quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

DEUS, O TEMPO E O POVO

DEUS, O TEMPO E O POVO
O tempo do povo não existe para Deus. Para Ele o tempo é eterno, Sua visão do tempo é infinita. Para o povo a visão é finita e previsível. Por isso o povo marca o tempo, para saber quanto tempo terá vivido ou viverá. Uma das formas de marcar o tempo são justamente a comemoração de natal e de ano novo, de carnaval e outras sandices mais. Diga-se de passagem, todos estes fatos são atribuídos a Deus, na cabeça do povo. É como se houvesse natais e anos novos e outras datas mais. O povo não percebe que o ano é maior do que imagina e que portanto, vai muito além de sua mensuração. O povo procura marcar sua passagem perceptível aqui na terra através de manifestações rudimentares e sem sentido, porque o povo é rudimentar e o pensamento geral é rudimentar e tudo que o povo faz é rudimentar diante de Deus.
Ele joga dado, Ele se diverte com que o povo faz porque tudo Lhe parece rudimentar. Só a alguns, Ele livra dos rudimentos. O povo ignora e faz questão de ignorar, está perdido, por isso marca o tempo para se orientar. Marcações sem sentido é o mais comum. Diferentemente de alguns que marcam o tempo pelo que fazem de bom, de profícuo para a humanidade, digo para o povo.
Comemorar a passagem de um ano para o outro é desconhecer a infinitude do tempo do espaço e da matéria. A matéria é finita enquanto tem forma; amorfa é finita, invisível e energizada. Qualquer retrocesso a faria matéria novamente.
De modo geral o povo não percebe isto, então marca o tempo. O tempo só tem marcas na cabeça do povo, na cabeça de Deus o tempo é o próprio espaço onde estão contidos energia e matéria e a grande explosão de um longínquo passado.
O que são as marcas na cabeça do povo, senão a existência virtual das suas substancias agregadas? O povo se encaixa no tempo abstrato com sua substância concreta e energizada, factível de virar tempo e espaço a qualquer instante, mas não percebe. O povo vê o tempo que não existe enquanto o tempo segue apesar do povo. O tempo não tem compromisso com o povo. O povo vira átomos sem saber.
O povo grita, pula, dança, canta e se embriaga sem saber por quê. Pergunte ao ébrio porque faz isso. Certamente não saberá lhe responder.
O povo brinca com o tempo que o está ameaçando de destruição, mas, o povo não vê. Deus vê, mas, deixa o povo ao bel prazer.
O tempo vive sem água, sem árvores, sem mares, sem comer, vive sem tudo que o povo precisa para viver. Mas, o povo nem quer saber. Se for para viver, vamos viver. Para que saber por quê?
Deus sabe que o povo vive no tempo que Ele lhe prouver. Deus sabe que o povo não sabe o que quer. O povo vive como Deus quiser.
Mas, Deus às vezes não quer que o povo viva, então manipula o tempo e o povo deixa de viver. Viver é sempre uma questão de tempo. O tempo Deus é quem faz o povo viver.
Marcar o tempo significa o espaço que o povo tem para viver. Sabendo que o tempo concedido é finito, o povo marca o espaço para viver. O espaço poder ser físico e pode ser de tempo, o espaço é duplo para o povo viver, indolentemente, inexplicavelmente até morrer. Num espaço livre o povo vive inconscientemente a restrições e intempéries do tempo. O povo marca o tempo e prevê o tempo em que vai morrer, sem que isso altere o seu modo de viver.
Deus soberanamente deixa o povo viver sem saber por quê. Tanto que o povo procura, procura mas nunca sabe por quê. “Vive”!
O povo marca o tempo para não morrer prematuramente.
Por: José Antonio da Silva
Rio de Janeiro – 31/12/2009.
(O último dia do ano às vezes nos faz refletir, se é que existe ...)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

MOTIVOS & MOTIVOS

MOTIVOS &MOTIVOS
Não vou dizer que não dei motivos,
motivos sim, motivos não, mas,
nunca motivos de excreção.
Não que eu viva apenas a lamentar,
nem que busque motivo para voltar,
isto não peço, mas que revise
conceitos, isso peço.
Peço porque sei que há motivos para
explicação. Como não há?
Peço uma busca na consciência, pois
quem fica desce em queda livre no vazio do abismo,
Sepulcral.
Pior ainda sem a pá de cal, sendo
apenas o que faltou, nesta morte factual,
onde se enterra em pé o defunto vivo.
Solidariedade falta nesta ocasião, em
que todos vamos adoecer, mais cedo
ou mais tarde diz o calendário, não que
deseje tal fato que vai um dia acontecer.
Presta a atenção, não tenha medo,
quando isto acontecer. Se acontecer!
Às vezes não dá tempo, é muito rápido,
Nem se pode ver!
Desculpe o mau presságio que não
quero ter. Falo apenas do fato!
Mas, a vida é assim, uns morrem
Para outros viverem!
Mesmo doente minha saúde é forte!
Quem sabe um dia, ainda vou te ver!

José Antonio da Silva,
Rio de Janeiro 30/12/2009.

A RUA

A RUA
Por muito tempo vaguei pela rua ,
fiz dela meu templo,
porque não havia nada além da rua,
senão às vezes a lua contemplada sob
o véu da noite, tão escuro quanto minha
consciência. Olhava para cima para disfarçar,
sentía, o vento soprar sem sentido. Não sabia
o que fazer, além de esperar que algo acontecesse
de concreto já que em mim havia o desejo.
Andava para lá e para cá até estafar, quase sempre
perdido desejava coisas impossíveis, como, amar livremente,
sem ser importunado, não que fosse uma amor atentatório,
mas antes um amor possível e sem preconceito,
um amor que nasce num gesto, penetra o peito, atinge o coração,
enlouquece o cérebro e dispensa a razão.
Viver além da impossibilidade, de ser amado, mas aquém do amor
Perfeito.
A silueta de um espaço imaginário e contido me restringia e mostrava
a verdade de outras eras antes vividas e aprendidas e ensinadas, me
impingiam maléficos e constrangedores limites da ética vigente,
como se fosse lei que proibisse sentir e manifestar. Coibir é a regra
dos olhares circundantes, ignorantes censores, homens de mãos dadas
espiam além de suas contas o que penso, inibem a ação do coração e
da alma desgarrada em busca das bênçãos de amor!
Reconheço que existo para amar, senão antes morrer!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 29/12/2009.

QUANTAS PALAVRAS

QUANTAS PALAVRAS

Quantas palavras poderiam ser ditas,
mas quantos as ouviriam? Meu discurso
é indigesto,fala de fome e de protesto,
quando não fala de amor. Afinal que
importância tem a fome para quem
come? O protesto para quem não
tem motivo ou o amor para quem
não ama?
Por que falar além do necessário
se quase ninguém aceita algo que
não seja comum?
Por que falar das sombras se há
tanta clareza sob a luz? A luz que clarea
a mente de quase todos não é a mesma
que alumia a de alguns beneméritos da
natureza.
as sombras não mostram clareza.
A luz que alumia a cabeça de todos, brilha
apenas na cabeça de poucos. Não é a mesma
luz que mostra a todos, todas as coisas, é luz
que se dispersa e se apaga aos poucos.
Não na cabeça de poucos!
Poucos são alguns que se destacam no meio
de todos quando conseguem se fazer entender,
quando as palavras não são somente palavras
extemporâneas, distantes da realidade contemporânea.
Quando não são um pouco demais para ignorância,
posto que é mais fácil viver na mediocridade onde
se fala de moda em vez de fome, porque a fome de que falam
não é a fome que mata, mas, a fome que conta, somas
e somas incontáveis extraídas do imponderável egocentrismo
de poucos que dão as cartas que ganham o jogo, o maldito
jogo do venha a nós, a vosso reino nada!
Onde está o amor do imponderável egocentrismo humano?
Qual ego ama para não satisfazer-se. O ego ama a si mesmo,
apenas projeta seu amor em outro ego, para ver de perto sua
exteriorização. Por olhar para dentro o ego não si ver. Se olhasse
em si não seria ego!
O ego tem um projeto solitário no qual espelha-se e se hipertrofia,
O ego é louco e autofágico, embora de forma incompreensível,
Escapa de si mesmo.

