ÁFRICA DO SUL DEPOIS DA COPA
O dia doze de julho amanheceu e a África do Sul despertou de um sonho que durou trinta dias. Ao despertar certamente voltou à África. A copa acabou e para os africanos sobrou a dura realidade da volta ao seu status quo. Acabou a euforia que por um momento mostrou aos africanos o que eles não tem no dia-a-dia. Parte de tudo que ali fizeram custou seu próprio suor. A festa acabou levando a esperança de dias melhores para aquele povo verdadeiramente sofrido. A fome do consumismo ocidental é maior que a fome que campeia a África. E agora que fará a África do Sul com tantos estádios de futebol e tão poucas casas para o seu povo morar? Quantos milhões de dólares foram desviados das reais necessidades daquele povo para satisfazer o ego dos dominadores com os seus espetáculos homéricos e ostentatórios? Fala-se que do custo da copa, 97% foi financiado com dinheiro público. Aos olhos do mundo o espetáculo da copa parece bonito e grandioso, mas que beneficio real e duradouro trará aos africanos do sul além de subempregos transitórios e uma leve sensação de que a áfrica agora é livre e soberana e poderá caminhar com os seus próprios pés? O povo viu o espetáculo e o anunciou através dos som estridente das vuvuzelas , que no fundo nada mais era que um protesto inconsciente do tipo panelaço. Falando assim, até parece que não gosto de futebol – gosto sim, mas, seria a Àfrica do Sul o local éticamente adequado para a realização de tamanho evento, nababesco evento, diante de sua dura realidade sócio-econômica? A partir de agora quando haverá um próximo jogo no milionário SOCCER CITY? Que tradição futebolística tem a África do Sul para possuir tantos templos do futebol que a partir de agora serão o símbolo da ociosidade? Um enorme buraco negro por onde vazou bilhões de dólares, parte dele oriundo de recursos do próprio solo africano, dali subtraindo sabe lá Deus como. Creio no esporte como elemento de integração dos povos, mas não creio que o futebol via FIFA, tenha força suficiente para promover uma transformação sócio-econômica do tamanho da que necessita a África do Sul. Não vejo o futebol da FIFA como esporte, mas antes como uma profissão propalada pelos quatro cantos do mundo, tanto que tem com o torcedor uma relação antes de consumo, quando devia ser de amor pela camisa. O futebol da FIFA tem interesses comerciais, compromisso com as multinacionais do esporte, e com a grande imprensa, enquanto desintegra o capital do povo, na realidade seu trabalho. Está longe de ser um esporte praticado em função do social ou da integração dos povos. Sobremaneira de um povo onde a maioria não tem o que comer nem onde morar? Quem a FIFA pensa que é para empurrar uma Copa do Mundo de Futebol num país da África ainda que seja a África do Sul? A copa do mundo é um grande evento, deve ser realizado, mas nunca em países em condições sócio-econômica deficitária. Tal evento dever ser realizado nos berços do consumismo ocidental, onde pelo menos já existe a prática de um modelo sócio-econômico menos injusto. Induzir um povo ignorante de suas próprias necessidades a aceitar a realização de um evento da altura da copa em detrimento do que poder-se-ia fazer no setor social com tanto dinheiro, é no mínimo anti-ético para não dizer vergonhoso. Onde fica a ética e a dignidade destes dirigentes? Será que irão divulgar um balanço positivo para o povo africano do sul decorrente da realização da copa? Quem ganhou mais dinheiro, as multinacionais do esporte ou a África do Sul? É ético fazer copa do mundo num mundo de extrema pobreza? Por que a Fifa não organiza a copa do mundo onde já existe uma infra-estrutura permanente e que não foi paga pelo sacrifício do povo? Porque a FIFA acha que sua ação é de libertação econômica de povos pobres, quando na realidade, nesta circunstâncias, não passa de uma simples esmola. Aliás, o mundo ocidental é contumaz em dá esmolas para África, após sugar seu néctar. Quem disse que depois deste evento a vida do povo melhorá em termos