasse.
Sabia que era apenas um tempo,
mas não sabia que passa tão rápido,
como um sonho que fica no tempo.
Agora, avançar é preciso – mas como?
Se há o descompasso entre o que penso e o que posso?
O que quero e não posso ter? Há uma dúvida,
entre “SER e Não SER!
Uma saída é o que busco, encontrar o tempo
de me entender e assim chegar à paz!
Para continuar no tempo que me é dado viver sobre a terra.
Mas como? Não me vejo como sou, mas como gostaria de ser,
porém isto inclui uma volta no tempo- no tempo
da juventude – mas quem me levará até ela?
Não tenho acesso a máquina do tempo –
não tenho como voltar! Do fato decorre a dura realidade da idade.
O passo é trôpego , dói as artroses, sente o labirinto o desequilíbrio,
a rotina dos remédios. Há déficit físico para o dia-a-dia.
O risco aumenta; das doenças chegarem. O tempo corre e as coisas
acontecem mais rápidas do que posso acompanhar!
Minhas vontades seguem as mesmas, agora inversamente proporcionais
a minha capacidade de atendê-las - cai frustração –
a necessidade da adaptação e muitas horas de sono sem solução!
Me aproximo da forma do átomo para retornar a origem cósmica
dos “quantas” e quantas histórias à contar!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 07/06/2010.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A RUA

A RUA
Por muito tempo vaguei pela rua ,
fiz dela meu templo,
porque não havia nada além da rua,
senão às vezes a lua contemplada sob
o véu da noite, tão escuro quanto minha
consciência. Olhava para cima para disfarçar,
sentía, o vento soprar sem sentido. Não sabia
o que fazer, além de esperar que algo acontecesse
de concreto já que em mim havia o desejo.
Andava para lá e para cá até estafar, quase sempre
perdido desejava coisas impossíveis, como, amar livremente,
sem ser importunado, não que fosse uma amor atentatório,
mas antes um amor possível e sem preconceito,
um amor que nasce num gesto, penetra o peito, atinge o coração,
enlouquece o cérebro e dispensa a razão.
Viver além da impossibilidade, de ser amado, mas aquém do amor
Perfeito.
A silueta de um espaço imaginário e contido me restringia e mostrava
a verdade de outras eras antes vividas e aprendidas e ensinadas, me
impingiam maléficos e constrangedores limites da ética vigente,
como se fosse lei que proibisse sentir e manifestar. Coibir é a regra
dos olhares circundantes, ignorantes censores, homens de mãos dadas
espiam além de suas contas o que penso, inibem a ação do coração e
da alma desgarrada em busca das bênçãos de amor!
Reconheço que existo para amar, senão antes morrer!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 29/12/2009.

ORAÇÃO DA SÃO FRANCISCO

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

Cada vez mais precisamos da concordia, por isso oremos com São Francisco de Assis!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

OPINIÃO

OPINIÃO


Não sou contra a família. Até porque não conheço outra forma de organização social que não seja a partir da unidade familiar. Mas, achar que ela vai está sempre a nossa disposição na hora da necessidade é ledo engano. Geralmente acontece o contrário, quando mais precisamos, ocorre a falha. O cotidiano das pessoas nos mostra isso com clareza. Senão vejamos – Os filhos, são os que menos podem nos ajudar, na hora H, estão sempre ocupados tratando de suas próprias vidas, quando não, da família que acabaram de constituir. Ademais tomar conta de velhos é uma tarefa bastante repulsiva para os jovens, que nessa idade se acham infinitos. De modo geral são hígidos e com grande capacidade produtiva. Encontram-se em busca do sucesso e de viver na intensidade de suas energias. Poucas lhes sobram para outras tarefas. Muito menos para cuidar de pais idosos, frequentemente enfermos, e financeiramente quebrados. Alguém já afirmou o seguinte : “ a melhor coisa das vida é a juventude, pena que deram aos jovens”. Amiúde chegamos à velhice, eufemicamente chamada de terceira idade, quebrados, expostos a uma mísera aposentadoria que nem se quer dá para custear a bateria de medicamentos para todas as causas mórbidas que nos atinge nesta idade, da diabetes ao mal de Alzheimmer. Ao longo das nossas vidas de trabalho investimos tudo que ganhamos na formação de uma família. Quebrados de dinheiro e de saúde resta-nos encarar o maior dos dilemas da humanidade. Qual o sentido da vida? Resposta que não encontramos no senso comum. Então vamos aos iluminados buscar explicações. Encontramos que na realidade estas coisas acontecem pelo fato de vivermos mais a serviço da preservação da espécie do que de nós mesmos. Diante desta realidade ficamos a mercê do que pensamos e agimos coletivamente, ou seja organizamos a sociedade conforme a pensamos, como nessa hora, ainda prevalece mais o instinto que a razão, só nos resta esperarmos pelo aperfeiçoamento GENÉTICO da espécie . Haja tempo- “ O mundo exterior é simplesmente uma projeção que sai de nós.” ( Bispo Berkeley).
Aos jovens chamo atenção para seguinte mensagem –“ A alegria e despreocupação da nossa juventude deve-se, em parte, ao fato de estarmos subindo a montanha da vida e não vermos a morte que nos aguarda do outro lado.”(Schopenhauer)

Por José Antonio da Silva – Cabo Frio – 07/05/08.

O TEMPO E A VIDA

O TEMPO E A VIDA

O tempo passa leva a graça,
fica a lembrança da praça,
da igreja, da escola e da
primeira namorada.
Leva tudo deixa quase nada
senão os cabelos brancos e a
pele enrugada.
Vão-se verões e primaveras,
esperanças e quimeras.
Pouco se vê, chega a catarata.
O tempo passa leva o sorriso e as
madrugadas.
Deixa apenas as horas choradas,
leva a força, leva a garra,
fica a fraqueza e a nostalgia da farra.
Olhares perdidos olhando a rua.
Não vê ninguém que se conheça,
a cidade está morta,
Já não existem, já foram todos
ou quase todos.
Surge a sensação de ser o próximo.
Buscar o passo não pode está torto, o
pulo está quase morto. Há artrite.
Há jovens que debocham. Vêem o velho
que não serve.
Resta a tristeza no crepúsculo da vida,
Muitas lembranças de horas vividas,
Quando a vida ainda era vida.
O tempo leva, arrasta, destrói
vidas pregressas, corridas vividas com pressa.
Às vezes não, mesmo assim o tempo leva.
Primeiro dá depois tira,
O tempo é o grande adversário da vida.

