sábado, 20 de fevereiro de 2010

CIDADE É VILA

CIDADE É VILA
A cidade começa na vila,
A vila vira cidade e a cidade
Vai do mar a vila que
Virou cidade e a cidade vai ao mar!
Do mar se vê a vila que virou cidade,
Vê-se portanto a cidade nua, onde
Era vila crua de matos e gentes ingênuas
E belas em suas estruturas. De cabanas,
Ocas e panelas com tapioca.
Assim era o lugar antes da cidade,
Cheio de arvores, pássaros e cotias,
Maracás e enguias
nas praias de águas frias.
Coqueiros nativos, e redes de taboa.
Riachos infiltrantes que partem
Da lagoa!
Falo de maceiós, atobás e gaivotas.
Tatuís ariscos driblando predadores,
Se escondendo nos buracos, prenunciam
Natureza em plena beleza e total limpeza.
Não há valas negras, não há esgotos,
Não há fezes nas ruas!
Falo de vila pura, não de cidade impura,
Falo de equilíbrio entre vidas e vidas,
Vidas e terras, terras e serras, não morros,
Repletos de barracos de fome de miséria,
Marca da indignidade humana, o lado mais
Cruel do animal inteligente.
Da escarpa se vê o mar de onde não se deveria vê-lo.
Do mar se vê a escarpa onde havia plantas vivas,
A respirar processando a fisiologia do ar.
Respiro fumaça, não há mais ares, mas odores, fétidos
De gases tóxicos- todos naturais mas, nocivos!
A natureza sensível não suporta agressão, reage, elimina,
Mata e morre!
Cheiro de maresia da vila de pescadores, não cheiro
De bactérias anaeróbicas da gangrena gasosa!
Tudo na cidade, nada na vila, da vida da gloria.
Luar de prata reflete na água da praia deserta,
Inspira o poeta, convida a seresta, não as ruas desertas
Da cidade louca dos prazeres notívagos e dos crimes
Hediondos, da nefasta euforia dos perdidos!
Tudo começa na vila que vira cidade, cidade algo
Que se mata, porque morrer é o fim de tudo,
Da cidade , da vila e dos homens!
José Antonio da silva – João Pessoa, 06/02/2010.

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