gerais? Quem colocou na cabeça da FIFA que a copa do mundo realizada em países pobres muda sua triste realidade? Quem deu esta função ao esporte? Será que a partir de agora, depois da copa os indicadores sócio-econômicos da África do sul sofrerão sequer uma pequena mudança para melhor? Será que seu povo deixará de ser vitima de 500 mil estupros por ano? Será que diminuirá os 55 mil homicídios anuais? E em que se transformarão os barracos de Soweto? Aqueles sim; são barracos de verdade, não os do Rio de Janeiro, que em comparação parecem mais palacetes! Se for em nome da integração dos povos trata-se de uma grande balela, visto que após a copa cada um volta as suas casas e nunca mais falará do local onde ocorreu a última copa. Não sou contra o futebol enquanto esporte, mas sou contra o futebol profissional, onde de esporte passa a ser uma profissão velada e encharcada de maus profissionais, entre eles os indevidamente chamados atletas. Anti—profissionais que se locupletam, com a anuência dos cartolas às custas dos clubes e das entidades federativas e dos empresários dos jogadores. Estes últimos que se locupletam inventando craques e inflacionando o mercado de futebol, que no fundo mais parece um mercado de escravos. Profissionais que se aproveitam da fraqueza do torcedor para enganá-lo, muitas vezes frustrando suas esperanças e sua alegria. Não podemos negar que a Copa do Mundo é um evento bonito, mais daí até integrar povos vai uma longa distância. Pode integrar sim povos já social e financeiramente integrados, visto que o capital é universal. Quando penso em realizar copa do mundo, penso no Brasil de 2014 e em seguida nas olimpíadas de 2016, o que farão deste País. Mas, já vimos o filme chamado PAM 2007. Brasil, que Deus te proteja, porque vem chumbo grosso!
Até lá!!..
José Antonio da Silva – Cabo Frio, 12/07/2010.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
SILÊNCIO
SILÊNCIO
Nada melhor que o silêncio
Para apagar as marcas de um tempo,
marcado pela dor e sofrimento.
A dor faz parte do amor, é na
realidade sua essência, posto que,
de outro modo caracteriza-se a indiferença!
Amar é sofrer, já diz o poeta, que muito,
usa deste termo brega, lugar comum,
mas que na verdade pega!
O tempo leva, o tempo traz, e o silêncio
ajuda sua ação voraz de apagar da alma
o que ficou para trás. Mas nem sempre
o tempo satisfaz, em muitos casos, a espera
é grande e a dor é forte, chega a ser demais!
Mas há o tempo da graça, o tempo da desgraça,
onde só o silêncio restitui a paz.
Por que falar se tudo já foi dito, se tudo já foi visto,
e nada mais desfaz? O que está feito, está bem feito,
e só o tempo, com a força do silêncio exporá a
verdade da vida das pessoas.
Preciso da verdade para me conter,
e da força do silêncio para me convencer
do que penso, vejo e vivo.
Às vezes tenho dúvidas.
José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 21/07/2010.
Nada melhor que o silêncio
Para apagar as marcas de um tempo,
marcado pela dor e sofrimento.
A dor faz parte do amor, é na
realidade sua essência, posto que,
de outro modo caracteriza-se a indiferença!
Amar é sofrer, já diz o poeta, que muito,
usa deste termo brega, lugar comum,
mas que na verdade pega!
O tempo leva, o tempo traz, e o silêncio
ajuda sua ação voraz de apagar da alma
o que ficou para trás. Mas nem sempre
o tempo satisfaz, em muitos casos, a espera
é grande e a dor é forte, chega a ser demais!
Mas há o tempo da graça, o tempo da desgraça,
onde só o silêncio restitui a paz.
Por que falar se tudo já foi dito, se tudo já foi visto,
e nada mais desfaz? O que está feito, está bem feito,
e só o tempo, com a força do silêncio exporá a
verdade da vida das pessoas.
Preciso da verdade para me conter,
e da força do silêncio para me convencer
do que penso, vejo e vivo.
Às vezes tenho dúvidas.
José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 21/07/2010.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
LAPSO DE TEMPO
LAPSO DE TEMPO
Não percebo o tempo,
nem sequer o vento
para me soprar.