José Antonio da silva,
Rio de Janeiro – 03/01/2010.

DESEJO

DESEJO

A imagem é forte,
é de um vale entre montanhas,
onde existe um vasto capinzal.
Nele abre-se uma fenda,
encimada por pequena protusão
em forma de pingente!
A um leve toque tudo estremece,
num terremoto de desejo.
O capinzal é macio como pluma,
e da fenda goteja o néctar do amor!
O desejo instintivo de quem vê,
é penetrar a fenda da paixão,
e nela se fartar – agonizar até morrer!
Para depois ressuscitar à vida
fora do vale do prazer!

José Antonio da silva,
Cabo Frio – 13/05/2010.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

COTIDIANO

COTIDIANO
A sala está cheia,as pessoas falam
mas não se entendem.
Lá fora o tempo muda entra outro paciente,
feminino é claro, com dor nas costas
e prisão de ventre,alguém abre a porta
de repente – é outro, doente!
Toca o celular – o médico
Atende mas não compreende,
falta muita gente para chegar.
O vento está forte dá para se ouvir,
Pelo uivo é sudoeste, trás mau
Presságio – pensa o médico
enquanto examina o doente.
Mais doente depois do vento
Vai chover, vem o pensamento.
O céu escurece, os nimbos aparecem,
e a fila só cresce – mais um, dois, três,
não tem fim – todo mundo adoece!
A vontade cresce, de ir ao banheiro.
Vai faz xixi, toma um cafezinho e volta ligeiro,
e haja doente – e tome anamnese,
que rapidamente a mão escreve, já mostra
cansaço de tanto rabisco, de tanto remédio
de tanto atestado, de tanto que escreve.
De novo o celular e mais uma cirurgia para marcar
- amanhã às oito – em jejum,
não esqueça os exames senão dá vexame!
Cadê o formulário? Não tem o formulário,
Pede ao estagiário - não tem estagiário,
começou bem, mas já está viciado,
foge apressado do lugar destacado,
aparece bisonho – se dizendo ocupado!
A chuva cai mais forte – vez em quando cai assim.
Já faz quatro horas, mas a fila não tem fim!
Quem espera reclama – diz que não pode ser assim,
para que pagar plano se não cuidam de mim?
Isso aqui virou SUS, diz o outro do lado,
se ficar desse jeito só mesmo o delegado,
que também é usuário e chega apressado,, no meio do tumulto
manda um – “teje preso,” se não for atendido num minuto.
A mocinha estremece, a noite escurece e o doutor pede em
prece que o dia termine e com ele- o estresse!
Daquele dia – depois tem mais – é só amanhecer
que a fila aparece!

José Antonio da Silva – Cabo Frio – 19/05/2010.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O AMOR TRANSCENDE

O AMOR TRANSCENDE

O amor transcende o corpo,
Em busca da alma do amado,
Não há amor pelo corpo,
Cuja carne é fraca e apodrece!
Mesmo tenra e cheirosa – perece!
É quando fede – é nojo!
A alma é pura – é cristalina – não perece!
Verdadeiramente ama – e enternece!
Alma é essência – principio anímico
Da vida terrestre!
Espera a si mesma quando o corpo fenece,
Num lugar eterno que transcende o tempo,
Onde tudo é bonito – é infinito – é universo!
Lá, onde o amor transcende meu verso!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 10/05/2010.

sábado, 8 de maio de 2010

CARTA À MINHA MÃE

CARTA A MINHA MÃE
Oi mãe, onde você está? Não te vejo há vinte dias, das mães é claro! Poucos dias se eles não significassem vinte longos anos. Sei que você não queria ir, assim da forma e no tempo em que foi. Andei por perto de você antes de tua partida e me lembro como você me pediu para que eu não deixasse ninguém te levar – falavas assim – como se eu pudesse impedir – sem sequer saber a dor que me causavas quando me pedias ajuda sem que eu nada pudesse fazer para te ajudar. Mas saiba, queria muito que você ficasse, só assim não teria que ficar vinte dias das mães sem te ver – pior ainda sabendo que muitos dias terei de passar sem tua presença física. Ainda bem que para mim você existe no campo das idéias – ainda bem que aprendi com Platão que as formas existem no campo das idéias e por isto você existe para mim como se aqui estivesse da forma mais tangível possível! Sempre pensei em passar o dia das mães ao teu lado, embora algumas vezes tive que abrir mão do meu desejo para atender a felicidade de outra mãe que se não minha mãe como você - era quase. Imagino que você saiba de quem estou falando – de qualquer maneira vou te lembrar em função do tempo que faz e do tamanho desta ausência – falo de dona Sara – minha querida sogra, que se não era tão querida para mim quanto você – era quase! Oh! Mãe você não tem idéia da falta que me faz no dia das mães – o pior é que não é só no dia das mães, você me faz falta todos os dias da minha vida! Até hoje, não tenho duvida de que você foi a maior perda do meu cotidiano! Não sei se daí onde você está, faz idéia de quanto tenho saudades de você Não só de você mas de tudo que girava em torno de você. De nossos papos, das minhas visitas diárias a tua casa, do beliscar nas tuas panelas ou de comer o bife bem passado com farofa d’agua acebolada! Ou então de deitar no teu colo e ganhar cafunés que me levavam aos sonhos.Oh! Mãe, imagino que ai onde estás o tempo não conta e que jamais morrerás, portanto é um lugar onde a felicidade existe na sua essência e a paz á o ungüento de tua eternidade. É neste lugar onde sei que estarás eternamente e verdadeiramente viva, onde és intocável e imortal e onde certamente estarás me esperando no dia da minha passagem. A apesar da tua ausência sou feliz porque sei que o és muito mais, por isso, onde estiveres aceita este afetuoso beijo de quem sempre vive para te amar!
Do teu filho José, a quem sempre chamaste de Antonio!

Rio de Janeiro, 09/05/2010.
Dia da mães!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

PERDA DO MUNDO

A PERDA DO MUNDO

Não à toa a longos tempos idos
Os estóicos,
Imaginaram o homem pelos
Seus cinco sentidos,
Ser a micro-estrutura do universo!
Tema sobre o qual coube ao
poeta fazer versos!
Pelo amor que tem o homem
Ao seu próximo de ambos os sexos.
Amor achado, mas às vezes perdido,
Amor perverso, ou desarvorado,
Consciente ou desejado
Aquele que pesa sobre os nossos ombros
Pelo complexo da culpa,
que, vez em quando, se esvai sem
Nenhum compromisso!
È como se algo literalmente,
Nos transportasse a um mundo perdido!
Onde dói, o corpo, a alma e todos os sentidos!
O amor é assim, quando perdido ou moribundo,
Causa a sensação de que se perde o mundo!
Posto que somos seu corpo e sua alma!