José Antonio da silva,
Rio de Janeiro, 30/12/2009.
(Ninguém ouve as minhas palavras,nem tampouco as lêem...)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

EM QUE PESE O CALOR DA NOITE

EM QUE PESE O CALOR DA NOITE...

Em que pese o enorme calor que faz esta noite, não é suficiente para aquecer o frio que sinto na alma. Não sei bem o porque de tanto frio. Nem tão pouco sei se alma sente frio ou até mesmo se existe. Acho que sim, pois o mal-estar que sinto nas entranhas, só pode ser da alma, coisa do espírito, caso contrário, seria uma dor visceral, mas isto tenho certeza que não sinto.
No fundo sinto mesmo um grande vazio existencial, assim com se me faltasse algo de muito importante. Tentei dormir, mas cadê sono- tentei ler mas cadê livro, embora rodeado deles –tentei escrever, mas cadê dedos, mesmo com os dez que tenho nas mãos. Na realidade não me sentia. Cheio de sentimentos de culpa, ora pelo que fiz, ora pelo que deixei de fazer, vou varando a noite em completa e total solidão, descrente de tudo e de todos busco resignação na minha insignificância diante do mundo. Só não digo de todos, porque sei com certeza que há os mais insignificantes que eu. Agoniado fui para varanda ver a rua, mas não tinha rua, olhei pra lua, mas não tinha lua. O mar, não via estava escuro. Comecei a pensar porque estou assim, com tamanho desassossego. Descobri, não sei a razão da vida. Pronto acalmei, não, não acalmei, apenas cansei. Cansei de pensar, de querer descobrir chifre em cabeça de cobra. Sentimento de culpa. Pensei. Por que sinto isso se Nietzsche não sentia? Mas, Nietzsche é Nietzsche eu sou apenas Zé. Falta algo, um bem querer. Um bem querer que quero ter. Por que me tiram um bem querer se quero ter? No calor da noite não há prazer, mas antes desgosto de viver. Ás vezes sonhamos sem querer como acontece com coisas sem nexos, distante de tudo que tenha ocorrido ou realmente exista. No calor da noite o que se faz mesmo é suar até desidratar. Não há aspiração, nem comunhão como imaginamos que devia haver. O sono é leve ou não existe, a madrugada chega e o dia amanhece sem nada acontecer. No calor da noite a noite é de insônia onde pensamos nunca mais dormir, a cabeça dói e vem a tonteira,
e um monte de besteira que só angustia. Na realidade não é um frio que invade a alma, mas a dura realidade de viver. Não vivemos a vida do ponto de vista biológico como devia ser; de forma mais simples, mas antes buscamos complicá-la introduzindo os aspectos que realmente contam, que são os sociais. Inventamos regras de mais, a maioria em descompasso com a fisiologia humana, digo contrárias. Inventamos isto porque não acreditamos em nós mesmos,
não somos capazes de segurar nossas próprias barras de modo que, para não nos degladiarmo-nos, criamos as instituições para intermediar as relações. Verdade que nem sempre damos bolas para elas, em que pese o calor da noite, mas sem elas nos sufocaremos, até mesmo pelo calor da noite. No calor da noite o ar é rarefeito, respiramos mal e buscamos oxigênio para desanuviar o raciocínio. Ai é onde mora o perigo porque quando raciocinamos é sempre para o lado mal. Mesmo no calor da noite. A noite é mais longa, viramos mais vezes na cama, temos vontade de levantar, mas ainda é escuro, fora e dentro da gente. No escuro não vemos,em que pese a vantagem que seria se víssemos. Dominar o escuro seria a proximidade com o abstrato o que esta por trás do que não vemos. Planejariamos o que fazer, evitaríamos os desastres, ficaríamos bem próximos Dele. Em que pese o calor da noite. O resfriaríamos, resfriando-o resfriaríamos também o cérebro que produziria com menor margem de erro as respostas a tantas perguntas como o que nos acontecerá depois da morte? Seremos apenas energia invisível? Voltaremos a condição de átomos? Habitaremos em outras formas? Reencarnaremos? Voltaremos como vegetal? O átomo é realmente eterno? Tudo isso se passa no calor da noite enquanto vivemos a catalepsia do sono. Morremos no sono para acordar na manhã de um novo dia.

José Antonio da silva – Cabo Frio -25/12/2009. No Calor da noite.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

TE AMO

TE AMO
Quantas vezes dizemos - TE AMO,
Quantas vezes beijamos o falso,
É como se usássemos o santo nome
De Deus em vão. São tantos os “ te amo”,
Que ás vezes suspeitamos.
Até pedimos – não fale assim, pode
Não ser verdade. Um falso sentimento,
Indutor do termo, é o autor da infeliz
Afirmação – “ te amo”. Certamente o
Amor não está em quem ama, mas,
Antes, em quem é amado. Quem é
Amado espera sentir o amor de quem
O ama, mas o verdadeiro amor repousa
Em seu seio de amado, embora haja
A falsa impressão de que o amante é
Quem ama. Não há amor no amante,
Mas apenas a atração do amado,
Pelo seu gesto de se entregar,
Ao seu mais profundo sentimento.
Por que não dizer eu me amo, em
Vez de se sentir amado por quem
Não lhe ama, mas no entanto,
Afirma – “ eu te amo “. Quanto
Equívoco o amor nos apronta!
Com menos –te amo- certamente
Viveremos momentos inesqueciveis.

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 23/12/2009.
(Não há verdade neste termo...)

DEZEMBRO

DEZEMBRO
São muitos dezembros vividos,
Mas, nenhum tão drástico quanto
Esse. Momento em que vivi,
Emoções fortes, quase todas,
Insuperáveis.
Cambaleando vou entre uma
E outra em busca de paz,
Procurando entender, que a vida,
Surpreende a cada instante,
Sigo me safando
Muito doído meu peito às vezes
Sufoca e dá sinais de exaustão.
Busco entender as mudanças,
Bruscas e inexplicáveis dos
Sentimentos das pessoas em
Geral e sobremaneira dos entes queridos.
Compreender a insensibilidade com
Que facilmente renegam o amor,
Pelo próximo, pelo distante, pelo amante!
Mas entender é difícil quando a própria
Pele queima na fogueira da paixão.
Parece que o mundo desaba sobre
Nossas costas e na tentativa de escapar
O seguramos, quando então sentimos todo
O peso do próprio; mundo cão!
Saboreamos o gosto amargo dos
Momentos infelizes, quando aprendemos
Que a vida não é só felicidade, que não
Há uma felicidade perene. Ser feliz é tão
Difícil que quando os momentos se prolongam,
Pensamos que é eterna.
Os dezembros carecem de cuidados para serem
Vividos com felicidade!

José Antonio da Silva,
Cabo frio – 23/12/2009.
(Os dezembros nunca foram fáceis para mim...)

