SUBITAMENTE
Sinto-me atraído pela noite fria,
ainda no começo que também
é o começo da primavera. Abro
a janela vejo a chuva cair em
forma de peneira de um céu
mais escuro que de uma noite
simples - são os nimbus.
Me lembro dos filhos- a esta
hora que estarão fazendo?
Que estarão pensando?
Que estarão Sonhando?
Sequer me ligam andam sempre
ocupados...
E minha amada por onde anda?
Também não me liga -Estará zangada?
A chuva engrossa enquanto
repasso na mente o que se passou
no dia - trabalhei muito, estou cansado.
Gostaria de ler uma linda poesia.
Sinto-me estafado de tanto repetir.
Penso em alguém que pensa em mim,
precisa de ajuda. Devo ajudá-la?
Preciso ouvir a nona sinfonia,
música do amante para amada.
Não sei se devo, abstraio-me, sinto
medo porque me conheço. Não sei ajudar
por ajudar, espero troco, me apego,
confundo os sentimentos, misturo o
abstrato com o concreto, me perco!
Melhor não falar...Sou um tropeço!
Mesmo assim...
Tenho muito para dizer, não sei calar.
Mais chuva, mais frio, mais medo, mais
pensamento vazio, fico disperso.
O silêncio é absoluto onde moro, seria
sepulcral se não fosse melancólico.
Vejo janelas através da janela,
estão todos ligados na novela, sem saída
também me ligo na tela - da novela - claro.
Participo do enredo que imita a vida, mas
me esqueço dela, da minha, da vida que
é quase uma novela!
A vida sem ela não é bela é apenas a vida.
A noite sim, é bela porque é calma, é onde
me preservo, me resguardo dos males
das trevas, durmo para sonhar no vale
das ervas, das plantas das flores da primavera,
para acordar sabendo que vou pensar tudo
outra vez! Onde está ela, por que me ama tanto?
Também a amo, a quero, a desejo, a venero!
Cabo Frio - 03/10/2011.
José Antonio da Silva.