José Antonio da Silva,
Rio de Janeiro, 30/04/2010.

sábado, 24 de abril de 2010

SEM AMOR PRÓPRIO

SEM AMOR PRÓPRIO
Quantas vezes em tantos braços,
Um ninho procuraste,
Ainda púbere te entregaste
Ao orgasmo de outrem,
Malicioso estético caçador
De prazeres, o satisfizeste!
Sem saber porque buscaste
Tantos outros diferentes,
Ainda que não saibas serem
Todos iguais!
No inicio a fúria, no meio a êxtase,
No fim o cansaço e a tristeza!
A incerteza de depois! E a dura
Realidade da insana caminhada!
Busca em te o amor que em outrem
Jamais encontraste para te deixar em paz!
E não orgasmos diferentes de múltiplos,
Rapazes!
Em fim onde, chegará aquele que não
Ama a si próprio?
Quem neste caminho poderá amar?
Se doar é muito simples para quem
Sabe amar!
Mas, muito triste para quem apenas
Se dá!
Mesmo que no íntimo o estético predomine,
Busque a ética e raciocine!

José Antonio da silva,
Rio de Janeiro- 24/04/2010.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

NO ESPAÇO DA IDEIAS

NO ESPAÇO DA IDEIAS

Vislumbro um vulto
Num longínquo espaço,
Das idéias, num hemisfério
Algo deletério do meu
Insano cérebro!
Sinto ainda a força da
Imagem que me deprecia,
De espectro feminino,
Algo impuro!
A açoitar com seu toque
Traiçoeiro o âmago do
Meu sentimento de macho
Ferido!
Algo arranha ainda um peito
Sofrido, vitima do ímpeto
Feminino, que tem o feminino
Pelo sexo forte dos meninos!
Cuja pegada é firme e viril,
Porque é instinto e natureza,
Que preserva ou mata a beleza,
De gerarmos uns aos outros
Pelo coito estafante,
Praticado pela fúria dos amantes!
Não nos amamos por querer,
Mas, para atender as necessidades
Naturais!
Não propriamente nossas, mas da espécie!

José Antonio da Silva,
Rio de Janeiro, 22/04/2010.

ANTES, HOJE E SEMPRE...

ANTES, HOJE E SEMPRE...
Jamais se deve pensar que nunca mais faremos o que já fizemos antes, nem tampouco afirmar que, -“ desta água não beberei e deste pão não comerei”. A vida é cansaço e repetição e não há nada que se faça hoje que não tenha sido feita anteriormente ao longo do curso da história da humanidade!
O que foi é o que será: o que acontece é o que há de acontecer. Não há nada de novo debaixo do sol. – ECLESIASTES.
O homem atual continua pensar como pensou o homem de 400 a.c – Os estóicos imaginavam o homem como um reflexo do universo – um microcosmo - quantos de nós pensamos como eles em pleno século XXI? Quantos homens vivem nos dias atuais a experiência vivida por Epicuro e seus seguidores na antiguidade? E quantos repetem o pensamento socrático tal qual o pensamento original?. Assim é a vida, repetição e fadiga além de muitas perguntas sem respostas.
Perguntas como: “Que proveito tira o homem do seu trabalho?” Onde está a resposta para de onde viemos? Quem somos? Por que estamos na terra? Por que matamos uns aos outros? Por que somos ego, quando deveriamos ser apenas consciência?
Aliais, consciência é o que devemos ser a partir do momento em que nos percebemos.
“Não é por acaso que todos os pensadores estão interligados pelo elo dos pensamentos pregressos e todos repetiram os primeiros, tendo apenas o privilégio de acrescentar algo de suas próprias percepções que logo a seguir foram repetidas.”
Quantos de nós pensamos como Platão e quantos como Aristóteles? Os homens se repetem nas ações e nos pensamentos através dos tempos. Cria uma cultura para sobreviver em sociedade e ainda não evoluiu apenas para a prática do bem! É mau e degenerativo embora tenha o livre arbitrio que até então utiliza mais para o mal que para o bem. Pensa mais em si que no próximo e está longe de aprender dividir, em franco contraste com a sua realidade de só poder existir em sociedade. Tudo se repete através do tempo e debaixo do sol e sobre a crosta terrestre e sobre as águas do mar! E se repetem os atos e os fatos, o bem e o mal, a dor e sofrimento, assim como o perdão!

“Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento”.Eclesiastes.

É assim que por enquanto a humanidade vive a vida que percebe pela realidade dos sentidos e portanto, o que percebe sua consciência, sem dá muita importância a razão ou pelo menos o seu reconhecimento se é que existe razão no coletivo humano!

José Antonio da Silva – Rio de Janeiro -22/04/2010.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

ABSTRAÇÃO

ABSTRAÇÃO

Começava entardecer,
Da varanda olhava
O tempo que não me vê!
Em vôos rasantes sobre a copa
Das árvores a passarada
Buscava abrigo, alvoroçada.
No céu crepuscular
Olhava os cúmulos, os cirros,
Entre alguns nimbos
E sentia a inevitável
necessidade de me amar!
Amar foi sempre meu delírio,
Meu descompasso, meu calcanhar de Achilles!
Sempre busquei o amor mais profundo,
Aquele que parece só existir no fim do mundo,
Para me consolar.
Nunca encontrei parceiros para me acompanhar!
Sempre senti com tristeza que amar
Pode ser um ato isolado, sem contra partida,
Do Lado de lá!
Nunca entendi o envolvimento da alma
No ato de amar visto que, me parece ser
a matéria o palco real onde a fato se dá!
Creio na alma e na vida eterna!

José Antonio da silva,
Cabo Frio, 26/03/2010.

