segunda-feira, 3 de outubro de 2011

SUBITAMENTE



Sinto-me atraído pela noite fria,


ainda no começo que também


é o começo da primavera. Abro


a janela vejo a chuva cair em


forma de peneira de um céu


mais escuro que de uma noite


simples - são os nimbus.


Me lembro dos filhos- a esta


hora que estarão fazendo?


Que estarão pensando?


Que estarão Sonhando?


Sequer me ligam andam sempre


ocupados...


E minha amada por onde anda?


Também não me liga -Estará zangada?


A chuva engrossa enquanto


repasso na mente o que se passou


no dia - trabalhei muito, estou cansado.


Gostaria de ler uma linda poesia.


Sinto-me estafado de tanto repetir.


Penso em alguém que pensa em mim,


precisa de ajuda. Devo ajudá-la?


Preciso ouvir a nona sinfonia,


música do amante para amada.


Não sei se devo, abstraio-me, sinto


medo porque me conheço. Não sei ajudar


por ajudar, espero troco, me apego,


confundo os sentimentos, misturo o


abstrato com o concreto, me perco!


Melhor não falar...Sou um tropeço!


Mesmo assim...


Tenho muito para dizer, não sei calar.


Mais chuva, mais frio, mais medo, mais


pensamento vazio, fico disperso.


O silêncio é absoluto onde moro, seria


sepulcral se não fosse melancólico.


Vejo janelas através da janela,


estão todos ligados na novela, sem saída


também me ligo na tela - da novela - claro.


Participo do enredo que imita a vida, mas


me esqueço dela, da minha, da vida que


é quase uma novela!


A vida sem ela não é bela é apenas a vida.


A noite sim, é bela porque é calma, é onde


me preservo, me resguardo dos males


das trevas, durmo para sonhar no vale


das ervas, das plantas das flores da primavera,


para acordar sabendo que vou pensar tudo


outra vez! Onde está ela, por que me ama tanto?


Também a amo, a quero, a desejo, a venero!



Cabo Frio - 03/10/2011.


José Antonio da Silva.