terça-feira, 23 de julho de 2013

MINHAS PRIMEIRAS IMAGENS

MINHAS PRIMEIRAS IMAGENS Debaixo da árvore, ao pé da ladeira começava a rua, era numa subida, muito íngreme, ladeada de casas de taipa cobertas de folhas de coqueiro, secas! Do lado oposto uma montanha, nela subia o féretro em direção ao cemitério. Passava pela frente da matriz. Era uma tarde solitária e triste. Nunca esqueci aquela imagem, o caixão era marrom, cor, pouco comum, o normal era o preto. O defunto era seu Celestino, velho solitário e triste que usava barba grande. O céu de Bananeiras era muito azul, como céu de brigadeiro juntava muitos cirros. Meu olhar distante não via significado em nada, mas, gravara-me aquela imagem para sempre. Desde pequeno ouvia histórias de pessoas mortas como sendo coisa de assombração, a medida que crescia aprendi a ter medo de velório, passava pela outra rua para chegar em casa, quando havia um antes da minha! Deus me livre...! Foi assim que me ensinaram ver a morte, como se ela não fosse apenas o fim da vida física. Em Bananeiras as pessoas tinham por hábito enterrar seus mortos no fim da tarde, dessa forma o féretro era mais sinistro, o manto escuro da noite que logo chegaria terrorificava o quadro, metendo medo nos vivos. Naquela noite poucos dormiriam. Bananeiras era um lugar bonito, incrustado na serra, onde poucas pessoas habitavam. Ainda pequeno deixei meu lugar, mas as imagens não deixei lá! Trago-as comigo e as vejo quando quero ver meu lugar! José Antonio da Silva - Cabo Frio - 23/07/2013.

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