SENTIR

S E N T I R

Sentir o cheiro de nada,
Sentir o tempo na estrada
E a brisa da madrugada,
Odores de flores no jardim,
ou um beijo nos lábios!
Sentir o rumo que damos
Aos caminhos da vida
Buscando o que desejamos,
Mas, sem perder a batida!
Que deve ser firme, constante
E decidida!
Na luta que nos exige o dia a
Dia da vida!
Sentir que nunca devemos
Abrir mão do que queremos!
Sentir que o amor é o maior
Dos sentimentos e que a libido
É a energia que move o homem,
Que um grande amor começa
Pelo impulso do sexo e termina
Na felicidade dos amantes!
Sentir que na cama é onde o amor
Cresce e aparece para ser
Profícuo!
Sentir que o tempo não é obstáculo
Para quem ama e que é na alma onde
Onde o amor faz cama!
Sentir que não se deve sentir vergonha,
De implorar amor, porque o humilde
Será exaltado!
Sentir que o preconceito está a um
Passo do conceito!
Sentir que o direito não é perfeito,
Sentir que falta fé nos homens de pouca fé!
Sentir que o que parece bom, muitas
Vezes não é!
Sentir que a verdade é boa para quem lhe parece,
Mas é na mentira que a coisa acontece.
É assim que funciona!
Sentir que a verdade doe e a mentira enternece!
Sentir que é dessa forma que a humanidade
cresce e também fenece!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 06/04/2010.

WIRELESS SENTIMENTAL

WIRELESS SENTIMENTAL
Inusitado é talvez o fato de alguém misturar palavras de idiomas diferentes, ou melhor, estrangeiros para expressar suas opiniões, conceitos, pré-conceitos etc.
O fato é que essa coisa de WIRELESS, que atualmente nos liga ao mundo via WEB, pode ser estendido ao LINK que liga as pessoas pelo mundo afora no campo sentimental, senão vejamos:
Essa coisa abstrata que liga os pais aos filhos, na prática funciona como uma ligação tipo WIRELESS dos rastreadores aos computadores. Digamos que se trata do WIRELESS da vida!
Esse recurso de comunicação entre os seres humanos tem um poder de captação bem mais consistente que entre os LAPTOPS da indústria, porque na verdade faz a ligação entre os LAPTOPS da vida, ou seja entre os Hominidaes. Olha ai; lá vem o latim!
O WIRELESS sentimental é tão forte que às vezes pensamos e sentimos pelos filhos, esquecemos que eles tem vida própria e que, como tal, sentem, respiram e aspiram.
Na realidade tudo isto existe porque estes WIRELESS que interligam as máquinas são semelhantes aos que interligam os homens, isto é, pertencem e se originam no campo magnético comum que interliga todos os corpos do universo!
Não é à toa que o homem é a referência para construção da máquina que por conseqüência imita o homem. Seria a máquina o homem cibernético?
A diferença é que a máquina não sente, tem portanto um WIRELESS indiferente as emoções vividas pelo WIRELESS humano!
Essa coisa está tão interligada que um computador também pode chorar, desde para isto seja programado, enquanto que o homem já tráz a capacidade de chorar em suas entranhas, bastando que para isto seja estimulado, e nada melhor que um WIRELESS SENTIMENTAL , para fazê-lo chorar!
Querem ver? Basta que para isto seu filho, ou filha, escolha um causa que não seja a sua. Como p. ex. lhe de uma nora indesejada, ou um genro, tanto faz!
Mas, isto posto, não devemos esquecer que este WIRELESS, não ocorre apenas entre pais e filhos. Também acontece entre outras esferas do relacionamento humano. E ai, meu filho, o bicho pega e haja panos para as mangas.
Vou parar por aqui, visto que o meu WIRELESS está ininterruptamente ligado!
José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 12/04/2010.

terça-feira, 6 de abril de 2010

PARAIBA

PARAIBA
Paraíba Pequenina, magnânima mulher,
mãe de todos nós, quantos sóis vivi sob
tua bendita luz que meus caminhos ilumina,
até hoje e sempre para que vivas em minha
lembrança com a graça de Deus!
Saí do teu seio, ainda menino, não pela
Minha vontade, mas pela força do destino.
Quantas vezes a luz de tua lua iluminou meus
Passos de menino na noite escura da vida
Para me mostrar o caminho de casa, quando
Voltava das farras notívagas de domingo,
Menos menino, mais jovem, quase homem,
Ainda indefinido vivendo sonhos distantes
Que me deixavam deprimido.
Paraíba teu solo quente, teu sol do oriente,
Ainda chega primeiro em tuas terras, mais
Que em outras terras das Américas calientes!
O teu sol de verão brilha mais que diamante, na
Ponta do cabo branco a leste de mares brandos,
De belezas estonteantes e falésias gigantes!
Paraíba teu solo queima no sertão ardente,
Enquanto em teu mar se molha os pés em águas quentes,
Das piscinas incandescentes de águas cristalinas.
Teus mares são mais verdes, teus ventos mais benéficos,
Teu horizonte mais próximo de minhas vontades.
Sob o teu manto rubro negro encontro a sombra da paz
E me acomodo, sinto-me ninado pelo teu afeto, respiro
Melhor o ar que me bafejas, e descanso a sombra
Do teu filho, coqueiro!

José Antonio da Silva,
João Pessoa – 29/01/2010.
(A Paraíba é meu berço e...) rascunho 04/02/10 de Silva José Antonio Excluir

domingo, 4 de abril de 2010

Madrugada Agônica

MADRUGADA AGÔNICA

Não via a lua, nem a luz,
Ou sequer o mar,
Nem coisa alguma,
Que pudesse me acalmar!
O telefone não tocava,
Nem tampouco a campainha
Chamava!
Pensei então o que fazer da vida,
Ou melhor; por onde anda minha
Rapaziada!
Às altas horas da madrugada.
A noite escura me apavorava,
A madrugada em vias da alvorada,
Já ouvia baixinho o primeiro
Gorjear da passarada!
E a Rapaziada, nada!
Manhã chegando, meu peito agita,
Meu sangue ferve, meu coração palpita,
Meu cérebro aflito quase me enlouquece,
Quando eis que de repente,
Meu rapaz aparece!
Algo pálido e com sudorese,
Olhos vermelhos da boemia,
Copo na mão tomando uma fria,
Me ignora! Não por querer,
Mas, por impossibilidade!
Eu solitário, solidário pus-lhe a dormir,
Agradeci aos céus o fim da agonia,
Vi em sem rosto a insegurança que
O deglutia e a expectativa de um
Novo dia!
Que certamente amanhecerá,
Para que tudo novamente aconteça,
Da mesma forma fria que consome
As pessoas!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 04/04/2010.
(...qual noite insone, pelo filho,
Um pai se consome...)

