sábado, 12 de dezembro de 2009

NOMEIO DA TARDE

NO MEIO DA TARDE

O sol, o sol, no meio da tarde,
Ainda quente brilhava forte,
Chegava ofuscar. Eram quentes os seus raios,
Perfuravam nuvens ao encontro do mar
Vinha do norte, em minha direção.
Eram frios os meus dias, precisavam esquentar.
O vento parado, eu parado no tempo,
Esperava o tempo, parado por dentro,
Dentro de mim. Num espaço restrito,
Eu buscava o tempo para me expandir,
Me definir!
Sair de mim, ver outros ares,
não- estranhos olhares,
Olhando para mim.
Precisava eclodir de mim mesmo,
Como num parto hermafrodita,
Me descobrir.
Fazer algo concreto sem conjecturar,
Olhar- olho no olho -de quem me olhar!
Mesmo claro um sol me ofuscava,
Não o sol do céu, mas o sol de mal,
Que existia em mim. Era primavera,
A tarde solícita me mostrava o mar,
Multicolorido e eu – a lamentar da vida
Um grande vazio de fazer chorar!
Havia perdido algo salutar,
Algo como o desejo de lutar,
De acreditar que a vida vale a pena
Mesmo se canhestra a me desafiar,
Com suas nuances, suas doenças,
E a felicidade de espetaculares – lances!


A tarde passando, o sol declinando,
E eu sem declinar,
Da minha esquisitice, da minha tolice,
De tergiversar!
Havia tanta luz do lado de fora,
Que iluminava o mar, só não conseguia
Me iluminar- Eu tão pequeno em relação ao mar.
Não ultrapassava a barreira
Do crânio para me arejar, as minhas idéias,
Os meus envelhecidos modos de pensar.
Clamei pelo sol, pelo mar e por toda beleza,
Em torno de mim, que por enquanto, só
A vida pode me mostrar. Pedi de joelhos
A quem pode ajudar-Ele somente Ele,
Me pode aturar, minhas dúvidas, meus desencantos,
E desilusões, incertezas certas de um porvir incerto,
No mínimo incógnito a me espreitar – talvez bem
Mais a frente ou quem sabe, já ali, onde possa vê-lo
Me esperando calmo e sereno, para me deglutir,
Como num passe de mágica a vida deglute a vida!

José Antonio da Silva,

Cabo Frio, 11/12/2009.
(Havia luz em meu olhar, a, da primavera...)

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