O FIM

O FIM
Um dia, finalmente disse não,
Talvez inconteste, sua razão.
Sem sequer saber como
Ficaria o velho coração, que
Apaixonadamente viveu,
Por muito tempo,
a margem da razão, apesar da
dor que impingiu a outro coração.
Foi enfática em sua ação,
Enfim vomitou o que certamente,
Por tanto tempo lhe causara,
Náuseas e indigestão!
Já não era mais amor o que sentia,
Mas apenas a amizade, que,
Confundiu tanto tempo com paixão.
Já não sente amor, nem tesão,
Mas apenas afeto e gratidão,
Por quem por tanto tempo confundiu
Com o seu próprio pai. Talvez
Num complexo de Édipo enrustido.
Quem sabe?
Talvez por ter pago um alto preço,
De viver angustiosamente uma provação
De se doar ao desejo carnal de um ancião.
O que faz a vida com as pessoas?
A quem não se cuida; não perdoa.
Assim foram vividos anos de ilusão,
Não se sabia na verdade o que
Mantinha a relação. Esdrúxula,
Diga-se a bem da verdade. Algo que não trás
Felicidade a ninguém, no entanto
Acontece com as melhores famílias.
Melhor assim, quando a vida nos
Mostra o adverso e também o caminho
De sair, do nefasto processo, que
Devasta mentes e corações, por via
De desejos inconfessáveis.
Porque a vida é assim ninguém sabe,
Mas que promove turbilhões de paixões,
Emoções e outros sentimentos,
Isto; promove.

Cabo Frio-23/12/2009.
José Antonio da Silva.
(Um instante de reflexão sobre o passado…)

sábado, 12 de dezembro de 2009

NOMEIO DA TARDE

NO MEIO DA TARDE

O sol, o sol, no meio da tarde,
Ainda quente brilhava forte,
Chegava ofuscar. Eram quentes os seus raios,
Perfuravam nuvens ao encontro do mar
Vinha do norte, em minha direção.
Eram frios os meus dias, precisavam esquentar.
O vento parado, eu parado no tempo,
Esperava o tempo, parado por dentro,
Dentro de mim. Num espaço restrito,
Eu buscava o tempo para me expandir,
Me definir!
Sair de mim, ver outros ares,
não- estranhos olhares,
Olhando para mim.
Precisava eclodir de mim mesmo,
Como num parto hermafrodita,
Me descobrir.
Fazer algo concreto sem conjecturar,
Olhar- olho no olho -de quem me olhar!
Mesmo claro um sol me ofuscava,
Não o sol do céu, mas o sol de mal,
Que existia em mim. Era primavera,
A tarde solícita me mostrava o mar,
Multicolorido e eu – a lamentar da vida
Um grande vazio de fazer chorar!
Havia perdido algo salutar,
Algo como o desejo de lutar,
De acreditar que a vida vale a pena
Mesmo se canhestra a me desafiar,
Com suas nuances, suas doenças,
E a felicidade de espetaculares – lances!


A tarde passando, o sol declinando,
E eu sem declinar,
Da minha esquisitice, da minha tolice,
De tergiversar!
Havia tanta luz do lado de fora,
Que iluminava o mar, só não conseguia
Me iluminar- Eu tão pequeno em relação ao mar.
Não ultrapassava a barreira
Do crânio para me arejar, as minhas idéias,
Os meus envelhecidos modos de pensar.
Clamei pelo sol, pelo mar e por toda beleza,
Em torno de mim, que por enquanto, só
A vida pode me mostrar. Pedi de joelhos
A quem pode ajudar-Ele somente Ele,
Me pode aturar, minhas dúvidas, meus desencantos,
E desilusões, incertezas certas de um porvir incerto,
No mínimo incógnito a me espreitar – talvez bem
Mais a frente ou quem sabe, já ali, onde possa vê-lo
Me esperando calmo e sereno, para me deglutir,
Como num passe de mágica a vida deglute a vida!

José Antonio da Silva,

Cabo Frio, 11/12/2009.
(Havia luz em meu olhar, a, da primavera...)

DOR

DOR
Dói muito, dói no peito,
Rasga o coração, dói na alma
Que é abstrata, dói na imaginação.
Por que dói assim? Qual a razão?
Quem explica o poder de sentir,
os momentos vividos em evasão?
Pode ser uma dor curta, uma dor fortuita,
Uma ilusão, mas, dói tanto que a dor é física
e tem localização. Ora no peito, ora
No âmago da paixão. É intensa a dor
Que vem do coração, corta o cérebro,
domina a razão, e dói, dói, até a exaustão.
A dor vem em forma de lembrança, do toque
Sutil de tuas mãos sobre o meu corpo,
E do retorno do teu corpo em minhas mãos.
Da lembrança do teu beijo sugando meu néctar
em profusão, e o calor dos teus lábios de paixão!
A dor do amor é lancinante é a doença de depois,
Não há remédio que dê jeito neste mal,
Causado pelo amor proibido senão o tempo
E a distância entre nós dois!
De vez em quando uma dor pousa em meu peito,
é o fim, não há mais retorno!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio – 12/12/2009.
(Vivo, portanto sinto...)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

INDEFINIÇÃO

INDEFINIÇÃO

Não que eu queira falar da vida,
dos seus incidentes ou de sua definição.
A vida não tem preço, nem dono nem endereço.
A vida pode ser um percalço, um acidente, um acaso.
A vida não é feia nem é bela, nem tem átomos,
diferentes do que não é vida.
A vida é predestinada ou aleatória, não tem cor, é infinita.
A vida acaba no começo quando começa pelo avesso!
A vida não tem jeito é madrasta ou pretexto.
A vida é o escuro, ou a luz de quem tem berço.
O que é a vida então? Um tropeço? Ela é bela
Para quem a ver por fora, mas, por dentro, é segredo.
A vida é rica, mas também pobre, porque se esconde
Na escuridão da incerteza, para nos fazer de presas.
Prega peças inusitadas, que se transformam em risadas.
A vida pede cuidado ou nos arrebata para o outro lado.
A vida nem sempre ri nem tampouco chora, mas ela
Corre, atropela pela miséria que carrega em si. Corre,
Corre, corre, vai até o fim, quando de repente morre,
E vira natureza para viver de novo em outras formas,
Porque vida é viva e nunca morre. Se morre - é morte!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 10/12/2009.
( O momento revolucionava minhas entranhas...)

sábado, 21 de novembro de 2009

O MEDO ME ENGOLIA

OMEDO ME ENGOLIA

Não pensava na noite ou na tarde,
nem mesmo na manhã daquele dia,
na verdade o medo me engolia,
não um medo de quem morreria,
mas antes, um medo do que seria,
depois daquele dia. Eu que enfermamente,
inerte sobre uma mesa de cirurgia,
seria cortado, devassado, mutilado,
pelo que o destino me destinaria!
O que seria depois do meu corpo em agonia?
Quantas palavras fúteis eu diria, para expressar,
toda minha fragilidade que subitamente,
aparecia pegando-me de calças curtas, sem
nenhuma regalia!
Dizia para mim mesmo se iria ou não iria,
dessa para uma melhor, e só assim minha
angustia terminaria!
Ao lado do meu ser que sofria,
antes do necessário como sempre acontece,
quando o inesperado se nos anuncia!
Antes do ato era assim que eu me sentia!
Ora morria, ora vivia, era que eu me sentia!
O ato aconteceu comigo me plena catalepsia química,
para acordar de um sonho, que mesmo imaginando,
eu jamais imaginaria! Vida, vida, vida,
aqui estais de novo. Em minha companhia!