sábado, 20 de março de 2010

NO AMOR, OS LIMITES ENTRE PRISÃO E LIBERDADE SÃO INDISTINTOS

Há momentos na vida em que somos condenados a viver em liberdade. É quando o amor nos pega de surpresa entra pela porta dos fundos, sorrateiramente e invade o coração insidiosamente. É quando nos sentimos presos aos nossos sentimentos embora sejamos livres em nossos movimentos. Movimentos que se tornam lentos, incertos e inconseqüentes.
Não há prisão pior que aquela que ocorre em plena liberdade, aquela em o seu coração é o grande cárcere!
Prisioneiros dos nossos próprios sentimentos capitulamos deixamos transparecer as marcas da decadência moral que nos afeta.
Somos motivo de criticas, censuras e até de piedade! Não costumamos lidar com os sentimentos mais profundos porque fomos ensinados a viver a luz das convenções. Somos obrigados a sentir o que todos sentem como se sentimentos fossem um direito isonômico.
Ninguém ver o mundo do mesmo jeito, cada um de nós tem uma maneira própria de vê-lo. Sabemos que este caminho pode afetar os nossos circunstantes, sobremaneira os mais próximos, mas, sentimento é algo incontrolável!
A sensibilidade é algo inerente, peculiar e pessoal, por isso o sentimento de amar estimula as pessoas de forma especifica. As reações são portanto, individuais, não há plural nestes casos.
Dizem que amar é tudo, mas esquecem de dizer que também pode ser nada, tanto que, por amor se mata e se dá flor!
Dentre todas as formas de sentir e prender o amor é a mais forte das prisões, porque ele nos prende em liberdade e confunde os limites!
O amor aparece e desaparece da mesma forma, nós prende, e nos liberta da mesma forma.
O amor desconhece a razão ou são no mínimo sentimentos antagônicos. Com a razão não há amor há compromisso. Amor se sente com o coração,onde ai colocado somos detentos da paixão!
Às vezes nos prendemos pelo amor só para encontrar a liberdade, liberdade que vira prisão que sonha com liberdade. É o ciclo do amor prendendo os corações e soltando as emoções!
Isso não para nunca é demasiado humano!

José Antonio da Silva - Cabo Frio - 11/03/2010.

domingo, 7 de março de 2010

OBSCURO

OBSCURO
À noite sou recluso
Tenho medo do escuro!
A noite nada tem a dar
Além do obscuro!
Fujo da noite porque não tem luz,
Assim como o diabo também
Foge da cruz!
A noite é incerta, é quase deserta,
Porque não tem luz!
Não nos vemos na noite,
É como não ser,
Nem a noite nos vê!
A noite não tem fresta, não presta!
A noita é perversa,
Palco de ignomínias dos perdidos
Nas festas.
Busco entender a escuridão,
Sua finalidade, sua razão de ser,
Mas só encontro o medo de não
Mais me ver!
Sou menos que um angström
Na escuridão do ser!

José Antonio da silva,
Cabo Frio, 07/03/2010.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

TRAPOS E FARRAPOS

TRAPOS E FARRAPOS
Dois nomes para três ou quatro significados. Ao que aqui me refiro diz respeito ao que define a decadência moral em que nos encontramos quando diante das grandes questões sentimentais . Viramos farrapo humano. Sim, porque nestas horas sentimos o corpo aos frangalhos e a alma em pedaços. Saímos do corpo físico e temos dificuldade de respirar, comer, andar, falar e de tudo que percebemos a partir dos nossos cinco sentidos. Falar desses casos é desumano desde o momento em que assim nos sintamos. Perdemos a fé, a esperança e a vontade de viver, além de não vermos mais sentido para a vida. Nossa impotência é tamanha que sequer conseguimos regredir a um plano mais profundo de nós mesmos em busca de alcançar um estágio alterado da consciência onde possamos encontrar respostas para retornar a vida tangível, onde estamos inertes. Há uma dor profunda e inquietante que começa na alma e termina em nosso corpo de paciente moribundo. Achamos que vamos morrer.
Surgem perguntas como; o que fizemos de errado? Ela (ou ele), não gosta mais de mim? Será que tem outro(a)? Os dias seguem passando e a dor vai aumentando principalmente quando a distancia é sentida de forma unilateral. Imaginamos os momentos que vivemos juntos e sentimos punhaladas de nostalgia. Imaginamo-la(lo) com outro(a) e aí o coração literalmente sangra, vem o desfalecimento, a sensação iminente de morte, para em seguida sentirmos o desejo enorme da loucura, sem que para isso precisemos ser patologicamente passionais, porque se formos, certamente a loucura será perpetrada.
Pensamos na cama e nas posições de Kama Sutra e na loucura como fazíamos sexo. Pensamos se ainda é possível uma volta e percebemos que perdemos, ao mesmo tempo em que desejamos encarnar os espíritos de um Don Juan ou de um Casanova, mestres na arte de amar. Procuramos nos conformar com a condição de amantes abandonados que pensam como todo mundo. Então sentimos que a dor começa no epigástrio, contorna o estômago em direção à esquerda, passa pelo oco axilar e mira no átrio esquerdo onde a contração é mais forte e onde é mais sentida. Simula o infarte, ocorre em ciclos que terminam com uma descarga vagal. Há sudorese e extremidades frias, a pressão arterial sobe ou desce, depende... È f... para não dizer é morte!
Mas não tem jeito, é dor no peito, é dor nas tripas, é dor de fazer medo!

José Antonio da Silva,
Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 2010.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

CIDADE É VILA

CIDADE É VILA
A cidade começa na vila,
A vila vira cidade e a cidade
Vai do mar a vila que
Virou cidade e a cidade vai ao mar!
Do mar se vê a vila que virou cidade,
Vê-se portanto a cidade nua, onde
Era vila crua de matos e gentes ingênuas
E belas em suas estruturas. De cabanas,
Ocas e panelas com tapioca.
Assim era o lugar antes da cidade,
Cheio de arvores, pássaros e cotias,
Maracás e enguias
nas praias de águas frias.
Coqueiros nativos, e redes de taboa.
Riachos infiltrantes que partem
Da lagoa!
Falo de maceiós, atobás e gaivotas.
Tatuís ariscos driblando predadores,
Se escondendo nos buracos, prenunciam
Natureza em plena beleza e total limpeza.
Não há valas negras, não há esgotos,
Não há fezes nas ruas!
Falo de vila pura, não de cidade impura,
Falo de equilíbrio entre vidas e vidas,
Vidas e terras, terras e serras, não morros,
Repletos de barracos de fome de miséria,
Marca da indignidade humana, o lado mais
Cruel do animal inteligente.
Da escarpa se vê o mar de onde não se deveria vê-lo.
Do mar se vê a escarpa onde havia plantas vivas,
A respirar processando a fisiologia do ar.
Respiro fumaça, não há mais ares, mas odores, fétidos
De gases tóxicos- todos naturais mas, nocivos!
A natureza sensível não suporta agressão, reage, elimina,
Mata e morre!
Cheiro de maresia da vila de pescadores, não cheiro
De bactérias anaeróbicas da gangrena gasosa!
Tudo na cidade, nada na vila, da vida da gloria.
Luar de prata reflete na água da praia deserta,
Inspira o poeta, convida a seresta, não as ruas desertas
Da cidade louca dos prazeres notívagos e dos crimes
Hediondos, da nefasta euforia dos perdidos!
Tudo começa na vila que vira cidade, cidade algo
Que se mata, porque morrer é o fim de tudo,
Da cidade , da vila e dos homens!
José Antonio da silva – João Pessoa, 06/02/2010.

