quinta-feira, 20 de maio de 2010

COTIDIANO

COTIDIANO
A sala está cheia,as pessoas falam
mas não se entendem.
Lá fora o tempo muda entra outro paciente,
feminino é claro, com dor nas costas
e prisão de ventre,alguém abre a porta
de repente – é outro, doente!
Toca o celular – o médico
Atende mas não compreende,
falta muita gente para chegar.
O vento está forte dá para se ouvir,
Pelo uivo é sudoeste, trás mau
Presságio – pensa o médico
enquanto examina o doente.
Mais doente depois do vento
Vai chover, vem o pensamento.
O céu escurece, os nimbos aparecem,
e a fila só cresce – mais um, dois, três,
não tem fim – todo mundo adoece!
A vontade cresce, de ir ao banheiro.
Vai faz xixi, toma um cafezinho e volta ligeiro,
e haja doente – e tome anamnese,
que rapidamente a mão escreve, já mostra
cansaço de tanto rabisco, de tanto remédio
de tanto atestado, de tanto que escreve.
De novo o celular e mais uma cirurgia para marcar
- amanhã às oito – em jejum,
não esqueça os exames senão dá vexame!
Cadê o formulário? Não tem o formulário,
Pede ao estagiário - não tem estagiário,
começou bem, mas já está viciado,
foge apressado do lugar destacado,
aparece bisonho – se dizendo ocupado!
A chuva cai mais forte – vez em quando cai assim.
Já faz quatro horas, mas a fila não tem fim!
Quem espera reclama – diz que não pode ser assim,
para que pagar plano se não cuidam de mim?
Isso aqui virou SUS, diz o outro do lado,
se ficar desse jeito só mesmo o delegado,
que também é usuário e chega apressado,, no meio do tumulto
manda um – “teje preso,” se não for atendido num minuto.
A mocinha estremece, a noite escurece e o doutor pede em
prece que o dia termine e com ele- o estresse!
Daquele dia – depois tem mais – é só amanhecer
que a fila aparece!

José Antonio da Silva – Cabo Frio – 19/05/2010.

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