BAIA DA GUANABARA SOBRE TODOS OS ASPECTOS...
Deus gotejava sobre as cabeças dos transeuntes uma chuva finíssima. Na realidade pulverizava mais que gotejava. Uma típica manhã de outono era um colírio para os olhos de quem passava pelas pistas de caminhada do aterro do flamengo. Um céu cor de chumbo fazia passar por entre os nimbos a luz do sol prateando a cor da água da baia em pleno dia. Para o lado das terras de Arariboia a silueta dos morros era delimitada pela bruma formada pelos raios solares em contato com a água das nuvens. Na direção do fundo da baia traços geométricos da ponte Rio-Niteroi apareciam de leve entre a bruma. Do aeroporto Santos Dumont enormes aviões levantavam vôos como verdadeiros pássaros mecânicos dando o colorido especial ao quadro! De repente um jovem caminhante me chama atenção, não mais havia um centímetro quadrado de pele para se fazer outra tatuagem, por menor que fosse. As tatuagens cobriam cabeça, tronco e membros. As pessoas caminhavam celeremente, cada uma em seu ritmo, parecendo não perceberem tanta beleza ao redor da baia, em que pese as múltiplas agressões ambientais de que vem sendo vitima há muito tempo. Algo distraído fui atropelado por uma matilha conduzida por uma linda senhorita que a meu ver era tenaz defensora da família mamalia. Num lapso de tempo um dos cães para de repente provocando uma parada instantanea dos demais que caíram num efeito dominó. Mesmo assim o cãozinho não deixou de satisfazer sua necessidade fisiológica, despejando na pista um presente de grego do tamanho de um cuscuz! Displicentemente a moça fez vista grossa e cio! Do lado de cá da baia lembrei dos tupinambás e logo me veio a imagem da selva nativa, do jardim natural que é a mata atlântica, logo vi o braço de Deus nestas terras e vi aflorar meu sentimento panteísta. Sempre que vejo a beleza atribuo a Deus sua essência. Sendo onipotente só Deus pode ser a essência de tudo que percebe os nossos sentidos. Mesmo sem a exuberância da mata completa que já existiu no espaço onde caminhava, senti sua forma no campo das idéias. Olhando para barra vislumbrei traços tênues da fortaleza de Santa Cruz, resquício do inicio da nossa civilização. Dali os portugueses mandaram muitos franceses para o lado de lá! Depois o pão de açúcar embasado pelo morro da Urca davam suporte solidário ao bondinho que subia e descia mostrando aos seus passageiros toda beleza da Guanabara. Em dado momento senti a força da natureza na luta contra sua degradação, mesmo insistindo em destruí-la o homem insensível não consegue, no fundo não conhece o pulo do gato para destruí-la! A terra reage e faz brotar a vida, a vida da beleza e do encantamento. A terra devolve ao homem o que ele toma dela! O homem maior parasita do mundo se abisma com a reação da terra. Por que? Será a terra o próprio deus? Se for por que não restringe a ação de sua cria? Bom – não sei porque quero falar de beleza e acabo falando de Deus, talvez porque seja Deus toda beleza que existe em nós, em si e no Universo!
José Antonio da silva – Rio da Janeiro -24/04/2010.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
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