José Antonio da Silva,
Rio de Janeiro – 21/11/2009.
Meu "eu" para sentir a vida, necessita pensar no abstrato!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

UMA NOITE FRIA

UMA NOITE FRIA

Há uma noite fria,
entre a manhã e
tarde de cada um dos dias
como se esta noite,
também não fosse dia!
Há uma noite em pleno dia,
que nos impede de avançar
e descobrir um novo dia,
para viver e sonharmos
como se gostaria!
Uma noite escura, mãe da
incerteza que nos agonia!
Acontece depois da manhã
e da tarde de um novo dia.
Nunca um dia é novo,
porque uma dia é simplesmente,
um dia.
Embora haja clareza na luz do dia,
vivemos a incerteza da noite fria
E o que é a noite fria, senão o
o mistério que nos angustia,
de viver a margem da sabedoria
do que deve cedo ou tarde
acontecer?
Comigo ou com você,
nunca vamos saber! Preparemo-nos
vamos um dia perecer, para ai sim,
vivermos eternamente!

José Antonio da silva,
Cabo Frio- 13/11/2009.

domingo, 8 de novembro de 2009

SEM PRETENSÃO

SEM PRETENSÃO

Não que eu quisesse
que a vida fosse leve
como uma pluma
ao vento leste.
Mesmo sabendo
que a vida é madrasta,
não esperava que
tão profundo mal me fizesse!
Sei que mal ela faz
a quem merece,
mas a mim, que eu não saiba,
porque fizeste!
Ao colocar em xeque
meu corpo enfermo,
me expuseste a ameaça,
e a desgraça inconteste,
da incerteza do antes ou
do depois da peste,
da doença inoportuna,
que acomete meu corpo
e minha mente,
a qual agora não sabe
o que será depois,
do teste por que passarei
em preces para o êxito total
do ato que me salvará de
tamanha provação!
A vida lançou sobre mim
sua afiada navalha de corte,
queira Deus que eu tenha sorte,
e consiga passar-lhe um trote!

José Antonio da silva,
Cabo Frio, 08/11/2009.

sábado, 7 de novembro de 2009

AGUA

ÁGUA

A água tem cor,
tem formas, tem galhos,
tem odor.
Tem gosto, tem horror!
É vida ou morte,
è forte ou fraca
Brinca de pingo ou de enxurrada,
deixa caras sujas e caras lavadas.
Mata de sede quando está ausente,
Asfixia quando esta presente!
Pousa de mar, pousa de rio,
pousa de cascata,
enxágua a roupa,
fertiliza a mata!
Mimetiza a pedra, mimetiza o chão,
umedece a massa que produz o pão,
nosso de cada dia, que evita
a morte por inanição!
Brinca de terror por inundação,
brinca com a vida da população!
Briga por seu leito, não respeita invasão,
sufoca o infeliz, o pobre e o patrão,
todos que em seu caminho cometem intromissão!
Anda em correnteza, em ondas e arrastão,
produz tsunami, comete genocídio, e chama trovão!
Água é vida, água é morte, água é ilusão,
pois mostra várias caras no seu modo de ação!
Não tem piedade quando se revolta é capaz de tudo,
sem explicação, às vezes é farta, outras falta, pobre
do gado, do mato e do sertão!
Foge do deserto como o diabo da cruz,
mas abunda nos rios que produz a luz.
É pura energia, é fonte de luz, é um bem divino
que o homem utiliza para batizar
os filhos de Deus que aqui na terra viverão
sabendo que para viver, água é salutar,
indispensável mas pode acabar!

José Antonio da silva,
Cabo frio, 08/11/2009.

EM TRANSE

EM TRANSE

Pareço lúcido, mas,
apenas pareço, estou
em transe, estou sem
jeito, não tenho endereço!
Sinto algo,
como se não sentisse,
não estivesse, em mim.
Estou só, como se fosse
no fim do começo, como
se algo em mim terminasse,
no fim ou no começo!
Me procuro, não me vejo
vejo nada, só escuro, um tropeço!
Que fez de mim a vida?
Que desprezo!
Não tenho medo,
é assim mesmo,
mas reconheço a incerteza,
da existência, que será
dividida, em antes e depois,
ou não, pois há razão,
diante da ação sobre
meu corpo enfermo,
que de repente me ameaça,
e me desgraça, me leva ao
padecer, não por querer,
mas por assim ser,
irremediavelmente acaso,
no ocaso do meu ser!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 07/11/2009.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

SEM IMPORTÂNCIA

SEM IMPORTÂNCIA

Não tem importância a vida
da menina, nem do jovem,
quanto ao velho; menos ainda.
Assim parece, pelo que fazemos,
pelo que sentimos e agimos!
Nos comemos, nos denegrimos,
pelo que sentimos, pelo que agimos.
muito vivemos, nem por isso sabemos,
porque!
Por que viver, se assim vivemos,
alheios as razões, reféns das emoções,
que nos impõe o acaso, ou os acontecimentos.
Por nada vivemos como também morremos,
de medo, de frio, de fome, atropelados que
somos pelo inusitado, coincidente e marcado,
pelo além! De nós, de todos, do mundo, do
profundo abstrato do outro lado da vida sem
importância. Porque não damos a importância
devida!
Não vivemos a vida proposta, mas a exposta,
a decadência, da forma que assumimos, na
existência.
Pode ser longa, pode ser curta, pode ser vivida,
não tem importância a historia da vida.
No final quando tudo termina, vem ela,
a vida e fica, noutra forma de vida para ser
vivida. Sem importância, porque somos
perecíveis!
Eis a verdade que vejo em minha forma de vida!

José Antonio da silva,
Rio de Janeiro – 05/11/2009.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

QUEM SOU

QUEM SOU?

Quem sou,
porque não me dizem
quem sou?
Pareço não ser,
neste mundo, que desconheço
porque não o sinto,
embora seja e exista em carne e osso,
nada por ele faço, mas,
não desisto de nele ser o que mereço,
pelo que faço, pelo que quero,
pelo que desejo ou detesto, fazer sem querer!
Tudo faço pela paixão;
meu motivo é só coração, meu corpo também,
contesto a razão, de fazer tudo certo.
Dizem que sou bom; mas no fundo,
sei que não presto!
Prestar é apenas um gesto,
às vezes entendido,
outras negativo ou incompreendido,
pode ser escuso, não ser aceito, embora
haja sempre um jeito de ser compreendido,
ou aceito, no mundo onde vivo, o qual
rejeito porque não o conheço!
O que pensem de mim pouco importa, é relativo,
a vida não tem volta, nos coloca sempre contra a porta,
de onde se vislumbra a natureza morta!
Morrer é certeza de vida! Quem aposta?
não que eu queira morrer, assim de costas
como se a vida fosse uma bosta! Não é...É pior!

José Antonio da Silva,
Cabo Frio, 27/10/09.

VI A AUSENCIA

VI A AUSÊNCIA
Ontem vi você,
Não era só você,
Eram todas você.
Eu imaginava; elas dançam,
Esbanjam alegria,
Então eu via toda energia
Que em seus corpos havia
O que não queria,
Porque não era você que eu via,
Apenas via nelas tua energia,
Tua ausência, tua rebeldia,
Enorme falta de você eu sentia
Quando em outro dia ali mesmo
Juntos, cedemos a tentação do encontro,
À margem do risco e do desencontro
Eu vi você em carne e osso,
E o desejo puro cobria teu rosto,
E me deixou roxo de medo e de susto.
Assim fui pensando, a noite passando,
De todas fui me aproximando,
Para esquecer você que ali não estava,
Senão em minha lembrança
Que me acalentava!

