quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

AS TÊTAS DA JULIETA

AS TÊTAS DA JULIETA
- Julieta foi uma colega de faculdade, quando me lembro dela sinto saudades e muito boas lembranças. Durante meu tempo de universidade fiz muitas amizades, era amigo de quase todos os colegas de turma, mas, nenhuma foi como a minha amizade pela Julieta. Primeiro, pelo inusitado ou seja, pelo fato de ser tão amigo de uma colega, quando o normal neste caso é ter um colega como um grande amigo dos tempos da faculdade. A dita cuja era um preta sextavada, reforçada e reboculosa, mulher daquelas que dá água na boca de mosquito.
- Muito disfarçada e faceira, a nêga, era irreverente e lasciva. Dona de um corpo invejável Julieta de tinha têtas fartas, capaz de alimentar muitos amores. Apesar de toda sua sensualidade nunca me vi com ela na cama, gostava mesmo de sua companhia, de ser seu amigo mais íntimo, digno de ser depositário de seus segredos e intimidades. Às vezes nos pegávamos falando de tudo, de longos papos sobre sexo, transas, coisas eróticas, mas nem assim jamais avancei o sinal para o lado da minha diva da negritude. Éramos como irmãos, modificados claros, porque falavamos de coisas que irmãos não falam entre si.
-Julieta não tinha namorado, em que pese a sua lascividade, seu sorriso despejava mel e suscitava desejo. Seus dentes alvos e regulares produziam para mim o sorriso das deusas gregas, com uma diferença, era algo mais bonito porque a alvura dos dentes contrastava com o vermelho dos lábios e o negro da pele. O fato dela não ter namorado me deixava à vontade, às vezes me sentia seu dono, no bom sentido claro, pois estava sempre disponível para mim. Melhor ainda estávamos sempre disponíveis um para o outro.
-Com tanto apego e proximidade, pois não havia dia em que não estivéssemos juntos, na sala de aula cadeira lado a lado, nas festas na mesma mesa, na praia na mesma barraca, e na hora de comer ou beber, um servia ao outro. Havia zelo e carinho na nossa relação. Eu amava Julieta, tinha certeza que ela me amava, mas na realidade não éramos um do outro. Estavamos sempre no status de grandes amigos.
-Naquela época, apesar de andar colado na Julieta eu andava por baixo em relação aos meus amigos, não pegava ninguém, enquanto eles pegavam todas, era contumaz emprestar meu carro para os meus colegas saírem com as meninas, enquanto eu ficava a chupar o dedo, mas sempre ao lado da Julieta. Chegava a sofrer com a minha situação de boca virgem. Ficava cabisbaixo e às vezes triste, até que uma dia, Julieta percebeu minha timidez e logo tratou de tomar suas providências. Após uma espécie de triagem, que constou de um interrogatório nada comum para uma amiga, me perguntou:
-Peter que há com você? Por que nunca te vejo pegar uma garota? Você não transa ou é gay? Fiquei pasmo! Quase vomitei de vergonha e mesmo diante de toda intimidade de que dividíamos busquei enfiar a cara no próprio pescoço, assim como faz a tartaruga, aliais a bem da verdade foi o que me senti naquele momento, uma tartaruga e das mais lentas possíveis, daquelas que perdem até mesmo para uma lesma.
- O tempo passava e eu não conseguia compreender meu dilema, não entendia porque não pegava ninguém. Comecei a achar que estava apaixonado pela Julieta mas, não sabia, nem tampouco ela.
-Um belo dia sai com a Julieta para me testar, disposto a tentar descobrir o que eu na verdade sentia por ela. Parece coisa feita, em dado momento Julieta me interpela da seguinte maneira: - Peter quer saber de uma coisa? – Respondi: manda e ela: tenho pensado muito em você, nossa fiquei lívido, - Como assim, perguntei – ela então falou, o fato de você não pegar ninguém me preocupa tanto que resolvi te levar na zona. – Eu o quê? – Ela na zona, no baixo meretrício, não só vou te levar como arranjar uma puta pra te comer! Entendeu? Afinal de contas eu sou ou não sou tua amiga? - Ponto final. Naquela hora, meu pinto se encolheu mais que pescoço de tartaruga, se escondeu, desapareceu, foi parar na próstata, senti até a dor quando ele chegou lá!
- Qual não foi minha decepção, de repente a mulher de quem pensei que poderia descobrir um verdadeiro e enrustido amor mostrava-se agora prestes a se tornar minha cafetina. Meu mundo caiu, mas eu não podia cair com ele e para mostrar que isto não aconteceria topei ir para zona com a Julieta.
- A partir daí sempre que queria pegar, Julieta me levava para zona, e me indicava quem pegar e melhor me esperava até eu me fartar e voltar para os seus braços. No carro, deitava a cabeça no seu colo e curtia a tristeza de depois, se como com ela tivesse transado. Assim ficamos por muito tempo, até que uma dia, o curso acabou e por força das circunstâncias nos separamos. Eu pra cá, ela pra lá.
-Nunca esqueci de Julieta, nem tampouco descobri se a amava ou não de verdade até que um dia, durante um encontro de turma, ficamos a sós na piscina, conversa vai, conversa vem, quando de repente me encontro pegando nos peitos da Julieta, que por sua vez não esboçou qualquer reação.
- A vida é assim, nem sempre conseguimos convier com o nosso verdadeiro amor.
José Antonio da Silva – Cabo Frio – 02/12/2010.

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