sexta-feira, 28 de maio de 2010

OPINIÃO

OPINIÃO


Não sou contra a família. Até porque não conheço outra forma de organização social que não seja a partir da unidade familiar. Mas, achar que ela vai está sempre a nossa disposição na hora da necessidade é ledo engano. Geralmente acontece o contrário, quando mais precisamos, ocorre a falha. O cotidiano das pessoas nos mostra isso com clareza. Senão vejamos – Os filhos, são os que menos podem nos ajudar, na hora H, estão sempre ocupados tratando de suas próprias vidas, quando não, da família que acabaram de constituir. Ademais tomar conta de velhos é uma tarefa bastante repulsiva para os jovens, que nessa idade se acham infinitos. De modo geral são hígidos e com grande capacidade produtiva. Encontram-se em busca do sucesso e de viver na intensidade de suas energias. Poucas lhes sobram para outras tarefas. Muito menos para cuidar de pais idosos, frequentemente enfermos, e financeiramente quebrados. Alguém já afirmou o seguinte : “ a melhor coisa das vida é a juventude, pena que deram aos jovens”. Amiúde chegamos à velhice, eufemicamente chamada de terceira idade, quebrados, expostos a uma mísera aposentadoria que nem se quer dá para custear a bateria de medicamentos para todas as causas mórbidas que nos atinge nesta idade, da diabetes ao mal de Alzheimmer. Ao longo das nossas vidas de trabalho investimos tudo que ganhamos na formação de uma família. Quebrados de dinheiro e de saúde resta-nos encarar o maior dos dilemas da humanidade. Qual o sentido da vida? Resposta que não encontramos no senso comum. Então vamos aos iluminados buscar explicações. Encontramos que na realidade estas coisas acontecem pelo fato de vivermos mais a serviço da preservação da espécie do que de nós mesmos. Diante desta realidade ficamos a mercê do que pensamos e agimos coletivamente, ou seja organizamos a sociedade conforme a pensamos, como nessa hora, ainda prevalece mais o instinto que a razão, só nos resta esperarmos pelo aperfeiçoamento GENÉTICO da espécie . Haja tempo- “ O mundo exterior é simplesmente uma projeção que sai de nós.” ( Bispo Berkeley).
Aos jovens chamo atenção para seguinte mensagem –“ A alegria e despreocupação da nossa juventude deve-se, em parte, ao fato de estarmos subindo a montanha da vida e não vermos a morte que nos aguarda do outro lado.”(Schopenhauer)

Por José Antonio da Silva – Cabo Frio – 07/05/08.

O TEMPO E A VIDA

O TEMPO E A VIDA

O tempo passa leva a graça,
fica a lembrança da praça,
da igreja, da escola e da
primeira namorada.
Leva tudo deixa quase nada
senão os cabelos brancos e a
pele enrugada.
Vão-se verões e primaveras,
esperanças e quimeras.
Pouco se vê, chega a catarata.
O tempo passa leva o sorriso e as
madrugadas.
Deixa apenas as horas choradas,
leva a força, leva a garra,
fica a fraqueza e a nostalgia da farra.
Olhares perdidos olhando a rua.
Não vê ninguém que se conheça,
a cidade está morta,
Já não existem, já foram todos
ou quase todos.
Surge a sensação de ser o próximo.
Buscar o passo não pode está torto, o
pulo está quase morto. Há artrite.
Há jovens que debocham. Vêem o velho
que não serve.
Resta a tristeza no crepúsculo da vida,
Muitas lembranças de horas vividas,
Quando a vida ainda era vida.
O tempo leva, arrasta, destrói
vidas pregressas, corridas vividas com pressa.
Às vezes não, mesmo assim o tempo leva.
Primeiro dá depois tira,
O tempo é o grande adversário da vida.

José Antonio da silva,
Rio de Janeiro – 03/01/2010.

DESEJO

DESEJO

A imagem é forte,
é de um vale entre montanhas,
onde existe um vasto capinzal.
Nele abre-se uma fenda,
encimada por pequena protusão
em forma de pingente!
A um leve toque tudo estremece,
num terremoto de desejo.
O capinzal é macio como pluma,
e da fenda goteja o néctar do amor!
O desejo instintivo de quem vê,
é penetrar a fenda da paixão,
e nela se fartar – agonizar até morrer!
Para depois ressuscitar à vida
fora do vale do prazer!