José Antonio da silva.
...Uma vez no tempo em algum lugar...!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

DISPARADA

DISPARADA

Vi o tropel da boiada,
estrondoso, em disparada,
com medo da vaqueirada,
montada em seus cavalos,
Tangendo o gado a pauladas!
O tropel era medonho, mais
Parecia o trovão da chuva
Da madrugada, espantando
A peonada com medo da trovoada.
Todos pareciam um só corpo
Num galope alucinado
Cujo barulho das patas
Enchiam o ar de poeira
Anunciando o estouro
Da boiada na carreira.
Carreira de gado é fogo
Ninguém segura o rojão
O gado só pára mesmo
De cansaço ou exaustão.
Depois que isso acontece
A vaqueirama cansada
Dasapea , deita ao chão.
E aí já de noite, o gado
Muge cansado, o vaqueiro
Ali deitado, pita um pouco
O seu cigarro, ouve o
Bacurau cantar,
olhando a lua nascer
Sossegado adormece
Até o amanhecer!

José Antonio da Silva – Cabo Frio – 27/08/2008.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CARNAVAL

CARNAVAL

Festa profana, onde a
carne esquece o espírito.
Esquecido, o espírito se
afasta da carne nefasta,
que expõe sua face putrefata,
à degenerescência moral.
Quase morta, a sociedade
inerte se farta das orgias
Carnais, e outras farsas em
buscas de prazeres enrustidos,
embora naturais, inconfessáveis,
frutos da inconteste fragilidade,
denigre o homem e sua imagem,
fere de morte a dignidade!
Homens bêbados, perambulam
pelas ruas encharcados da
bestial euforia dos drogados.
Perdidos a caminho da orgia,
buscam fêmeas que pululam alucinadas
e se entregam a barbáries e sodomias.
Tudo podem, tudo é consentido,
enquanto a massa ignorante assimila;
faz da festa o templo da verdade,
onde acham que Deus está presente
e faz parte do bacanal decadente,
que aliena, as pessoas e suas mentes!

José Antonio da Silva – Rio de Janeiro-21/02/2009.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

CORPO E ALMA

CORPO E ALMA

Não quero apenas tua carne nua
mas antes te quero toda até a alma,
para ir além do corpo e penetrar na calma
sombra do abstrato para te trazer à tona!
Percorrer as curvas da tua forma humana,
que te substancializa na cama ou no pensamento.
Sentir-te minha é o meu desejo de te fazer para sempre mulher!
E, sempre que quiser te terei por perto para te acolher,
imaginar coisas impossíveis como nunca te perder!
Em cada canto do teu corpo amado buscar uma pouco de prazer!
Sentir teu perfume de jasmim ou cravo e com ternura rejuvenescer,
Resplandecerá em mim e em você a nova aurora do renascimento,
Imaginar que minha vida jamais terminará num anoitecer, mas, na
aurora boreal da nossa existência, pensar que sou eterno, que não vou morrer!
Ao tocar teu corpo de pura ternura buscarei a verdadeira razão de existirmos
um para o outro, sem fronteiras, eiras nem beiras a nos interromper.
Caminho de sonho e de perseverança que a vida me lega sem me consultar,
assim com um presente que resolveu me dá e eu aceitei, agradeci e comecei amar!
Porque quero teu corpo e tua alma? para me completar, e ter certeza que em
outra esfera continuaremos juntos a nos amar, numa mesma história
que jamais terminará!

José Antonio da silva.
Cabo Frio – 20 de outubro de 2009.

sábado, 17 de outubro de 2009

ESTAMOS TODOS VELHOS

ESTAMOS TODOS VELHOS

Estamos todos velhos;
Estamos todos sérios,
Prontos pra morrer,
De tanto que vivemos,
De tanto que sabemos,
Que quase não há tempo,
Pra sobreviver,
Pra continuar nessa luta renhida
Que nos consome a vida,
Que com muito esforço
Foi sempre vivida.
O tempo agora é outro,
Já não há mais lugar,
Tomaram a nossa vez,
Os jovens que vieram de lá,
De onde já estivemos,
No lugar de outros velhos,
De quem tomamos o lugar.
A vida é assim mesmo,
Uma seqüência de mesmices
Que começa cedo, desde a meninice,
Atravessa o tempo, o corpo da gente,
Embaralha a mente e nos faz pensar…

José Antonio da Silva – Cabo Frio – 25/03/2009.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O MUNDO NÃO É APENAS UMA BOLA

O MUNDO NÃO É APENAS UMA BOLA...

Pense em algo complexo, p.ex. no corpo humano. Para quem acha interessante conhecer os mistérios do mundo deve antes de tudo basear-se numa estrutura de sabida complexidade como no caso do exemplo citado. Aqui não cabe a assertiva de que Deus fez o homem a sua semelhança, pois se assim fosse, na realidade teríamos certamente a forma globosa de uma bola. Tamanha é a complexidade do mundo que a partir de agora começo a escrever esta palavra com letra maiúscula, e portanto, considerar o Mundo o próprio Deus. Se Ele não nos fez à sua real semelhança na forma, nos fez em complexidade. Assim como existe
em nosso organismo mecanismo ativo de feed-back capaz de controlar excessos, prováveis causadores de danos ao nosso organismo, existe o feed-back global para controlar os excessos praticados pelos diferentes agentes Seus habitantes, quando estes cometem de forma comprometedora a fisiologia global. Senão vejamos: Como entender o aparecimento da pandemia universal da AIDS há cerca de 30 anos justamente quando a densidade demográfica do globo apresentava os primeiros sinais de hipertrofia? Como entender a ação dos terremotos que dizimam populações inteiras num passe de mágica? E as Tsunamis que matam 300.000 pessoas de uma só vez? – Devemos pensar estes fenômenos apenas do ponto de vista geológico? - Pensar com o senso comum é a tendência, afinal de contas o Mundo não quer que saibamos muito sobre Ele porque isto poderia comprometer algo da sua Onipotência perante Suas criaturas. Mas, o fato é que sendo muito vivo, é capaz de sentir e reagir à ação de Seus agentes pelos diferentes mecanismos de controle que possui. Desta forma promove equilíbrio ecológico à todo momento. Mesmo assim vem correndo sérios risco de desaparecimento sob a gama de ações danosas sobre Suas estruturas. Às vezes nos parece exausto de tanto reagir chegando a ameaçar Sua própria homeostase. Promete o degelo dos pólos, a desidratação dos Seus tecidos para inundar Seus próprios pulmões num grande edema agudo de proporções verdadeiramente autofágicas, a dissolução da camada de ozônio com o conseqüente comprometimento da vida de suas criaturas que não parecem nada interessadas em seguir suas determinações. Devemos pensar então que se o Mundo deu as Suas criaturas a prerrogativa do suicídio é porque Ele também pode praticá-lo de forma radical quando todos seremos vitimados. Suicídio do mundo será sempre coletivo. Cada um de nós vivemos como um órgão do Mundo. Como todo órgão devemos trabalhar em sistema com uma função especifica para um objetivo comum. Aqui seria preservar a vida individual e coletivamente, seguindo Seus desígnios. Assim como o plasma conduz os alimentos às células dos seres vivos animais e a seiva nos vegetais, os mares, rios e oceanos conduzem no Mundo. Estes elementos são órgãos que produzem vida que sustentam vida. Não façamos portanto, com que Ele nos restrinja a vida sendo obrigado a restringir sua própria em função do mal que Lhe fazemos. Pai de todos nós vivemos em Seu seio, crias do seu ventre, somos formados dos Seus Próprios átomos. Pelo seu juízo resgata-nos ao tempo que determina necessário à condição de origem após tentar nos fazer entendê-Lo. Nesse caminho nos permite alguns excessos desde que estes não comprometam a sua autoridade, como também compartilha conosco coisa maravilhosas ou catastróficas. Não duvidemos portanto, da verdadeira sabedoria do Mundo!

