quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

DEUS, O TEMPO E O POVO

DEUS, O TEMPO E O POVO
O tempo do povo não existe para Deus. Para Ele o tempo é eterno, Sua visão do tempo é infinita. Para o povo a visão é finita e previsível. Por isso o povo marca o tempo, para saber quanto tempo terá vivido ou viverá. Uma das formas de marcar o tempo são justamente a comemoração de natal e de ano novo, de carnaval e outras sandices mais. Diga-se de passagem, todos estes fatos são atribuídos a Deus, na cabeça do povo. É como se houvesse natais e anos novos e outras datas mais. O povo não percebe que o ano é maior do que imagina e que portanto, vai muito além de sua mensuração. O povo procura marcar sua passagem perceptível aqui na terra através de manifestações rudimentares e sem sentido, porque o povo é rudimentar e o pensamento geral é rudimentar e tudo que o povo faz é rudimentar diante de Deus.
Ele joga dado, Ele se diverte com que o povo faz porque tudo Lhe parece rudimentar. Só a alguns, Ele livra dos rudimentos. O povo ignora e faz questão de ignorar, está perdido, por isso marca o tempo para se orientar. Marcações sem sentido é o mais comum. Diferentemente de alguns que marcam o tempo pelo que fazem de bom, de profícuo para a humanidade, digo para o povo.
Comemorar a passagem de um ano para o outro é desconhecer a infinitude do tempo do espaço e da matéria. A matéria é finita enquanto tem forma; amorfa é finita, invisível e energizada. Qualquer retrocesso a faria matéria novamente.
De modo geral o povo não percebe isto, então marca o tempo. O tempo só tem marcas na cabeça do povo, na cabeça de Deus o tempo é o próprio espaço onde estão contidos energia e matéria e a grande explosão de um longínquo passado.
O que são as marcas na cabeça do povo, senão a existência virtual das suas substancias agregadas? O povo se encaixa no tempo abstrato com sua substância concreta e energizada, factível de virar tempo e espaço a qualquer instante, mas não percebe. O povo vê o tempo que não existe enquanto o tempo segue apesar do povo. O tempo não tem compromisso com o povo. O povo vira átomos sem saber.
O povo grita, pula, dança, canta e se embriaga sem saber por quê. Pergunte ao ébrio porque faz isso. Certamente não saberá lhe responder.
O povo brinca com o tempo que o está ameaçando de destruição, mas, o povo não vê. Deus vê, mas, deixa o povo ao bel prazer.
O tempo vive sem água, sem árvores, sem mares, sem comer, vive sem tudo que o povo precisa para viver. Mas, o povo nem quer saber. Se for para viver, vamos viver. Para que saber por quê?
Deus sabe que o povo vive no tempo que Ele lhe prouver. Deus sabe que o povo não sabe o que quer. O povo vive como Deus quiser.
Mas, Deus às vezes não quer que o povo viva, então manipula o tempo e o povo deixa de viver. Viver é sempre uma questão de tempo. O tempo Deus é quem faz o povo viver.
Marcar o tempo significa o espaço que o povo tem para viver. Sabendo que o tempo concedido é finito, o povo marca o espaço para viver. O espaço poder ser físico e pode ser de tempo, o espaço é duplo para o povo viver, indolentemente, inexplicavelmente até morrer. Num espaço livre o povo vive inconscientemente a restrições e intempéries do tempo. O povo marca o tempo e prevê o tempo em que vai morrer, sem que isso altere o seu modo de viver.
Deus soberanamente deixa o povo viver sem saber por quê. Tanto que o povo procura, procura mas nunca sabe por quê. “Vive”!
O povo marca o tempo para não morrer prematuramente.
Por: José Antonio da Silva
Rio de Janeiro – 31/12/2009.
(O último dia do ano às vezes nos faz refletir, se é que existe ...)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

