sexta-feira, 27 de agosto de 2010

NOSTÁLGICO

NOSTÁLGICO

O dia vai, o dia vem,
O tempo passa pelos
Mesmos lugares, eu
Sem algo – para amar!
Deito a pensar na nostalgia,
Que causa, tudo que é passado,
Vem a lembrança do que era.
A música invade o espaço,
A voz do cantor é gutural,
Um jazz se espraia na brisa do mar.
Paro – penso por onde andará
O amor, em que ares respira,
Em que mares mergulha ou foi
Navegar.
Volto de grande distância, do fundo
Do poço para superfície para me
Reencontrar!
Redescubro a realidade nua e crua
Que a vida impõe aos fracos
De sentimento, não vejo sequer
Um alento para me transformar!
A noite cai, de cima do morro
A luz se faz na cidade maravilhosa,
O som recrudesce é carinhoso, sobre
A baia e a silueta cobre, da beleza,
A baia se mostra transpassada pelo
Traço arquitetônico que leva as
Pessoas de um lado para o outro de suas águas.
No palco surge a mulher com um vestido cortina,
Manda música no ar e uma balada se ouve soar.
Cada um canta uma canção que fala da vida,
A noite continua e se aproxima da madrugada,
Da Urca ao pão de açúcar vê-se o Rio iluminado,
Sob a silueta do céu enfeitado de estrelas a
Contemplar as águas da Guanabara maltratada!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 19/08/2010.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

AS ELEIÇÕES ESTÃO CHEGANDO

AS ELEIÇÕES ESTÃO CHEGANDO

Faltam menos de dois meses para as eleições de 2010. Há uma candidata egressa das pastas governamentais, logicamente, apoiada pelo governo; mais ainda, pelo presidente da república, de forma especial. O presidente assumiu a responsabilidade pela indicação da candidata, fundamentalmente, acreditando no seu poder de eleger seu sucessor, visto o seu alarmante índice de popularidade jamais visto neste país de aquém mar.
O presidente aposta no sucesso de sua política de governo e quer, portanto, continuá-lo através de um sucessor que tenha sua chancela. Aposta, mais ainda, no seu carisma – coisas da política. Mais uma vez, até por uma questão cultural, todas as mazelas do país lhes são jogadas às costas, como se ali estivesse por conta de sua própria força. Felizmente, não é bem assim. Pelo que sabemos, o presidente, nas duas vezes que chegou ao poder, o fez por disputas de eleições consideradas justas e democráticas, portanto, isentas de pressões de quaisquer naturezas.
Sabemos que em toda democracia que se preza há oposição e que esta oposição é feita por pessoas capazes de formar opinião, tanto que são, em sua maioria, candidatas a cargos eletivos na política partidária. Digo assim porque não costumamos ver pessoas comuns fazerem oposição ao governo, nem mesmo nas facções organizadas de nossa sociedade. Na realidade, a maioria destas pessoas critica o governo e almeja uma fatia no poder, não por uma questão ideológica como, por exemplo, uma filosofia de governo democrático, mas antes criticam em defesa de seus interesses ou de interesses grupais.
Não falo assim em defesa deste governo que aí está, mas para mostrar que ele está colocado democraticamente pela sociedade de acordo com os seus padrões éticos e políticos. Por que assim penso? Porque sei que, com o nível de politização que tem a sociedade brasileira, é impossível ter um governo diferente do que temos conseguido eleger nos anos pós-golpe militar. Qualquer presidente ou partido que chegar ao poder fará o mesmo que tantos outros já fizeram. Pelo que vimos nestes últimos vinte e cinco anos, nenhum presidente chegou ao palácio da alvorada com um plano de governo que tenha uma idéia, uma filosofia, e, se alguém o teve, nem divulgou para sociedade nem tampouco conseguiu implementar durante o seu mandato.
O que vimos, ao longo dos anos, foram tentativas de resoluções para atender as demandas. Para não sermos injustos, não devemos esquecer que, no governo do PSDB, algumas políticas de base tiveram início - mais devido ao esforço do seu mentor, detentor de um enorme intelecto no conhecimento geral e na arte da política, que da classe política. No meio da celeuma em que vivemos, temos que registrar a manipulação dos governos pelas classes que detém os meios de produção, sem a ajuda das quais ninguém consegue se eleger neste país, muito menos os dirigentes maiores que representam prefeitos, governadores de estados e presidente da república. Esta influência nefasta é forte a ponto de vermos uma candidata, que está em último lugar nas pesquisas e que sabidamente terminará as eleições no mesmo lugar, dizer que não gastará mais de noventa milhões de reais na campanha, donde se pergunta: de onde virá tanto dinheiro? Quais interesses defenderá esta candidata? Ou será que está acima de qualquer suspeita? Quanto gastará o que for eleito e que interesses defenderá?
Diante desta dura realidade, perguntamos: quando será que teremos um governo com uma filosofia de trabalho adequada às nossas demandas e que possa implementá-la de cabo a rabo? Quando será que vamos ter um governo que aplique massiçamente na educação - como fez a Coréia do Sul, cujos indicadores sócio-econômicos em 1961 eram piores que os do Brasil e, hoje, é uma potência econômica e social - para nos tirar do ostracismo político?
No tempo em que vivemos, vemos a tecnologia encurtar tempo e espaço, tanto que, para isso, temos a Coréia do Sul como testemunha e exemplo de sensibilidade social dos seus dirigentes políticos. Não precisamos esperar mais mil gerações para evoluirmos como sociedade. Está provado; a Coréia evoluiu em menos de meio século. Se pensarmos bem, já temos uma economia baseada em nossos recursos naturais, em sua maioria, capaz de nos libertar economicamente e, em conseqüência, cultural e socialmente. E finalmente, quando será que a nossa infante democracia deixará de ser um embrião patológico para tornar-se um adulto saudável que liberte o nosso povo? Pensem nisso, pois, no momento, aqueles que formam opinião e aqueles que detêm os meios de produção são responsáveis pelos governos que elegem ou ajudam eleger!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 15/08/2010.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

MONÓLOGO

MONÓLOGO

Às vezes abro a janela
para ver onde estou.
Descubro – estou só.
Ouço um som nostálgico,
penso num poema, e
também no poeta.
A letra é bonita, canta a vida
que a gente leva, ou a que
nos leva! Que a gente chora
ou rir!
Mas é longa a espera, pela
morte ou por ela!
Enquanto o som ecoa,
a vida transcorre à toa,
às vezes ruim outras numa boa.
Na rua não vejo o que quero
olho de lado vejo a forma,
vejo o jeito e o gesto,
mas, não vejo o resto do que
quero ver, não vejo o rosto
que procuro. Pressinto algo obscuro!
Talvez ninguém, talvez você, sequer
alguém para me compreender.
Entro no clima, me toco pulo
a janela entro no escuro
só para ver se a vejo!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 03/08/2010.