segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MANITU II

MANITU - II

A Noite começava cedo,
íamos dormir à hora da
Ave-Maria.
Cedo também raiava o outro dia.
Aos primeiros sinais da manhã,
ouviamos o som chocho das frutas,
caídas sobre o tapete de folhas secas!
Bum! Bum! era assim de um a um.
Levantávamos lépidos e ligeiros,
eu e meus primos - para desfrutar o
primeiro desjejum.
O segundo era com tapioca.
Depois ficávamos nutridos para
primeira etapa do dia.
Bornal de pano à tiracolo e estilingue
na mão; eis uniformes os caçadores.
Haja rolinha, de tão bobas que eram
as bichinhas!
Todas caiam inertes ao tiro certeiro
sobre seus quengos indefesos!
Morriam tentando viver - sobre o chão
catando grãos.
Quão cruel é o ciclo vital, sequer pensávamos.
Rolinha dava um bom assado.
De volta à casa por volta das dez, vovó servia
sua gostosa galinha.
Um Bom feijão de corda e um punhado de farinha.
Tinha também maxixe, quiabo e às vezes sardinha.
Para os adultos uma lapadinha - cana da boa, vinda
do engenho da sinhá mocinha!
Bucho cheio, pé no mundo, a tarde vinha.
Manga rosa, manga espada e fruta de conde,
banana d'água e sapoti tudo era fruta, tudo era doce
Para deglutir!
Perna no mundo pra que te quero, banho de rio,
lombo de cavalo, queda de galho, quengo rachado!
Tudo era fácil, vovó tratava com casco de cabaça,
carbonizado!
Para garantir chá de cabeça-de-nêgo, quebra-pedra
ou alecrim. Às vezes de cabacinha, que coisa ruim!
Óleo de rícino para matar lombrigas - verme medonho
do Jeca Tatu.
Mastruz com leite pra doença do peito, com lambedor
de hortelã da folha grossa! Não há catarro que não
se cuspa fora!
No fim da tarde o por do sol, a silueta da colina verde
fica cobre, a copa do abacateiro fica amarela de canários
vê-se a beleza do cenário
metamorfose animal de natureza colossal!
O astro rei se apaga por traz da floresta, os pássaros
gorjeam seus últimos acordes em busca de agasalhos,
mais um dia termina cheio de graça como a Ave-Maria!

José Antonio da Silva - Cabo Frio - 09/12/2011.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

UM VIDEO CENSURDO NA INTERNET

UM VIDEO CENSURADO NO YUTUBE

Ontem recebi o e-mail de um vídeo com o enunciado supracitado. Trata-se de uma campanha desencadeada por afamados atores da rede globo de televisão. Em princípio o trabalho é bem feito, como não poderia ser diferente por questões óbvias. Dá conta de uma tentativa de mobilização da sociedade brasileira para que não se construa a hidroelétrica de Belo Monte, em nome da preservação do meio ambiente em função do impacto ambiental negativo. Em suas falas os atores fazem um relato do caos que se formará no caso da construção, mostrando os pontos negativos. A meu ver esqueceram de cogitar sobre prós e contras e partiram de cara para detonação do projeto. Alguns afirmam que pesquisaram sobre o assunto e não tem dúvidas do desastre. Houve até quem simulasse um pequeno strip-tease, livrando-se do sutiã e em seguida da blusa, pena que ficou de costas, pois a pessoa que era preferia que ficasse de frente, até para poder encarar o problema literalmente de frente. Aquela posição em que ela fica de costas parece denunciar a sua falta de convicção sobre o tema. Até aqui quem ler o que escrevi já deve está pensando que sou contra o movimento verde. Muito pelo contrário neste caso não sou contra nem a favor, até porque ambos os lados podem e devem estarem cometendo equívocos. O fato é que não dá mais para pensar numa sociedade que sobreviva abrindo mão do progresso até hoje alcançado pela humanidade, visto que trata-se de algo colossal, logo não há mais como retroceder. É claro que não podemos esquecer que no momento a humanidade utiliza-se de uma matriz energética sobremaneira predadora que paradoxalmente garante o modelo tecnológico do qual usufrui. Não sobreviveremos mais sem energia elétrica. Todo modelo pós industrial alicerça-se nesta forma de energia. Imagino como ficará os atores do vídeo quando chegarem em casa e não encontrarem energia elétrica. Certamente o primeiro palavrão será disparado contra o governo. Volto a insistir não sou contra o movimento de preservação ambiental, de modo que aqui aproveito para sugerir aos atores do vídeo que tratem de fazer uma campanha igual e imediata para salvar o rio Paraíba do Sul, responsável pela manutenção de centenas de milhares de vidas que habitam suas margens de dele depende sua sobrevivência. Pobre Rio quanto esgoto sobre seu leito é lançado diariamente, impunemente, indiferentemente ao que lhe aconteça. Não posso esquecer de exaltar a preocupação dos atores do vídeo, nem gostaria de dizer-lhes que apesar de tudo a Amazônia vai acabar como tantas outras regiões importantes para o destino da humanidade foram destruídas, tudo porque a Natureza conspira contra toda biomassa, tanto que fez o homem à sua semelhança quando o dotou de pensamento degenerativo. Por outro lado o modelo de exploração dos recursos naturais utilizados pela humanidade para seu desenvolvimento, nos dias atuais, é o mesmo que já fez desaparecer inúmeras grandes civilizações do passado. O progresso atual tem mostrado que é diretamente proporcional a dano do meio ambiente, o que sem dúvida é um paradoxo. Mesmo sabendo de tudo isto, o homem não para, avança sempre em direção ao desconhecido, e deste modo tem avançado em conhecimento. Pensar em viver primitivamente nos dias atuais significa fome, guerra e destruição. Nada destrói mais o meio ambiente que a guerra. Se falta alimento vem guerra, de modo que, só a tecnologia pode produzir alimento em massa. A densidade demográfica do globo está no limite, é preciso energia para sustentação, se a humanidade vai consegui-la com sustentação, não sabemos de modo que, só lhe resta utilizar a própria tecnologia na tentativa de compensar os desmandos. Insisto, não sou contra movimentos verdes, mas sugiro que se busque fundamentos que possam explicar essa dura realidade!

Por José Antonio da Silva - Cabo Frio -26/11/2011.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

NOVEMBRO

NOVEMBRO

No meio à primavera vivo todas as estações.
Chove e faz sol em minha terra - vivo momentos
de calma de sonhos e de emoções!
Mas também vivo conflitos que me dilaceram!
Vem todos dos meus amados corações.
Em meus pensamentos peço ao Pai que afaste
de mim os corpos sem alma, que rejuvenesça
minha matéria estafada para que eu suporte
a fisiologia da velha idade!
Me conforte e me fortaleça para que eu viva
as intempéries da minha senilidade!
Entre as flores da primavera, os cravos desabrocham
os seus botões expondo a beleza primaveril e enquanto
os admiro, cá falo aos meus botões - tudo poderia ser
tão belo!
O cravo desabrocha e indiferente exala o que de melhor
há em seu odor, sequer percebem em sua volta tanto horror!
Os pardais polinizam as plantas, faz a vez do beija-flor.
O natal se aproxima, a cidade se enfeita, à espera de Noel.
enquanto fico a imaginar a noite mágica que não aprendi viver!

José Antonio da Silva - Cabo frio - 19/11/2011.