José Antonio da Silva.
Cabo Frio – 15/10/2009.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

VALORES PERDIDOS

Onde estão os valores da escola? Onde está o respeito mútuo entre professores e alunos? Cadê a confiança dos pais na escola onde colocam seus filhos para serem educados? E a disciplina que fizeram dela? O que fizeram os pais interferirem de forma tão negativa na educação patrocinada pela escola? Por que de repente acharam que a relação dos professores com os alunos tem que ser a mesma que ocorre entre pais e filhos? Porque a perda de hierarquia entre professores e alunos? Porque esta mistura equivocada? O que esperam hoje da escolas, os pais? Por que os professores não cobram desempenho dos alunos? Por que não se preocupam com o seu aprendizado? Porque quando cobram os pais não aceitam? Por que os professores não apresentam nível técnico de conhecimento necessário ao ensinamento? Por que ganham tão baixos salários? Por que os professores não se reciclam? Por que a escola pública perdeu o seu valor, autonomia e eficácia? Por que a escola particular também perdeu eficácia?
Há meu ver estas são perguntas que não se faziam no meu tempo de estudante. Perguntas que de certa forma, por si só, explicam a ineficácia da escola atual. Responde-las torna-se desnecessário, porque pela sua natureza encerram, em si, um triste diagnóstico que precisa ser corrigido com máxima urgência sob pena de estarmos a formar legiões e mais legiões de ignorantes funcionais em busca do nada, perdidos no tempo e no espaço, brutalmente hostis aos interesses sociais.
Por isso parodiando o poeta eu digo:
“ ai que saudade que tenho,
da minha escola querida,
que os anos não trazem mais.
Quando o professor entrava,
solene me levantava,
dava bom dia e sentava.
Ali, começava o dia. Sentados, com todo respeito, atentos, ouvíamos a sua aula professar. Cheio de sabedoria, podia-se se ver a distancia que nos separava em busca do aprendizado. Era-nos fácil notar que se impunha pelo que sabia. Despertava em nós, alunos, o desejo da igualdade pelo intelecto. Naqueles tempos, quem não desejava ser culto? Sua postura, às vezes nos parecia inatingível. Infundia disciplina, antes de tudo, não se misturava. Tudo com muito respeito. Naquele tempo tínhamos escola. Será que ainda a teremos?

Por José Antonio da Silva. Cabo Frio, 01/08/2008.

sábado, 10 de outubro de 2009

FUMAÇA

É como se seu corpo,
Morresse um pouco
A cada trago
Do prazer nefasto
Do vil cigarro,
Nele desabafa o tédio
De talvez viver
Do nojo, do escarro,
Que a faz tossir
Na tentativa inútil
De si expelir.
Da própria carne,
Do próprio ser,
Do inconsciente desejo
De não existir,
Embora exista,
Mas não pelo querer.
Fumar é assim,
Uma maneira fútil
De assistir, o próprio fim.

José Antonio da Silva – Cabo Frio – 22/11/2008.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

AUTODEGLUTIÇÃO

Deglutir a si mesmo
É deglutir o seu próprio
Desgosto!
É difícil e penoso,
O nó que fica no hipoglosso!
Boca da faringe e do esôfago,
Prestes a descer para o esgoto.
Atravessa o gastro e chega até
O intestino grosso. O esgoto!
Nauseia e faz ficar frio, faz suor,
E molha o rosto.
Pálido e lívido de desgosto.
Angustia o peito, constringe o coração,
Dá sensação iminente de infarto.
Comprime o ente contra a parede
Quando atinge o colo, cólico faz doer,
Surge a inevitável vontade de morrer,
Pelas entranhas constritas do sofrer,
De angustia pela solidão causada,
Da ausência da metade amada
Que por capricho também,
Resolve sofrer!

José Antonio da silva.
Cabo Frio
06/09/09.
SAÚDE SUPLEMENTAR E O MÉDICO –MANIFESTO

É no mínimo bisonha a situação do médico que tem como mercado de trabalho o Sistema de Saúde Suplementar. Nele, trabalha de sol a sol, paga todos os impostos e mais alguns, ganha quase nada, não tem garantias trabalhistas, paga seu próprio plano de saúde e de sua família, passa o tempo todo apoiando lutas pela melhoria da remuneração do seu trabalho pouca coisa consegue a duras penas, fica dependente deste mercado deficiente em termos de recursos materiais, fica a mercê de setor de recursos humanos incompetente para dar conta de uma gestão eficiente por não ter alternativa.
Ao longo do tempo o médico descobre que nem ficar doente pode, salvo raras exceções onde algumas cooperativas pagam um tipo de seguro para em caso de doença segurá-lo por seis meses, custo este que acaba saindo do seu bolso pois todos os planos são mantidos única e exclusivamente do trabalho médico. Para estes casos a doença tem prazo para começar e para terminar, como se isso fosse na prática, possível.
Coitado do pobre que continuar doente depois dos seis meses pré-estabelecidos na apólice do seguro saúde. Depois de vencido, só resta ao moribundo reclamar com o bispo.
Na saúde suplementar os consultórios estão abarrotados de consultas baratas a preço de banana – só para usar a expressão uma vez que banana não é mais um produto barato posto que, até a banana teve sua vez de influenciar os índices inflacionários.
Na saúde suplementar o médico encara jornadas cavalares de trabalho, nos consultórios, hospitais e centros cirúrgicos onde varam madrugadas operando pacientes eletivos com a finalidade de atender sua necessidade orçamentária.
Na saúde suplementar os caciques glosam. Há os que roubam e os que são roubados a luz de explicações que não justificam. Há cumplicidade.
Na saúde suplementar o dinheiro gerado pelo trabalho médico sustenta legiões de empregados, muita vez fruto de empreguismo pelo empreguismo e também de nepotismo.
Na saúde suplementar há os que trabalham e os que se locupletam, há os que levam as claras e os que o fazem por debaixo dos panos. Há os que mentem e ludibriam os seus pares.
Na saúde suplementar há os privilegiados e os desvalidos, aqui incluem-se, as categorias; médicos e usuários. Há descabida intervenção do governo através da ANS, órgão criado para apenas normatizar o famigerado mercado da saúde. Como se saúde fosse mercadoria!
Na saúde suplementar, em nome da democracia a maioria elege e a minoria manda.
Na saúde suplementar 20% absorve 80% dos recursos financeiros gerados pelo trabalho médico enquanto 80% fica com o resto.
Na saúde suplementar há o bizarro desequilíbrio das tabelas entre as especialidades, que pendem sempre em favor do mais fácil.
Na saúde suplementar o trabalho médico se tornou um grande arrecadador de impostos para os governos dos mais diferentes tipos – IR –PIS-INSS-GPS-COFINS-FGTS-ISS- e o resto do alfabeto. Há até bitributação.
Mas, na saúde suplementar não há só isso, há também o lado bom, que infelizmente nunca sobra para o médico, aquele que passa o dia todo sentado atrás da mesa ralando, mas antes para aqueles que são donos de poderosíssimas máquinas de alto alcance tecnológico e modernidades preparadas para faturar, capazes de provocarem a maciça migração das filas do simplório mas eficiente RX para as filas da ressonância magnética, da ultrasonografia, da densintometria tudo em nome qualidade do atendimento mas, na realidade causadoras de déficits memoráveis ao sistema. Convém salientar que neste caso, infelizmente o médico participa com sua parcela de culpa, já que é ele que solicita os exames. Por outro lado há uma margem de pressão e indução – intríseca dentro do sistema que contribui para sua atitude de solicitador de exames complementares sofisticados – infelizmente muitos não sabem quão inócuo se torna p.ex. um exame de ressonância magnética que não tem uma indicação ajustada.
O uso destas máquinas baseia-se mais em critérios mercadológico do que propriamente técnico uma vez que a esmagadora maioria dos exames gerados por elas são negativos, conseqüentes a solicitação inadequada ou má interpretação de quem assina o laudo. E tem mais, se sua utilização obedecesse critérios puramente técnicos, provavelmente seus donos não as pagariam ao fornecedor dado o tamanho de seus custos. Devo dizer que não sou contra as máquinas, mas antes defendo o uso racional- Há colegas que nem sabem para que servem, são apenas donos de um negócio!
Fala-se muito na eficiência destas máquinas quanto à qualidade do atendimento e a segurança do diagnóstico, mas, fala-se pouco ou quase nada sobre o dano financeiro que elas provocam dentro de um sistema de saúde sabidamente deficitário de modo que , quando o caos se estabelece e falta o dinheiro, vem o dirigente e diligentemente propõe o pró-rata nas cooperativas, enquanto os outros planos mandam a glosa indiscriminada escondida em sofisticados softs indecifráveis e de forma insofismável surrupiam na mão grande o trabalho suado do médico que nem um bispo tem para reclamar – aliais se tivesse, este certamente lhe diria – meu filho vá roubar também!
Parece desabafo não é?... Mas infelizmente é a realidade que requer com urgência o re-ordenamento deste sistema assim como seu redimensionamento e por que não – até sua extinção em beneficio da classe médica.
Vamos repensá-lo!...