MOTIVOS & MOTIVOS

MOTIVOS &MOTIVOS
Não vou dizer que não dei motivos,
motivos sim, motivos não, mas,
nunca motivos de excreção.
Não que eu viva apenas a lamentar,
nem que busque motivo para voltar,
isto não peço, mas que revise
conceitos, isso peço.
Peço porque sei que há motivos para
explicação. Como não há?
Peço uma busca na consciência, pois
quem fica desce em queda livre no vazio do abismo,
Sepulcral.
Pior ainda sem a pá de cal, sendo
apenas o que faltou, nesta morte factual,
onde se enterra em pé o defunto vivo.
Solidariedade falta nesta ocasião, em
que todos vamos adoecer, mais cedo
ou mais tarde diz o calendário, não que
deseje tal fato que vai um dia acontecer.
Presta a atenção, não tenha medo,
quando isto acontecer. Se acontecer!
Às vezes não dá tempo, é muito rápido,
Nem se pode ver!
Desculpe o mau presságio que não
quero ter. Falo apenas do fato!
Mas, a vida é assim, uns morrem
Para outros viverem!
Mesmo doente minha saúde é forte!
Quem sabe um dia, ainda vou te ver!

José Antonio da Silva,
Rio de Janeiro 30/12/2009.

A RUA

A RUA
Por muito tempo vaguei pela rua ,
fiz dela meu templo,
porque não havia nada além da rua,
senão às vezes a lua contemplada sob
o véu da noite, tão escuro quanto minha
consciência. Olhava para cima para disfarçar,
sentía, o vento soprar sem sentido. Não sabia
o que fazer, além de esperar que algo acontecesse
de concreto já que em mim havia o desejo.
Andava para lá e para cá até estafar, quase sempre
perdido desejava coisas impossíveis, como, amar livremente,
sem ser importunado, não que fosse uma amor atentatório,
mas antes um amor possível e sem preconceito,
um amor que nasce num gesto, penetra o peito, atinge o coração,
enlouquece o cérebro e dispensa a razão.
Viver além da impossibilidade, de ser amado, mas aquém do amor
Perfeito.
A silueta de um espaço imaginário e contido me restringia e mostrava
a verdade de outras eras antes vividas e aprendidas e ensinadas, me
impingiam maléficos e constrangedores limites da ética vigente,
como se fosse lei que proibisse sentir e manifestar. Coibir é a regra
dos olhares circundantes, ignorantes censores, homens de mãos dadas
espiam além de suas contas o que penso, inibem a ação do coração e
da alma desgarrada em busca das bênçãos de amor!
Reconheço que existo para amar, senão antes morrer!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 29/12/2009.

QUANTAS PALAVRAS

QUANTAS PALAVRAS

Quantas palavras poderiam ser ditas,
mas quantos as ouviriam? Meu discurso
é indigesto,fala de fome e de protesto,
quando não fala de amor. Afinal que
importância tem a fome para quem
come? O protesto para quem não
tem motivo ou o amor para quem
não ama?
Por que falar além do necessário
se quase ninguém aceita algo que
não seja comum?
Por que falar das sombras se há
tanta clareza sob a luz? A luz que clarea
a mente de quase todos não é a mesma
que alumia a de alguns beneméritos da
natureza.
as sombras não mostram clareza.
A luz que alumia a cabeça de todos, brilha
apenas na cabeça de poucos. Não é a mesma
luz que mostra a todos, todas as coisas, é luz
que se dispersa e se apaga aos poucos.
Não na cabeça de poucos!
Poucos são alguns que se destacam no meio
de todos quando conseguem se fazer entender,
quando as palavras não são somente palavras
extemporâneas, distantes da realidade contemporânea.
Quando não são um pouco demais para ignorância,
posto que é mais fácil viver na mediocridade onde
se fala de moda em vez de fome, porque a fome de que falam
não é a fome que mata, mas, a fome que conta, somas
e somas incontáveis extraídas do imponderável egocentrismo
de poucos que dão as cartas que ganham o jogo, o maldito
jogo do venha a nós, a vosso reino nada!
Onde está o amor do imponderável egocentrismo humano?
Qual ego ama para não satisfazer-se. O ego ama a si mesmo,
apenas projeta seu amor em outro ego, para ver de perto sua
exteriorização. Por olhar para dentro o ego não si ver. Se olhasse
em si não seria ego!
O ego tem um projeto solitário no qual espelha-se e se hipertrofia,
O ego é louco e autofágico, embora de forma incompreensível,
Escapa de si mesmo.

José Antonio da silva,
Rio de Janeiro, 30/12/2009.
(Ninguém ouve as minhas palavras,nem tampouco as lêem...)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

EM QUE PESE O CALOR DA NOITE

EM QUE PESE O CALOR DA NOITE...

