domingo, 3 de outubro de 2010

FAVELA

FAVELA
A favela de hoje não é mais aquela
Onde a moça da janela
Manda beijos e joga flor!
A favela de hoje não é mais a
Da roda de samba, do encontro de bambas,
Mas a favela da dor!
A favela dos tiros, dos gritos de horror!
Onde o guri não tem vez – morre antes de crescer,
Nem tem tempo de ser o guri que o Chico cantou!
A favela de hoje não tem mais Cartola com o seu
Eufemismo que nos encanta, não tem mais
Nelson com o seu cavaquinho. Mas tem o bope subindo
De mansinho pra ninguém escutar – malandro não usa
Mais beca – terno de linho branco com gravata vermelha
E chapéu panamá, sapato Fox duas cores nem flor na lapela.
Favela de hoje é Guerra no ar. Viver na favela sequer dá
Para respirar. A singela beleza da simplicidade já não há mais por lá!
São barracos toscos de alvenaria que olham para o céu, ou olham para o mar!
Não são mais de zinco onde a lua furava o zinco e salpicava o chão de estrelas!
Na favela de hoje há helicópteros sobrevoando em vez de pássaros que fogem assustados- ao ouvirem o açoite das balas cortando os céus a matarem homens
Que correm desesperados para se salvar a plena luz do dia protagonizando cenas
Que fazem inveja a qualquer Hollywood.
Favela de hoje é droga – é fumaça no ar!

José Antonio da silva – Cabo Frio – 04/10/2010.

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