Por José Antonio da Silva
Cabo Frio – 03/10/2009.

sábado, 3 de outubro de 2009

ACORDEI AS SETE, DUAS VEZES NO MESMO DIA

Acordei as sete, ao primeiro toque do despertador, notei que estava preguiçoso, havia trabalhado além da conta no dia anterior. Mesmo tendo deitado cedo da noite, o sono não me satisfiz, embora tendo sido ininterrupto.
Meu corpo doía um pouco, algumas juntas me pareciam enferrujadas, ao tentar mover o joelho esquerdo, ouvi algo como um rasgo que me fez parar instantaneamente para evitar uma dor maior. Em seguida segurei a perna com as duas mãos, coloquei o calcanhar no chão e fui aos poucos colocando carga progressiva até sentir firmeza e finalmente levantar. Agora sem dor e com tudo no lugar. Coisa de velho, pensei.
Para completar o meu despertar dolorido fiz alguns alongamentos tupiniquins e me dirigi ao banheiro, onde uma ducha bem quente me devolveu a energia suficiente para encarar mais um dia de trabalho junto aos meus pacientes.
Tomei o café da manhã e sai em direção ao mar, fui coleando a bonita orla da praia vagarosamente quando de repente comecei sentir uma enorme leveza me envolver. O mar estava lindo com suas águas azul-marinho ao fundo e verde esmeralda mais à frente. As ondas se derramavam em espuma branca precipitando-se sobre a areia. Pensei nela e senti enorme vontade de beijá-la como forma de dividir aquele momento sutil que só nos surge de vez em quando maravilhosamente. Foi assim, como se seu corpo colasse ao meu, senti seu cheiro, aroma de flores impregnaram meus sensores olfativos e mandaram ao cérebro uma mensagem de paz e tranqüilidade.
Pensei – estou amando novamente, não se sente algo assim sem se ter por trás um sentimento profundo daqueles que mexem com o coração e embotam a razão.
Era uma manhã de muito sol. Os raios passavam pelo vidro do carro e mesmo de óculos escuros me ofuscavam.
Pensei não ir trabalhar, ficar curtindo a leveza do meu ser no meio de toda beleza da praia. Chamá-la para curtirmos juntos, trocando afetos e aproveitando os poucos bons momentos que a vida às vezes nos propiciam.
Achei que se assim fizesse meus pacientes me perdoariam, pois tenho sido bom com eles durante toda minha vida de médico, afinal de contas a medicina sempre foi minha prioridade. Eles, sempre trato com dedicação e isonomia.
Nada se constrói sem paixão, paixão pelo que se faz, paixão como motivação, no bom sentido da elevação do espírito.
Não – não posso ficar, deixar de atender pessoas que esperam ansiosas para ter uma consulta comigo, marcada às vezes com um mês de antecedência. Não poderei frustrar-las, algumas acham até que estão com câncer e dependem de mim para tranqüilizá-las ou não. Como irei justificar minha falta? Perguntas que me faço constantemente e que às vezes me tiram o sossego.
Não costumo ceder a apelos contra meus compromissos, mas naquele dia não teve jeito. Há muito tinha vontade de fazê-lo, assim irresponsavelmente, só pra sair um pouco de tanta rigidez na auto-cobrança.
Aquele dia lindo convidava-me à irreverência tal era sua beleza. Não haveria outro dia,
tinha certeza, seria naquela ocasião ou nunca. Cheguei a duvidar da minha atitude.
Estava decidido, não iria trabalhar e pronto, não hesitei, peguei o telefone e liguei pra ela, mas nunca atendia, comecei a ficar agoniado. Por que será que não atende? Vai perder esta oportunidade? A agonia foi aumentando, aumentando a ponto de me sufocar, de modo que, quando não suportava mais em plena asfixia, o despertador me salvou, ai sim acordei as sete, de verdade. Naquele dia acordei duas vezes!

José Antonio da Silva – Cabo Frio – 09/07/2008.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Estatua Humana

ESTÁTUA HUMANA

Nem sempre uma estátua
É feita de pedra e lama,
Às vezes é de carne humana,
Cuja substância é matéria orgânica,
Embora pra subsistir se camufle
De matéria inorgânica.
Nem sempre é por natureza estática,
Já que pode ser dinâmica,
Ora estática, ora dinâmica,
Ora pedra e lama, ora carne humana.
Assim subsiste pela vida a fora,
Em busca de identidade,
De sua própria realidade,
Vestindo a máscara da insanidade,
Tenta encontrar sua própria verdade,
Mas encontra a indignidade!

Rio de Janeiro – 09/07/09.

Eu e o Tempo

EU E O TEMPO

O tempo brinca comigo,
me preserva,
Nele eu não cresço,
não envelheço, permaneço,
Pequeno, magrinho,
do mesmo jeito,
De sempre, quase no começo,
da vida que mereço,
Dizem–me perplexos,
os que conheço, quase
Velhos, reconheço suas rugas,
Suas dores, suas fugas,
Que não são minhas, não mereço.
O que faço me perguntam,
Porque nunca envelheço,
Sou o mesmo do começo.
O que faço desconheço,
Mas imagino viver pelo avesso!

José Antonio da Silva – Rio de Janeiro – 12/07/2009.

Nem Sempre Encontramos o que buscamos...

NEM SEMPRE ENCONTRAMOS O QUE BUSCAMOS...