domingo, 31 de janeiro de 2010

A VIDA COMO ELA É

A VIDA COMO ELA É

Este tema tem povoado a cabeça de muita gente ao longo dos tempos. Dentre estes encontram-se poetas, escritores, teatrólogos, filósofos e por ai vai. Trata-se portanto de uma tema relevante que chama atenção de letrados e iletrados. Para mim não basta viver a vida como ela é, posto que é chata, às vezes curta outras longas, previsível e repetitiva. Em que pese alguns aspectos de imprevisibilidade, a vida é mais previsível que tudo. Diante desta realidade é preciso motivá-la para vivê-la com menos ócio. De repente fugir da rotina convencional é mister. Lançar-se a vida com emoção e sem medo de ser feliz resolve o problema de muitos perdidos no tempo e no espaço. Aqueles que são vitimas de suas frustrações, carências e desilusões, como também dos que não vêem um sentido para a dita cuja. Amar é ás vezes fundamental, mas pode também representar o fim.
A vida carece da vida para ser vivida em sua plenitude, e por que não dizer em sua essência. A vida move a vida que destrói a vida e que renova a vida. No fundo ela é um conjunto de vidas vivendo ora em simbiose outras em franca parasitose.
Em sua necessidade de existir a vida suga o amor das pessoas e as exaure até o fim sem dó nem piedade.
É portanto preciso simular situações para agüentar a vida como ela é. Não é difícil saber como é a vida, no entanto é difícil saber a que queremos. É comum nos pegarmos no meio dela procurando-a; falando assim, preciso saber qual a vida que quero, se esta que está ai e que todo mundo vive ou se tenho que criar uma para mim. Isto sem contar o aspecto mais nefasto da vida que é sabermos que estamos sempre ameaçado de morte, vivemos a um passo dela de modo que nem conhecemos o limite entre uma e outra.
A vida para a maioria dos viventes é uma jaula, tamanhos são os compromissos para vivê-la. Temos que garantir o nosso sustento e na maioria das vezes o dos desvalidos; os desvalidos de quem falo são aqueles que são destituídos da moral de que têm quer lutar para sustentar suas próprias barras. Pois é; a vida como ela é sente-se no direito de nos pregar peças como esta. Ainda nos obriga perpetuar a espécie.
A vida só é possível de forma socializada, não conseguimos viver isoladamente, tanto que para isto pagamos um preço além da conta pelo fato do individuo de modo geral não pensar coletivamente.
A vida socializada exige demais do individuo e em troca costuma dá bem pouco. A idéia é que as vidas socializem-se para dividir o sacrifício de viver. Quem pensa tem que suportar os arrulhos de quem não pensa, de forma que há um forte descompasso neste sentido.
De modo geral para que vivamos a vida como ela é dependemos mais do outros e menos de nós mesmos.
A vida socializada, portanto, a possível, exige demais da vida natural, esta por sua vez retrai-se por não garantir sua própria existência. É contumaz reprimirem-se.
O que faz sentido para vida é a vida na dependência de outra. A própria, faz pouco ou quase nenhum sentido. Este fato de certa forma explica a fila na porta dos consultórios dos psiquiatras.
A vida é mestra em interferir nas questões do amor. Não se pode amar fora dos padrões previamente estabelecidos. Nesta questão a vida impõe barreiras tanto de ordem natural quanto de ordem social. Na maioria das vezes somos obrigados a reprimir nos desejos sob pena de cometermos desatinos.
De modo geral não sou contra a vida, mas acho que precisamos rever nossos conceitos. Pensemos nisso.

José Antonio da silva,
João Pessoa, 31/01/2010.

A VIDA DEPOIS DOS SESSENTA

A VIDA DEPOIS DOS SESSENTA
Há quem ache que a vida após os sessenta é a vida após a vida. Realmente se pararmos para pensar outra sensação não teremos senão essa. Eu p.ex. há pouco mais de dois meses descobri que estava com uma doença grave no meu rim esquerdo, doença maligna que me mataria em pouco tempo caso não houvesse sido descoberta por acaso.
Costuma dizer-se que não há mal que não traga um bem. No meu caso foi possível constatar que tal provérbio cumpriu-se na integra, posto que acometido de uma seqüela pulmonar do mal da gripe, pude descobrir o que realmente era o mal em mim, ou seja atirei no que vi e acertei no que não vi ao submeter-me a uma TC de pulmão em busca de um mal que já sabia não existir. Para mim foi mais um caso onde se pode acreditar que Deus escreve certo por linhas tortas. Foi sem dúvida a Sua vontade de me preservar que me mantém vivo, quem sabe talvez para cumprir alguma de Suas missões.
Depois dos sessenta o caminho é este com a máquina falhando a cada instante. É o tempo em que passamos a viver às custas da medicina com seus médicos e os seus remédios. Onde quer que nos encontrem será grande a possibilidade de portarmos um enorme envelope cheio de exames em sua maioria de prognósticos sombrios.
Concordo com quem acha que a vida após os sessenta é a vida depois da vida. Estamos mais próximos da morte de tal forma que às vezes nem sabemos porque ainda estamos vivos. Imaginem uma máquina funcionando ininterruptamente por sessenta anos, enfrentando todas as intempéries do tempo, convivendo com a decadência fisiológica dos órgãos e tecidos, lutando contra cobras e lagartos para sobreviver, isto sem contar com o ataque incessante dos animais menores e invisíveis a olho nu como os vírus, as bactérias, os protozoários. Mas também não podemos esquecer os ataques constantes e impertinentes dos metazoários ladrões, assassinos, políticos e outros bichos mais.
Durante todo este tempo estivemos a mercê de forte emoções, vivendo presos aos grilhões do amor, da dor, da traição, das aflições. Correndo o risco dos infartos dos avcs ou da ruptura dos aneurismas. Tudo isto quando falamos do risco intrínseco; imaginem quando falarmos dos riscos externos, da falta de segurança, do medo de viver sozinho, da incerteza do amanhã.
Certamente a natureza não escolheu a melhor maneira de nos retirar da vida; em sua escolha parece sentir prazer em nos fazer sofrer. Por que não nos dotou de um sistema de auto-manutenção de nossos órgãos para que as alterações fisiológicas pudessem ser corrigidas automaticamente, principalmente as referentes ao desgaste do tempo? Não que pretendêssemos ser eternos, mas que pelo menos nossas energias se esgotassem de forma instantânea como qualquer outra máquina. Imagino que pelo fato de sermos matéria viva temos nossas peculiaridades, mas, que seria ótimo se tivéssemos um botão do tipo Power para nos desligarmos quando nos sentíssemos cansados, isto seria.
Viver a vida após os sessenta é nada mais que esperar pela morte, portanto melhor será não termos consciência disto e continuar vivendo até que a vida se canse de nós.
José Antonio da Silva. João Pessoa, 29/01/2010.

