quinta-feira, 10 de novembro de 2011


MEDICINA - UMA ATIVIDADE LIGADA A SOLIDARIEDADE HUMANA
Sempre que
ouço falar de honorários médicos, salário médico, remuneração médica, saúde
suplementar, medicina privada, medicina pública e outros adjetivos mais, fico
confuso. Vejo tudo misturado, algo como um geléia geral. Penso que se deveria
primeiramente separar as diferentes formas de se atuar no trabalho médico. Me
parece que quem é médico do setor privado deve cobrar pelo exercício do seu
ofício, honorários condizentes com o poder aquisitivo dos seus pacientes,
observando as normas do mercado e o código de ética médica. Quem trabalha para
a medicina suplementar, ou seja para medicina socializada deve se ater as
características e peculiaridades desta forma de trabalhar, deve antes de tudo
entendê-la e saber que o seu potencial financeiro é limitado e portanto precisa
de uma administração cientifica para poder ser justa e atender as expectativas
de seus pares, prestadores e usuários, isto é, não deve pensar que vai ganhar
dinheiro, a não ser como fazem os patrões da saúde suplementar, que se
locupletam com o trabalho médico não pago, ou seja usando do conhecido
expediente do capitalismo selvagem que vive do infortúnio da maioria. Quanto a
medicina pública, esta sim, deve ser a mãe de todas porque dela depende a
felicidade geral da nação. Aqui o médico deve ser exclusivo, respaldado por uma
carreira de Estado que lhe pague uma salário justo, como faz com o poder
legislativo e o judiciário. Isto posto, fica o médico funcionário público,
proibido de pensar nas outras formas de fazer medicina, como faz o juiz, o promotor
etc. que não podem advogar a não ser no exercício de seu cargo público. Uma vez
atingido este nível de bom senso e de seriedade acabar-se-ia com a geléia geral
que a meu ver é algo claramente anti-ético. Nunca aceitei bem essa coisa do
médico ser funcionário público, mal pago, prestar serviço para o mesmo patrão
que lhe paga um salário, ou seja o Estado e ainda atender na sua clínica, que
também é credenciada e por ai a fora. Não estou falando de nada de que já não
se saiba, nem tampouco inventado factóides. O que aqui me refiro é de
conhecimento público como também é público a influência deste estado de coisas
no caos que é a medicina em nosso país. Vou mais longe ao imaginar que a
questão é muito maior do que se tem avaliado e portanto não será resolvida
apenas com aumento de salários ou de aumento de valor de consultas e
procedimentos da saúde suplementar. Não se dispõe no momento de um plano de
administração capaz de equacionar tantos problemas de um vez só. Não à toa
todas os planos até agora utilizados foram ineficazes, de modo que a medicina
está na UTI em todos os níveis, não oferece segurança nem qualidade aos
pacientes, em que pese o algo que se consegue fazer. No meio de tantos
percalços a medicina tem feito milagre. A estratégia de luta, que tem as
entidades médicas posto em prática ao longo dos últimos 30 anos tem se mostrado
de muito pouco alcance diante do tamanho do problema. È estranho que só a
classe médica se preocupe em lutar pela melhoria das condições de saúde do povo
brasileiro. É muito estranho que nenhuma outra classe de profissionais de saúde
lute pela mesma causa, o que também deviam fazer em vez de ficarem invadindo indevidamente o ato médico.
Mais estranho ainda é constatar a inércia da sociedade brasileira com a questão
da saúde, fato que reverte em seu próprio malefício. Apesar de tudo apoio a
luta da classe médica neste sentido e até faço parte dela e com muito orgulho,
sempre na esperança de que um dia esta nação acorde para exigir seu direito.
Quando a nós os médicos jamais devemos esquecer que a medicina é uma atividade
diretamente ligada a solidariedade humana e a virtude, portanto, é mister que não esqueçamos da grande lição,
de que devemos: " desejar o menos possível e saber o mai possível".
Por José
Antonio da Silva.

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