José Antonio da silva,
Cabo Frio – 13/05/2010.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

COTIDIANO

COTIDIANO
A sala está cheia,as pessoas falam
mas não se entendem.
Lá fora o tempo muda entra outro paciente,
feminino é claro, com dor nas costas
e prisão de ventre,alguém abre a porta
de repente – é outro, doente!
Toca o celular – o médico
Atende mas não compreende,
falta muita gente para chegar.
O vento está forte dá para se ouvir,
Pelo uivo é sudoeste, trás mau
Presságio – pensa o médico
enquanto examina o doente.
Mais doente depois do vento
Vai chover, vem o pensamento.
O céu escurece, os nimbos aparecem,
e a fila só cresce – mais um, dois, três,
não tem fim – todo mundo adoece!
A vontade cresce, de ir ao banheiro.
Vai faz xixi, toma um cafezinho e volta ligeiro,
e haja doente – e tome anamnese,
que rapidamente a mão escreve, já mostra
cansaço de tanto rabisco, de tanto remédio
de tanto atestado, de tanto que escreve.
De novo o celular e mais uma cirurgia para marcar
- amanhã às oito – em jejum,
não esqueça os exames senão dá vexame!
Cadê o formulário? Não tem o formulário,
Pede ao estagiário - não tem estagiário,
começou bem, mas já está viciado,
foge apressado do lugar destacado,
aparece bisonho – se dizendo ocupado!
A chuva cai mais forte – vez em quando cai assim.
Já faz quatro horas, mas a fila não tem fim!
Quem espera reclama – diz que não pode ser assim,
para que pagar plano se não cuidam de mim?
Isso aqui virou SUS, diz o outro do lado,
se ficar desse jeito só mesmo o delegado,
que também é usuário e chega apressado,, no meio do tumulto
manda um – “teje preso,” se não for atendido num minuto.
A mocinha estremece, a noite escurece e o doutor pede em
prece que o dia termine e com ele- o estresse!
Daquele dia – depois tem mais – é só amanhecer
que a fila aparece!

José Antonio da Silva – Cabo Frio – 19/05/2010.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O AMOR TRANSCENDE

O AMOR TRANSCENDE

O amor transcende o corpo,
Em busca da alma do amado,
Não há amor pelo corpo,
Cuja carne é fraca e apodrece!
Mesmo tenra e cheirosa – perece!
É quando fede – é nojo!
A alma é pura – é cristalina – não perece!
Verdadeiramente ama – e enternece!
Alma é essência – principio anímico
Da vida terrestre!
Espera a si mesma quando o corpo fenece,
Num lugar eterno que transcende o tempo,
Onde tudo é bonito – é infinito – é universo!
Lá, onde o amor transcende meu verso!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 10/05/2010.

sábado, 8 de maio de 2010

CARTA À MINHA MÃE

CARTA A MINHA MÃE
Oi mãe, onde você está? Não te vejo há vinte dias, das mães é claro! Poucos dias se eles não significassem vinte longos anos. Sei que você não queria ir, assim da forma e no tempo em que foi. Andei por perto de você antes de tua partida e me lembro como você me pediu para que eu não deixasse ninguém te levar – falavas assim – como se eu pudesse impedir – sem sequer saber a dor que me causavas quando me pedias ajuda sem que eu nada pudesse fazer para te ajudar. Mas saiba, queria muito que você ficasse, só assim não teria que ficar vinte dias das mães sem te ver – pior ainda sabendo que muitos dias terei de passar sem tua presença física. Ainda bem que para mim você existe no campo das idéias – ainda bem que aprendi com Platão que as formas existem no campo das idéias e por isto você existe para mim como se aqui estivesse da forma mais tangível possível! Sempre pensei em passar o dia das mães ao teu lado, embora algumas vezes tive que abrir mão do meu desejo para atender a felicidade de outra mãe que se não minha mãe como você - era quase. Imagino que você saiba de quem estou falando – de qualquer maneira vou te lembrar em função do tempo que faz e do tamanho desta ausência – falo de dona Sara – minha querida sogra, que se não era tão querida para mim quanto você – era quase! Oh! Mãe você não tem idéia da falta que me faz no dia das mães – o pior é que não é só no dia das mães, você me faz falta todos os dias da minha vida! Até hoje, não tenho duvida de que você foi a maior perda do meu cotidiano! Não sei se daí onde você está, faz idéia de quanto tenho saudades de você Não só de você mas de tudo que girava em torno de você. De nossos papos, das minhas visitas diárias a tua casa, do beliscar nas tuas panelas ou de comer o bife bem passado com farofa d’agua acebolada! Ou então de deitar no teu colo e ganhar cafunés que me levavam aos sonhos.Oh! Mãe, imagino que ai onde estás o tempo não conta e que jamais morrerás, portanto é um lugar onde a felicidade existe na sua essência e a paz á o ungüento de tua eternidade. É neste lugar onde sei que estarás eternamente e verdadeiramente viva, onde és intocável e imortal e onde certamente estarás me esperando no dia da minha passagem. A apesar da tua ausência sou feliz porque sei que o és muito mais, por isso, onde estiveres aceita este afetuoso beijo de quem sempre vive para te amar!
Do teu filho José, a quem sempre chamaste de Antonio!

Rio de Janeiro, 09/05/2010.
Dia da mães!