PARAÍBA

PARAIBA
Paraíba Pequenina, magnânima mulher,
mãe de todos nós, quantos sóis vivi sob
tua bendita luz que meus caminhos ilumina,
até hoje e sempre para que eu viva em tua
lembrança com a graça de Deus!
Saí do teu seio, ainda menino, não pela
Minha vontade, mas pela força do destino.
Quantas vezes a luz de tua lua iluminou meus
Passos de menino na noite escura da vida
Para me mostrar o caminho de casa, quando
Voltava das farras notívagas de domingo,
Menos menino, mais jovem, quase homem,
Ainda indefinido vivendo sonhos distantes
Que me deixavam deprimido.
Paraíba teu solo quente, teu sol do oriente,
Ainda chega primeiro em tuas terras, mais
Que em outras terras das Américas calientes!
O teu sol de verão brilha mais que diamante, na
Ponta do cabo branco a leste de mares brandos,
De belezas estonteantes e falésias gigantes!
Paraíba teu solo queima no sertão ardente,
Enquanto em teu mar se molha os pés em águas quentes,
Das piscinas incandescentes de águas cristalinas.
Teus mares são mais verdes, teus ventos mais benéficos,
Teu horizonte mais próximo de minhas vontades.
Sob o teu manto rubro negro encontro a sombra da paz
E me acomodo, sinto-me ninado pelo teu afeto, respiro
Melhor o ar que me bafejas, e descanso a sombra
Do teu filho, coqueiro!

José Antonio da Silva,
João Pessoa – 29/01/2010.
(A Paraíba é meu berço e...)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

SAUDADE

'A saudade é o canto magoado no coração de quem sente, é como a voz do passado ecoando no presente". Patativa do Assaré.

A NOITE

A NOITE

O sol se põe cai a noite,
A luz dá lugar a treva,
A escuridão se faz
Com ela a incerteza
Do próximo amanhecer.
O que será da vida após a treva?
O que trará a luz do novo dia?
Se é que haverá um...
Meu coração se angustia,
Vem palpitação e taquicardia,
Diante de tantas perguntas
Sem respostas!
A noite insone me atormenta,
Sinto cefalalgia.
Sob tênue madorna, o medo
Da solidão me ronda,
Mesmo em meio a todos,
Que me amam, não os vejo,
Me parece.
Na abstração me escondo,
Com medo da solidão.
Sei que um dia virá, mesmo
Cercado de múltiplos corações,
A solidão em pegará. Sinto medo
Da verdade que a dura realidade
Um dia me mostrará.
A solidão de existir em vão,
Fará a vida no final me mostrar,
Um não, a tudo que vivi, sofri,
Mais nunca desisti de procurar,
Um amor verdadeiro!

José Antonio da silva,
Rio de Janeiro – 27/01/2010.
(Não falo de amor corriqueiro, o verdadeiro,
está além da imaginação dos comuns.)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A FORMA E A MULHER

A FORMA E A MULHER

Não há uma mulher na forma que vejo,
por isso não vejo carne, não vejo osso,
mas vejo olhos, vejo pele, vejo corpo,
corpo de menina que me alvoroça,
que me deixa jovem enquanto,
a ilusão me mostra um caminho real
para continuação do que está parando,
do que pode parar a qualquer instante.
A restrita vida que levo, leva-me a pensar,
E agir de forma a me mostrar, por fora
O que há por dentro. Um desejo de encontrar
A fórmula de mudar.
Talvez pela projeção inversa que faço do tempo
Para me encontrar. Encontrar o que já passou,
O tempo em que podia sonhar.
Um sonho concreto se é que há. Um sonho é
Sempre um sonho que decorre da vontade
De realizar o inusitado encontro paradoxal,
Das idades; encontro factual que destoa,
Do hábito contumaz das pessoas.
Não fiz planos de terminar com a vida, mesmo bisonha,
Nem tampouco de armar um plano de prazer,
Simplesmente pelo prazer. Mas havia algo a reconhecer,
Precisava me ver, como tantos outros, concorrer a vida
Para valer, sem ver idade me atirar e em entregar,
E me achar perdido sem você, para me achar de novo
Nos braços e abraços da forma de viver que criei
Pela imaginação de ter algo palpável, real, novo,
Que mesmo distante do meu tempo me fizesse renascer
Na forma mais linda de amar a forma virtual de uma
Mulher real!

José Antonio da silva,
Cabo Frio, 13/01/2010.