Não percebo nada para
me motivar, nem sequer
o sopro da brisa do mar.
Estou à sua frente, é só mergulhar,
mas não mergulho nele, que é
de água e de sal, mergulho no vácuo
do meu pensamento, abstrato e indiferente,
ao que penso e ao que sinto, porque não sinto!
No escuro da noite acendo a luz, mesmo assim
nada vejo, apago a luz, logo vejo, a escuridão,
a insatisfação e a incompreensão de tudo que desejo!
É um lapso de tempo em que não me vejo,
em que não me sinto, só me desconheço.
Claramente não sei o que quero, nem se quero.
Cadê o sono, onde está o sossego, há um mal-estar
que não tem começo como se a vida fosse muito longa,
onde o espírito se cansa da matéria que se resigna
a purificá-lo!
José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 19/07/2010.
Não percebo o tempo,
nem sequer o vento
para me soprar.
Não percebo nada para
me motivar, nem sequer
o sopro da brisa do mar.
Estou à sua frente, é só mergulhar,
mas não mergulho nele, que é
de água e de sal, mergulho no vácuo
do meu pensamento, abstrato e indiferente,
ao que penso e ao que sinto, porque não sinto!
No escuro da noite acendo a luz, mesmo assim
nada vejo, apago a luz, logo vejo, a escuridão,
a insatisfação e a incompreensão de tudo que desejo!
É um lapso de tempo em que não me vejo,
em que não me sinto, só me desconheço.
Claramente não sei o que quero, nem se quero.
Cadê o sono, onde está o sossego, há um mal-estar
que não tem começo como se a vida fosse muito longa,
onde o espírito se cansa da matéria que se resigna
a purificá-lo!
José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 19/07/2010.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
BAIA DA GUANABARA SOBRE TODOS OS ASPECTOS...
BAIA DA GUANABARA SOBRE TODOS OS ASPECTOS...
Deus gotejava sobre as cabeças dos transeuntes uma chuva finíssima. Na realidade pulverizava mais que gotejava. Uma típica manhã de outono era um colírio para os olhos de quem passava pelas pistas de caminhada do aterro do flamengo. Um céu cor de chumbo fazia passar por entre os nimbos a luz do sol prateando a cor da água da baia em pleno dia. Para o lado das terras de Arariboia a silueta dos morros era delimitada pela bruma formada pelos raios solares em contato com a água das nuvens. Na direção do fundo da baia traços geométricos da ponte Rio-Niteroi apareciam de leve entre a bruma. Do aeroporto Santos Dumont enormes aviões levantavam vôos como verdadeiros pássaros mecânicos dando o colorido especial ao quadro! De repente um jovem caminhante me chama atenção, não mais havia um centímetro quadrado de pele para se fazer outra tatuagem, por menor que fosse. As tatuagens cobriam cabeça, tronco e membros. As pessoas caminhavam celeremente, cada uma em seu ritmo, parecendo não perceberem tanta beleza ao redor da baia, em que pese as múltiplas agressões ambientais de que vem sendo vitima há muito tempo. Algo distraído fui atropelado por uma matilha conduzida por uma linda senhorita que a meu ver era tenaz defensora da família mamalia. Num lapso de tempo um dos cães para de repente provocando uma parada instantanea dos demais que caíram num efeito dominó. Mesmo assim o cãozinho não deixou de satisfazer sua necessidade fisiológica, despejando na pista um presente de grego do tamanho de um cuscuz! Displicentemente a moça fez vista grossa e cio! Do lado de cá da baia lembrei dos tupinambás e logo me veio a imagem da selva nativa, do jardim natural que é a mata atlântica, logo vi o braço de Deus nestas terras e vi aflorar meu sentimento panteísta. Sempre que vejo a beleza atribuo a Deus sua essência. Sendo onipotente só Deus pode ser a essência de tudo que percebe os nossos sentidos. Mesmo sem a exuberância da mata completa que já existiu no espaço onde caminhava, senti sua forma no campo das idéias. Olhando para barra vislumbrei traços tênues da fortaleza de Santa Cruz, resquício do inicio da nossa civilização. Dali os portugueses mandaram muitos franceses para o lado de lá! Depois o pão de açúcar embasado pelo morro da Urca davam suporte solidário ao bondinho que subia e descia mostrando aos seus passageiros toda beleza da Guanabara. Em dado momento senti a força da natureza na luta contra sua degradação, mesmo insistindo em destruí-la o homem insensível não consegue, no fundo não conhece o pulo do gato para destruí-la! A terra reage e faz brotar a vida, a vida da beleza e do encantamento. A terra devolve ao homem o que ele toma dela! O homem maior parasita do mundo se abisma com a reação da terra. Por que? Será a terra o próprio deus? Se for por que não restringe a ação de sua cria? Bom – não sei porque quero falar de beleza e acabo falando de Deus, talvez porque seja Deus toda beleza que existe em nós, em si e no Universo!