Fato comum observado no cotidiano das pessoas é a busca por algo que nunca encontramos. Mesmo que esta busca se dê fora do cotidiano, ou seja em níveis mais complexos, pode ocorrer que aconteça o desencontro. Por outro lado, como é nem sempre; sobra um espaço onde às vezes encontramos o que buscamos. Ora encontramos de caso pensado, ora por acaso, ou seja naqueles momentos em pensamos fazer um giro e acabamos por fazer um jirau. Se não encontramos, pagamos o preço de viver com nossa frustração, por outro lado, se encontrarmos poderemos ter encontrado o dilema de nossas vidas. P.ex., não é fácil depararmo-nos com um dilema extemporaneamente. Muita vez, ficamos sem saber se encontramos a felicidade ou a infelicidade, se devemos conviver com o encontro ou permanecer como antes quando quando ainda não tinhamos o dilema. Nestes casos, a toda hora sentimos a angústia da incerteza, nos postamos diante do fantasma do certo e do errado, tudo porque não conhecemos o limite entre estes valores, embora inexplicavelmente eles nos façam perder preciosas horas de sono sob o manto escuro e assustador de noites insones recheadas de medo e de solidão. Pensamos mil coisas, desde viver a felicidade ou morrer de saudade de uma paixão escondida no verdadeiro dilema da moral humana, mesmo que a moral seja sempre movida pela conveniência do momento. Só nos resta nessas horas a rendição a questionáveis conceitos morais sabidamente colocados dentro das nossas cabeças, para servir ao todo, também questionável, conjunto da sociedade. Então perdemos nossa identidade, nossa personalidade, reprimimos os nossos impulsos instintivos e naturais para darmos lugar a racionalidade dos interesses coletivos. Cai o peso do mundo sobre os nossos ombros como se fosse a cruz que Cristo carregou sobre os Seus pelas mesmas razões, ou seja o preço que paga o homem por exteriorizar a sua crença. Seguimos capengando, ora vivendo, ora morrendo, um passo para frente e outro para trás, sentindo a firmeza de nossas escolhas ao mesmo tempo em detestamos o que fazemos pela fraqueza de nossas convicções. Mas, são poucas as possibilidades do encontro, principalmente quando é extemporâneo. Algo extemporâneo mobiliza a ignorância dos contemporâneos exacerbando nestes, valores retrógrados. Pessoas estranhas ao fato se motivam e de forma inexplicável assumem sua inclusão, em nome do que nem sabem, apenas porque vislumbram a possibilidade de prestar um serviço a referência moral, mesmo quando carregam em suas carapuças o peso da imoralidade de que já foram autoras. Observamos que tal fato decorre da experiência coletiva acumulada pelas mentes humanas ao longo da existência. Experiência de massa insane, ignorante e de senso comum. Observamos que há um sábio em cada ignorante, mas que de nada sabe, dos que não enxergam um palmo diante do nariz. São pessoas que pisam, deglutem umas as outras num ato verdadeiramente antropofágico. Inconscientes de suas atitudes entram em orgia e atingem o orgasmo da maldade por não conhecerem a si próprias. Não sabem o que fazem nem o que dizem, apenas fazem e dizem. Ainda são as mesmas que motivaram Cristo do alto de Sua sabedoria pedir ao Seu Pai que as perdoassem por não saberem o que fazem, emboram sejam as mesmas que O sacrificariam novamente. Aliás consta das sagradas escrituras que Cristo retornará, fato que nos deve preocupar e pelo que devemos rogar-Lhe encarecidamente que não volte. Muito menos se for para salvar a humanidade, que na sua história é apenas a reencarnação de Judas Escariotes! Judas é pouco, na realidade a humanidade é tudo de ruim, tanto que encontra sua remissão através dos atos de alguns bons. Pensamos que o mau caráter das pessoas complica o ato do encontro. Seres humanos que preferem reprimir seus desejos naturais a aprender administrá-los em busca de uma convivência mais legítima do ponto de vistas de nossas características biológicas. É fato que a vontade social reprime a vontade natural. Isto é determinante para controlar a dinâmica da sociedade do ponto de vista das relações humanas, para os que acham que o homem solitariamente não controla seu próprios impulsos. Não sabemos bem se a vontade social ou a necessidade social da convivência harmônica, mas o fato é que este estado de coisas é prejudicial ao encontro. Sabemos que o encontro pode ser de interesse social, ou natural, sendo este último o motivo da contenda. Visto por este ângulo observamos um grande impacto negativo da influência das pessoas sobre o encontro do algo que buscamos. Interferência sempre nefasta, sempre influenciada pelos tabus e preconceitos plantados pela ignorância sobre nossas cabeças. Por gerações e gerações, as atitudes se equivalem enquanto desafiam o tempo. Muda de época, de estilo, de lugar, mas sempre com efeito semelhante. A sociedade tem sempre um ego hipertrófico que não reconhece o ego de seus componentes. Nem tão pouco as necessidades. Afinal que mal lhe faz um encontro restrito a um interesse individual, constrito em um sentimento de paixão ou de amor pelo seu próximo? O que pensar da sabedoria contida no: “ Amai-vos uns aos outros como eu vós amo...”? Como amar sem o encontro?. Sentimos que a finalidade da busca é o encontro. Por isso apostamos no encontro. É depois dele que verdadeiramente as coisas acontecem. Nada acontece antes do encontro, mesmo se o encontro se dá entre o abstrato e concreto. O encontro se dá quando um motiva o outro. O verdadeiro encontro se dá no nível abstrato nunca no concreto, porque o concreto caracteriza apenas a aparência, é portanto, incapaz de mostrar o significado. A relação começa no encontro, o contrário nunca acontece, por isso nem sempre encontramos o que buscamos.

Por José Antonio da Silva – Cabo Frio, em um momento de reflexão, em algum lugar no tempo.

Unicidade da Origem

UNICIDADE DA ORIGEM

Na ânsia de compreender
A unicidade da origem,
De todas as coisas palpáveis
E concretas, desde a complexidade
Dos tecidos até a forma física da matéria,
Me perdi nos meandros da metafísica,
Para me achar na clareza do abstrato.
Misterioso e complexo substrato,
Dos que pensam as mentes inquietas
Que tentam entender o que não sabem.
Mergulhei no mundo dos incertos contatos
Em busca de um elo mais claro, de ligação,
Entre a forma física e a visão, do que
Vejo em terceira dimensão, sobre a face
Da terra, ou da imaginação dos homens
Que pensam ser o cosmo fruto da criação,
De apenas um Deus, cuja ação, sublima
Toda força e ambição dos mortais que buscam
explicar, mesmo sem saber,
a origem metafísica do ser.

José Antonio da Silva – Cabo Frio, 14/08/2009.
(Como explicar a diversidade tecidual dos humanos,
A partir de uma única célula – O ovo?.Mas...)

A R R O I Z A L

Lembro-me do arroizal
Do meu tempo de menino
No sitio do meu avô.
Capinzal esverdeado
Ondulado pelo vento do,
Crepúsculo, cor de cobre
Daquelas tardes saudosas
Prenuncio do anoitecer.
A revoada de pássaros
Em busca do que comer
Ameaçava o arroz
Ainda no berço a crescer
Com o seu grãozinho leitoso
Antes de endurecer, comida
Apreciada, de bom gosto,
De prazer pra passarada
Faminta , em busca do que comer
Minha missão era nobre
O arroizal proteger, pra
Passarada faminta
O bom arroz não comer.
Pássaros de todos os tipos
De anuns a bem-te-vis
Coleras e sabiás,
Rolinhas e juritis.
Tudo eu mandava voar
Disfarçado de espantalho
Pra outras terras distantes
Depois do rio, dos montes
Por detrás do belo horizonte.
Pro arroizal proteger
Daquelas aves famintas
Ficava ali de tocaia
Até a noite cair e sair
Devagarzinho assobiando
Entre os matos, imaginando
O momento de me deitar
E dormir.

José Antonio da Silva – Cabo Frio – 18/06/2008.