ROSTOS FACES E FACIES

ROSTOS, FACES E FACIES

Lembro anos idos , corridos, vividos,
que hoje distam três décadas.
Mudanças de rostos, todos noviços.
Rostos diferentes, de homens masculinos!
cosmopolitas, vindos de múltiplos
Lugares. Eu recém chegado, debulhava
medo dos novos ares.
O Rio era tudo, a grande cidade,
maravilhosamente cidade de sonhos.
Eu, incrédulo do tamanho das coisas
que via. Via tudo muito, nada era escasso.
Mas havia rostos e faces sofridas, umas
sentidas, outras deglutidas pela fraqueza,
eram fácies de doentes cronificados, em
suas doenças em seus pensamentos,
de tantos sofrimentos.
Faces lindas também se via de castas
donzelas que imaginava serem belas.
Não eram castas, apenas donzelas,
que se desejava a revelia.
Fácies doídas, ressentidas de mais um dia,
sem perspectivas de alforria, que as livrassem
da escravidão branca.
Hábitos diferentes dos que eu conhecia,
fala diferente da que eu sabia.
Inúmeros rostos, grandes ferimentos,
alguns sofrendo, outros em agonia, outros morrendo.
Tudo muito rápido, diferente dos meus dias,
que vivia a sombra das tamarineiras das praias
onde cresci. Diferente do Campo de Santana onde
me estabeleci, para viver a grande cidade dos
meus pensamentos pregressos, em busca do
sucesso de ser um grande cirurgião,
e receber a todos dando a minha mão.
Eram muitas faces de todos trabalhando,
muitos rostos contidos, restritos de aflição.
Eu, no meio de tudo quase próximo da extrema-unção,
tentava entender o tamanho do mundo para onde
migrara, por necessidade do aperfeiçoamento da minha
Profissão!
Faces caricatas me estenderam a mão, bisturi de um lado,
no outro o formão. Quase não havia osso que não fosse
ao chão. Soava a martelada de tantas osteotomias,
Que varavam noites e entravam pelo dia.
Rostos compreensivos, autoritários e evasivos, era o dia a dia,
de um humilde nordestino recém chegado. Que abismado
vivia a sonhar. Grandes sonhos, sonhos pequeninos, mas
todos sonhos!
Em cada rosto via um sonho, em cada face via a beleza, mas
Em cada fácie vi a morte!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 15/01/2010.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

CLASSE MÉDIA

CLASSE MÉDIA
Ser classe média no Brasil nada mais é que pertencer ao terceiro estado, como na França da revolução. É a classe que Paga tudo para todos, tem todos os deveres de cidadão, paga tarifas públicas irreais, por que tem que financiar as tarifas do baixo clero (favelados) e da baixa nobreza (o congresso). Declaro de antemão, no uso de meus direitos e deveres que me são outorgados pela constituição, que não sou contra a existência de congresso. Pelo contrário, acho até salutar, mas, lógico que estou falando de CONGRESSO, isto por que há congressos e congressos. Paga também as contas da CORTE, mas a corte como se sabe... Deixa pra lá. A situação da classe média deste país é tão séria que as estatísticas que li pela ultima vez divulgadas pela imprensa, mostravam que quem ganha acima de 2.5 mil reais mensais já é considerado classe media alta. Imagine quem ganha 5.0 mil reais! Bom, o fato é que; A famigerada classe não tem direito a nada que corresponda ao serviço que presta a esta sociedade incompleta, canhestra e sem brio. Aliais, ultimamente tenho me proposto a defender uma tese, que não é bem uma tese, de tão grande que é, acho que uma TESÃO, senão vejamos: Titulo – Como Ajustar o Brasil as Propostas Sócio política e Econômica a Luz da Corrupção” – isto por que é impossível chegar ao poder institucional nesta nação, sem se contaminar pela ação nefasta da corrupção. Lógico que a corrupção é genética, pena que nenhum cientista ainda se dispôs a provar esta verdade cientificamente – diga-se de passagem o DNA do Homo sapiens é a treva (Bianca, personagem mais inteligente da novela das sete na Globo –Caras & Bocas). Isto é a natureza do homem. Só que pode-se compensar esta cruel realidade natural através da cultura que se cria para se viver harmônica e socialmente uma nação. Infelizmente criamos para nós uma cultura da corrupção, tamanho é o nosso fracasso neste ponto que quem é honesto às vezes tem a sensação de ser bobo. Então a classe Media além de pagar tudo e ter migalhas de volta, tem que aturar governador que é filmado pegando propina, presidente que diz que as imagens não falam por si só, presidente do congresso que, pego com a mão na massa, diz que é homem acima de qualquer suspeita, e permanece no cargo mais importante de um parlamento democrático, presidentes de assembléias legislativas quem são filmados pondo propina dentro das meias e das cuecas, flanelinhas que não deixam estacionar carros sem que lhes sejam pago justos honorários sociais, diante de autoridades que fecham os olhos por que também pegam a rebarba, prefeitos extorquindo construtores e empresários, tudo isso e mais os superfaturamentos generalizados. O que me deixa pasmo, ou melhor grilado é o fato desta classe não reagir a este estado caótico, onde impunemente se negligencia dos deveres constitucionais, e não faz uma colossal revolução onde se possa matar todos os corruptos através das idéias e da reformas políticas, sociais e econômicas. Afinal de contas, salvo algum engano, o potencial de trabalho está com a classe média, o intelectual e a capacidade de formar opinião também, as universidades idem – aliais, aqui neste País pouco ou quase nada se usa das universidades, a não ser aturar-se a má formação que dão aos alunos, salvo raras exceções. O que falta afinal? Coragem, vergonha, acomodação demais diante das novelas da TV? O meu desgosto é pensar que diante do exposto e da inércia desta classe, tenho medo de que ela seja medíocre em vez de média.
Por José Antonio da Silva,
(Não se impressione, sou um mero e despretensioso observador de mim mesmo).

domingo, 3 de janeiro de 2010

O TEMPO E A VIDA

O TEMPO E A VIDA

O tempo passa leva a graça,
fica a lembrança da praça,
da igreja, da escola e da
primeira namorada.
Leva tudo deixa quase nada
senão os cabelos brancos e a
pele enrugada.
Vão-se verões e primaveras,
esperanças e quimeras.
Pouco se vê, chega a catarata.
O tempo passa leva o sorriso e as
madrugadas.
Deixa apenas as horas choradas,
leva a força, leva a garra,
fica a fraqueza e a nostalgia da farra.
Olhares perdidos olhando a rua.
Não vê ninguém que se conheça,
a cidade está morta,
Já não existem, já foram todos
ou quase todos.
Surge a sensação de ser o próximo.
Buscar o passo não pode está torto, o
pulo está quase morto. Há artrite.
Há jovens que debocham. Vêem o velho
que não serve.
Resta a tristeza no crepúsculo da vida,
Muitas lembranças de horas vividas,
Quando a vida ainda era vida.
O tempo leva, arrasta, destrói
vidas pregressas, corridas vividas com pressa.
Às vezes não, mesmo assim o tempo leva.
Primeiro dá depois tira,
O tempo é o grande adversário da vida.

José Antonio da silva,
Rio de Janeiro – 03/01/2010.