Em que pese o enorme calor que faz esta noite, não é suficiente para aquecer o frio que sinto na alma. Não sei bem o porque de tanto frio. Nem tão pouco sei se alma sente frio ou até mesmo se existe. Acho que sim, pois o mal-estar que sinto nas entranhas, só pode ser da alma, coisa do espírito, caso contrário, seria uma dor visceral, mas isto tenho certeza que não sinto.
No fundo sinto mesmo um grande vazio existencial, assim com se me faltasse algo de muito importante. Tentei dormir, mas cadê sono- tentei ler mas cadê livro, embora rodeado deles –tentei escrever, mas cadê dedos, mesmo com os dez que tenho nas mãos. Na realidade não me sentia. Cheio de sentimentos de culpa, ora pelo que fiz, ora pelo que deixei de fazer, vou varando a noite em completa e total solidão, descrente de tudo e de todos busco resignação na minha insignificância diante do mundo. Só não digo de todos, porque sei com certeza que há os mais insignificantes que eu. Agoniado fui para varanda ver a rua, mas não tinha rua, olhei pra lua, mas não tinha lua. O mar, não via estava escuro. Comecei a pensar porque estou assim, com tamanho desassossego. Descobri, não sei a razão da vida. Pronto acalmei, não, não acalmei, apenas cansei. Cansei de pensar, de querer descobrir chifre em cabeça de cobra. Sentimento de culpa. Pensei. Por que sinto isso se Nietzsche não sentia? Mas, Nietzsche é Nietzsche eu sou apenas Zé. Falta algo, um bem querer. Um bem querer que quero ter. Por que me tiram um bem querer se quero ter? No calor da noite não há prazer, mas antes desgosto de viver. Ás vezes sonhamos sem querer como acontece com coisas sem nexos, distante de tudo que tenha ocorrido ou realmente exista. No calor da noite o que se faz mesmo é suar até desidratar. Não há aspiração, nem comunhão como imaginamos que devia haver. O sono é leve ou não existe, a madrugada chega e o dia amanhece sem nada acontecer. No calor da noite a noite é de insônia onde pensamos nunca mais dormir, a cabeça dói e vem a tonteira,
e um monte de besteira que só angustia. Na realidade não é um frio que invade a alma, mas a dura realidade de viver. Não vivemos a vida do ponto de vista biológico como devia ser; de forma mais simples, mas antes buscamos complicá-la introduzindo os aspectos que realmente contam, que são os sociais. Inventamos regras de mais, a maioria em descompasso com a fisiologia humana, digo contrárias. Inventamos isto porque não acreditamos em nós mesmos,
não somos capazes de segurar nossas próprias barras de modo que, para não nos degladiarmo-nos, criamos as instituições para intermediar as relações. Verdade que nem sempre damos bolas para elas, em que pese o calor da noite, mas sem elas nos sufocaremos, até mesmo pelo calor da noite. No calor da noite o ar é rarefeito, respiramos mal e buscamos oxigênio para desanuviar o raciocínio. Ai é onde mora o perigo porque quando raciocinamos é sempre para o lado mal. Mesmo no calor da noite. A noite é mais longa, viramos mais vezes na cama, temos vontade de levantar, mas ainda é escuro, fora e dentro da gente. No escuro não vemos,em que pese a vantagem que seria se víssemos. Dominar o escuro seria a proximidade com o abstrato o que esta por trás do que não vemos. Planejariamos o que fazer, evitaríamos os desastres, ficaríamos bem próximos Dele. Em que pese o calor da noite. O resfriaríamos, resfriando-o resfriaríamos também o cérebro que produziria com menor margem de erro as respostas a tantas perguntas como o que nos acontecerá depois da morte? Seremos apenas energia invisível? Voltaremos a condição de átomos? Habitaremos em outras formas? Reencarnaremos? Voltaremos como vegetal? O átomo é realmente eterno? Tudo isso se passa no calor da noite enquanto vivemos a catalepsia do sono. Morremos no sono para acordar na manhã de um novo dia.