José Antonio da silva – Rio da Janeiro -24/04/2010.
Deus gotejava sobre as cabeças dos transeuntes uma chuva finíssima. Na realidade pulverizava mais que gotejava. Uma típica manhã de outono era um colírio para os olhos de quem passava pelas pistas de caminhada do aterro do flamengo. Um céu cor de chumbo fazia passar por entre os nimbos a luz do sol prateando a cor da água da baia em pleno dia. Para o lado das terras de Arariboia a silueta dos morros era delimitada pela bruma formada pelos raios solares em contato com a água das nuvens. Na direção do fundo da baia traços geométricos da ponte Rio-Niteroi apareciam de leve entre a bruma. Do aeroporto Santos Dumont enormes aviões levantavam vôos como verdadeiros pássaros mecânicos dando o colorido especial ao quadro! De repente um jovem caminhante me chama atenção, não mais havia um centímetro quadrado de pele para se fazer outra tatuagem, por menor que fosse. As tatuagens cobriam cabeça, tronco e membros. As pessoas caminhavam celeremente, cada uma em seu ritmo, parecendo não perceberem tanta beleza ao redor da baia, em que pese as múltiplas agressões ambientais de que vem sendo vitima há muito tempo. Algo distraído fui atropelado por uma matilha conduzida por uma linda senhorita que a meu ver era tenaz defensora da família mamalia. Num lapso de tempo um dos cães para de repente provocando uma parada instantanea dos demais que caíram num efeito dominó. Mesmo assim o cãozinho não deixou de satisfazer sua necessidade fisiológica, despejando na pista um presente de grego do tamanho de um cuscuz! Displicentemente a moça fez vista grossa e cio! Do lado de cá da baia lembrei dos tupinambás e logo me veio a imagem da selva nativa, do jardim natural que é a mata atlântica, logo vi o braço de Deus nestas terras e vi aflorar meu sentimento panteísta. Sempre que vejo a beleza atribuo a Deus sua essência. Sendo onipotente só Deus pode ser a essência de tudo que percebe os nossos sentidos. Mesmo sem a exuberância da mata completa que já existiu no espaço onde caminhava, senti sua forma no campo das idéias. Olhando para barra vislumbrei traços tênues da fortaleza de Santa Cruz, resquício do inicio da nossa civilização. Dali os portugueses mandaram muitos franceses para o lado de lá! Depois o pão de açúcar embasado pelo morro da Urca davam suporte solidário ao bondinho que subia e descia mostrando aos seus passageiros toda beleza da Guanabara. Em dado momento senti a força da natureza na luta contra sua degradação, mesmo insistindo em destruí-la o homem insensível não consegue, no fundo não conhece o pulo do gato para destruí-la! A terra reage e faz brotar a vida, a vida da beleza e do encantamento. A terra devolve ao homem o que ele toma dela! O homem maior parasita do mundo se abisma com a reação da terra. Por que? Será a terra o próprio deus? Se for por que não restringe a ação de sua cria? Bom – não sei porque quero falar de beleza e acabo falando de Deus, talvez porque seja Deus toda beleza que existe em nós, em si e no Universo!
José Antonio da silva – Rio da Janeiro -24/04/2010.
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