quarta-feira, 30 de junho de 2010

MENINA DE RUA

MENINA DE RUA

Vi a menina era uma graça,
Olhava a rua, olhava a praça,
A cara não era boa, estava suja,
Estava aflita de desgraça!
Ninguém via a menina senão
A praça que era inerte e não
Via nada! Assim como a praça,
Eram todos inertes, ninguém
Via a graça, que era a menina!
De tão bonita seu rosto mostrava,
A marca do desamor que por
Ironia era dos humanos!
A menina me olhava de soslaio
Me pedia calada que lhe desse algo,
Para matar a fome da necessidade
Talvez a fome física que a atormentava.
Vivia a ética do estômago que é voraz,
Que transforma o homem no que não é capaz.
O Brasil faz um gol a massa goza atordoada,
Esquece a sua própria desgraça e também
Suas crianças, pueris abandonadas!
Desnudas de quase tudo, de quase roupa,
Que era rasgada, e a galera extasiada,
Mais um gol e a menina não tinha nada!
Mas, a moçada rugia embriagada, pelo
Ópio do povo o futebol, onde cada gol
Custa uma bordoada na cabeça dos quase nada!
Vi a menina na encruzilhada apenas uma das
Muitas abandonadas!
Quanto mais vejo meninas tresmalhadas, mais
Sinto o reio do vaqueiro na lombada!
Ai como dói ver crianças desprezadas.

José Antonio da Silva – Cabo Frio, 30/06/2010.

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