José Antonio da silva – Cabo Frio -25/12/2009. No Calor da noite.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

TE AMO

TE AMO
Quantas vezes dizemos - TE AMO,
Quantas vezes beijamos o falso,
É como se usássemos o santo nome
De Deus em vão. São tantos os “ te amo”,
Que ás vezes suspeitamos.
Até pedimos – não fale assim, pode
Não ser verdade. Um falso sentimento,
Indutor do termo, é o autor da infeliz
Afirmação – “ te amo”. Certamente o
Amor não está em quem ama, mas,
Antes, em quem é amado. Quem é
Amado espera sentir o amor de quem
O ama, mas o verdadeiro amor repousa
Em seu seio de amado, embora haja
A falsa impressão de que o amante é
Quem ama. Não há amor no amante,
Mas apenas a atração do amado,
Pelo seu gesto de se entregar,
Ao seu mais profundo sentimento.
Por que não dizer eu me amo, em
Vez de se sentir amado por quem
Não lhe ama, mas no entanto,
Afirma – “ eu te amo “. Quanto
Equívoco o amor nos apronta!
Com menos –te amo- certamente
Viveremos momentos inesqueciveis.

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 23/12/2009.
(Não há verdade neste termo...)

DEZEMBRO

DEZEMBRO
São muitos dezembros vividos,
Mas, nenhum tão drástico quanto
Esse. Momento em que vivi,
Emoções fortes, quase todas,
Insuperáveis.
Cambaleando vou entre uma
E outra em busca de paz,
Procurando entender, que a vida,
Surpreende a cada instante,
Sigo me safando
Muito doído meu peito às vezes
Sufoca e dá sinais de exaustão.
Busco entender as mudanças,
Bruscas e inexplicáveis dos
Sentimentos das pessoas em
Geral e sobremaneira dos entes queridos.
Compreender a insensibilidade com
Que facilmente renegam o amor,
Pelo próximo, pelo distante, pelo amante!
Mas entender é difícil quando a própria
Pele queima na fogueira da paixão.
Parece que o mundo desaba sobre
Nossas costas e na tentativa de escapar
O seguramos, quando então sentimos todo
O peso do próprio; mundo cão!
Saboreamos o gosto amargo dos
Momentos infelizes, quando aprendemos
Que a vida não é só felicidade, que não
Há uma felicidade perene. Ser feliz é tão
Difícil que quando os momentos se prolongam,
Pensamos que é eterna.
Os dezembros carecem de cuidados para serem
Vividos com felicidade!

José Antonio da Silva,
Cabo frio – 23/12/2009.
(Os dezembros nunca foram fáceis para mim...)

O FIM

O FIM
Um dia, finalmente disse não,
Talvez inconteste, sua razão.
Sem sequer saber como
Ficaria o velho coração, que
Apaixonadamente viveu,
Por muito tempo,
a margem da razão, apesar da
dor que impingiu a outro coração.
Foi enfática em sua ação,
Enfim vomitou o que certamente,
Por tanto tempo lhe causara,
Náuseas e indigestão!
Já não era mais amor o que sentia,
Mas apenas a amizade, que,
Confundiu tanto tempo com paixão.
Já não sente amor, nem tesão,
Mas apenas afeto e gratidão,
Por quem por tanto tempo confundiu
Com o seu próprio pai. Talvez
Num complexo de Édipo enrustido.
Quem sabe?
Talvez por ter pago um alto preço,
De viver angustiosamente uma provação
De se doar ao desejo carnal de um ancião.
O que faz a vida com as pessoas?
A quem não se cuida; não perdoa.
Assim foram vividos anos de ilusão,
Não se sabia na verdade o que
Mantinha a relação. Esdrúxula,
Diga-se a bem da verdade. Algo que não trás
Felicidade a ninguém, no entanto
Acontece com as melhores famílias.
Melhor assim, quando a vida nos
Mostra o adverso e também o caminho
De sair, do nefasto processo, que
Devasta mentes e corações, por via
De desejos inconfessáveis.
Porque a vida é assim ninguém sabe,
Mas que promove turbilhões de paixões,
Emoções e outros sentimentos,
Isto; promove.

Cabo Frio-23/12/2009.
José Antonio da Silva.
(Um instante de reflexão sobre o passado…)

sábado, 12 de dezembro de 2009

NOMEIO DA TARDE

NO MEIO DA TARDE

O sol, o sol, no meio da tarde,
Ainda quente brilhava forte,
Chegava ofuscar. Eram quentes os seus raios,
Perfuravam nuvens ao encontro do mar
Vinha do norte, em minha direção.
Eram frios os meus dias, precisavam esquentar.
O vento parado, eu parado no tempo,
Esperava o tempo, parado por dentro,
Dentro de mim. Num espaço restrito,
Eu buscava o tempo para me expandir,
Me definir!
Sair de mim, ver outros ares,
não- estranhos olhares,
Olhando para mim.
Precisava eclodir de mim mesmo,
Como num parto hermafrodita,
Me descobrir.
Fazer algo concreto sem conjecturar,
Olhar- olho no olho -de quem me olhar!
Mesmo claro um sol me ofuscava,
Não o sol do céu, mas o sol de mal,
Que existia em mim. Era primavera,
A tarde solícita me mostrava o mar,
Multicolorido e eu – a lamentar da vida
Um grande vazio de fazer chorar!
Havia perdido algo salutar,
Algo como o desejo de lutar,
De acreditar que a vida vale a pena
Mesmo se canhestra a me desafiar,
Com suas nuances, suas doenças,
E a felicidade de espetaculares – lances!


A tarde passando, o sol declinando,
E eu sem declinar,
Da minha esquisitice, da minha tolice,
De tergiversar!
Havia tanta luz do lado de fora,
Que iluminava o mar, só não conseguia
Me iluminar- Eu tão pequeno em relação ao mar.
Não ultrapassava a barreira
Do crânio para me arejar, as minhas idéias,
Os meus envelhecidos modos de pensar.
Clamei pelo sol, pelo mar e por toda beleza,
Em torno de mim, que por enquanto, só
A vida pode me mostrar. Pedi de joelhos
A quem pode ajudar-Ele somente Ele,
Me pode aturar, minhas dúvidas, meus desencantos,
E desilusões, incertezas certas de um porvir incerto,
No mínimo incógnito a me espreitar – talvez bem
Mais a frente ou quem sabe, já ali, onde possa vê-lo
Me esperando calmo e sereno, para me deglutir,
Como num passe de mágica a vida deglute a vida!

José Antonio da Silva,

Cabo Frio, 11/12/2009.
(Havia luz em meu olhar, a, da primavera...)

DOR

DOR
Dói muito, dói no peito,
Rasga o coração, dói na alma
Que é abstrata, dói na imaginação.
Por que dói assim? Qual a razão?
Quem explica o poder de sentir,
os momentos vividos em evasão?
Pode ser uma dor curta, uma dor fortuita,
Uma ilusão, mas, dói tanto que a dor é física
e tem localização. Ora no peito, ora
No âmago da paixão. É intensa a dor
Que vem do coração, corta o cérebro,
domina a razão, e dói, dói, até a exaustão.
A dor vem em forma de lembrança, do toque
Sutil de tuas mãos sobre o meu corpo,
E do retorno do teu corpo em minhas mãos.
Da lembrança do teu beijo sugando meu néctar
em profusão, e o calor dos teus lábios de paixão!
A dor do amor é lancinante é a doença de depois,
Não há remédio que dê jeito neste mal,
Causado pelo amor proibido senão o tempo
E a distância entre nós dois!
De vez em quando uma dor pousa em meu peito,
é o fim, não há mais retorno!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 12/12/2009.
(Vivo, portanto sinto...)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

INDEFINIÇÃO

INDEFINIÇÃO

Não que eu queira falar da vida,
dos seus incidentes ou de sua definição.
A vida não tem preço, nem dono nem endereço.
A vida pode ser um percalço, um acidente, um acaso.
A vida não é feia nem é bela, nem tem átomos,
diferentes do que não é vida.
A vida é predestinada ou aleatória, não tem cor, é infinita.
A vida acaba no começo quando começa pelo avesso!
A vida não tem jeito é madrasta ou pretexto.
A vida é o escuro, ou a luz de quem tem berço.
O que é a vida então? Um tropeço? Ela é bela
Para quem a ver por fora, mas, por dentro, é segredo.
A vida é rica, mas também pobre, porque se esconde
Na escuridão da incerteza, para nos fazer de presas.
Prega peças inusitadas, que se transformam em risadas.
A vida pede cuidado ou nos arrebata para o outro lado.
A vida nem sempre ri nem tampouco chora, mas ela
Corre, atropela pela miséria que carrega em si. Corre,
Corre, corre, vai até o fim, quando de repente morre,
E vira natureza para viver de novo em outras formas,
Porque vida é viva e nunca morre. Se morre - é morte!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 10/12/2009.
( O momento revolucionava minhas entranhas...)